2009 setembro at Blog Ayrton Marcondes

Arquivo para setembro, 2009

A ousadia nos negócios

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Assisti a uma palestra sobre negócios, marketing etc. O palestrante começou exibindo o conteúdo de palestra realizada por ele há cinco anos. Mostrou as previsões que fez naquela época e o que aconteceu m relação a elas. Só depois se situou no presente e passou a falar sobre as suas expectativas quanto ao futuro.

O principal assunto relacionava-se com o destino de grandes empresas e corporações. Discutiram-se os resultados que elas obtiveram nos últimos anos de acordo com suas apostas numa ou noutra linha de atividades.

Empresas importantes que não apostaram ou não previram a necessidade de diversificação deram-se mal. Exemplo desse fato é o que aconteceu com a Kodac, maior fabricante de filmes fotográficos, que praticamente ignorou o advento das câmeras fotográficas digitais. No pólo oposto situa-se a Montblanc que intensificou a sua produção, até então só de canetas, e hoje é mais conhecida por outros produtos.

Interessante a forma como o palestrante busca incutir na platéia a noção de atenção permanente ao mercado e a necessidade de mudanças. Todo imobilismo é condenável.  Sendo assim, desconsideram-se as limitações individuais e profissionais de pequenos empresários cujas possibilidades comerciais são reduzidas. A partir daí é como se pairasse sobre o público presente a culpa pelo não crescimento dos seus negócios, atribuindo-se possíveis falhas à surdez em relação às obviedades recomendadas pelo palestrante especialista.

O homem que profere palestras dessa natureza é bem sucedido ou passa por sê-lo. Em seu rosto parece estar desenhado um “V” de vitória, expressão facial de alegria incontida pelo sucesso alcançado no mundo dos negócios.

Quando a palestra termina as pessoas são devolvidas às suas realidades. Montanhas de impedimentos e impossibilidades pesam sobre a iniciativa e ousadia que lhes foi cobrada.

Serão necessários um dia ou dois para que as palavras do palestrante sejam quase esquecidas.  Poucas sugestões terão alguma aplicação prática de modo que a palestra terá mais servido a um exame dos erros que à recomendada necessidade de mudar.

Não que as palestras dessa natureza não devam ser realizadas e sejam inúteis. O problema é que críticas, recomendações feitas a distância e comparações com as atividades de grandes corporações dificilmente se aplicam ao dia-a-dia de pequenos empresários.

Escrito por Ayrton Marcondes

11 setembro, 2009 às 12:31 am

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Dia de cão

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Há cenas que começam com uma tomada de rua e continuam com o progressivo deslocamento da câmera para o alto. Tem-se, assim, a impressão de afastamento da realidade iniciada com a visão dos prédios, depois da cidade inteira e finalmente da própria Terra observada do espaço.

Tenho a impressão de que cenas como a descrita acima visam demonstrar a pequenez da existência individual quando confrontada com as imensidões planetárias. Lembrei-me disso terça-feira, em São Paulo, quando a cidade foi assolada por repetidos temporais. A submissão da ordem natural das coisas a forças extraordinárias, manifestas pelos efeitos catastróficos provocados pelas chuvas, colide com os interesses pessoais, fazendo-nos passivos de situações sobre as quais não temos qualquer controle.

Ruas cheias de água e trânsito parado sem qualquer previsão de escoamento conferem ao cidadão que circula dentro de seu carro uma profunda sensação de inércia, quando não de puro desespero. Mas, isso não é o pior: inundações, desabamentos, queda de árvores e mortes compõem um quadro agressivo de impotência contra as forças da natureza. Daí que nos choca o contraste entre as conquistas alcançadas no campo da tecnologia e a impossibilidade de aplicá-las num momento em que até mesmo os telefones de emergência deixam de funcionar.

Mas, como será a imagem do caos vista a grandes distâncias? Como teríamos aparecido no dia de ontem a um observador que utilizasse um grande telescópio, capaz de observar a cidade diretamente do espaço? Não tenho dúvidas de que toda a agitação teria passado despercebida a ele. Talvez um olhar ocasional, através de lentes que garantissem grandes aproximações, permitisse ao observador diferenciar pessoas sem nome, envolvidas em situações curiosas, mas que causariam a ele indiferença. Isso quer dizer que o meu problema, o seu problema, os nossos problemas circunstanciais, vividos tão intensamente, simplesmente desaparecem ou deixam de merecer atenção quando vistos de tão longe.

Pois foi assim que me pareceram as notícias sobre tragédias acontecidas na terça-feira, não só em São Paulo como em outras cidades. Aqui uma casa destelhada, ali alguns carros submersos, mais à frente bombeiros e moradores de casas próximas cavando em busca dos corpos de meninos soterrados após um desabamento.

Aconteceu enquanto eu tomava o café da manhã. No noticiário da televisão uma moça falava sobre a previsão do tempo e mostrava os estragos da chuva. No Paraná um desabrigado referia-se à força do vento que destelhara a sua casa; em Santa Catarina um repórter noticiava a morte de quatro pessoas em conseqüência do vendaval.

Não interrompi o meu café. Fatalidades acontecem, o que fazer? Só algum tempo depois comecei a me sentir como o tal sujeito do telescópio que observa o mundo de longe, vendo tudo com indiferença ou fingindo que aquilo não é com ele. Então me senti mal, muito mal.

O Solista

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Joe Wright, o diretor de “O Solista” (The Soloist) apoiou-se na música de Beethoven para conferir grandeza à loucura de Nathanael Ayers, interpretado por Jamie Foxx. As lindas cenas aéreas da cidade de Los Angeles são exibidas ao ritmo das músicas do compositor alemão.

Não é a primeira vez que o cinema utiliza como ingredientes a genialidade musical e a loucura, compondo personagens que nos transferem uma tremenda sensação de desperdício de talento. É como se Deus ensinasse a um homem como voar para logo depois cortar as suas asas, deixando-o incompleto e perdido num labirinto mental do qual jamais poderá sair.

E é bem isso o que acontece a Ayers, talentoso jovem músico que chega a frequentar a prestigiosa escola de Juilliard, de Nova York, mas que não completa o curso porque é esquizofrênico. A partir daí Ayers passa a viver nas ruas, entre mendigos, eventualmente tocando violino e violoncelo.

Robert Downey Jr. interpreta o colunista Steve Lopez, do jornal Los Angeles Times, que casualmente encontra-se com Ayers e vê nele a chance de publicar boas matérias.  É Steve Lopez quem narra a história do seu relacionamento com Ayers. Ao narrador em primeira pessoa compete conduzir o espectador na investigação do passado de Ayers recompondo o mundo da sua infância e o longo processo que culmina no aparecimento da esquizofrenia.  Para isso, Lopez segue Ayers interessando-se cada vez mais por ele. Entre os dois estabelece-se a forma de relação possível entre um jornalista em busca de assunto e um esquizofrênico nem sempre conectado à realidade.

O grande erro de Lopez reside nas suas infrutíferas tentativas de “normalizar” Ayers como se ao amigo esquizofrênico pudesse ser devolvida a razão. Ayers se liga afetivamente a Lopez, mas não pode satisfazer às expectativas do novo amigo que o quer morando num quarto limpo e estudando música: os velhos fantasmas que habitam a consciência de Ayers continuam ativos pronunciando-se repetidamente nos momentos mais estressantes. Essa a razão pela qual fracassa um recital de Ayers para um público seleto que se reúne para vê-lo: Ayers entra no palco, mas é impedido pelas mesmas vozes que o atormentaram no passado, levando-o a um comportamento colérico e violento que encerra a apresentação mesmo antes de seu início.

Ayers não pode ser curado. A Lopez resta o meio termo entre ajudar o músico e aproveitar-se dele para se promover em sua profissão.

Há quem tenha achado “O Solista” um filme maravilhoso. De fato, há beleza e sensibilidade na trama conduzida por Joe Wright. É emocionante a  cena em que Lopez dá a Ayers um violoncelo e ele começa a tocar uma música de Beethoven, debaixo de um viaduto e concorrendo com a ruído dos carros que passam. São também interessantes os recursos narrativos utilizados por Wright que desliza da narração em primeira pessoa de Lopez para situações do passado de Ayers, exibidas em flash back.

Entretanto, há no filme algo que não convence, algo de superfície que não chega a se interiorizar. Se Donwney Jr. está bem como Lopez o mesmo não se pode dizer de Foxx como Ayers. A atuação de Foxx é tecnicamente perfeita, irrepreensível, porém com alguns altos e baixos no tocante ao seu envolvimento com a personagem que interpreta. Foxx talvez não seja um ator de primeira escolha para interpretar um esquizofrênico e isso diz tudo.

“O Solista” leva o espectador, em muitos momentos, a achar que assiste a um grande filme. Entretanto, essa impressão se desvanece principalmente quando o diretor se empenha em “situar” Ayers dentro do mundo sórdido das ruas cheias de mendigos ou no abrigo onde vivem deficientes mentais. A tentativa de impactar o espectador com uma realidade à qual não está habituado e o contraste entre a sensibilidade e a sordidez dos meios frequentados  por Ayers não fogem aos clichês comumente utilizados em obras do gênero.

Ayers e Lopez são personagens reais que Wright levou para a tela, talvez exagerando em sua tentativa de reprodução da realidade. Nem sempre o mundo real e a própria realidade se afinam por inteiro com a sétima arte, exigindo dos diretores de filmes algum esforço extra de imaginação para que fatos cotidianos não contaminem demais o aspecto ficcional do cinema.

Os caminhos da moda

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Sempre desconfiei que os mais ousados modelos apresentados nos desfiles de moda nunca fossem usados por ninguém. Existem roupas realmente incríveis, delírios de costureiros, designers e artistas de toda ordem que realmente viajam em outras latitudes de onde trazem para o mundo criações exuberantes e nem sempre práticas.

Foi um amigo versado em moda que certa vez me explicou que os desfiles anuais promovidos pelas grifes funcionam como gatilhos para o desencadeamento de toda uma rede produtiva que termina na confecção de roupas em massa para o grande público. É desse modo que as pessoas são envolvidas pelo mundo fashion e correm atrás dos mais recentes Louis Vuitton, Dona Karan e outras marcas. Corrida essa, aliás, que termina no baixo mundo da moda onde se vendem as nem sempre bem acabadas cópias falsificadas de produtos de todas as marcas “made in China”. Quem dúvida que faça uma visita às barraquinhas e lojas de importados nas agitadas ruas de comércio de cidades como São Paulo e Nova York. Chinatown é o lugar, acreditem.

Em matéria de moda nunca consegui me desligar dos anos 20. Embora hoje ultrapassados os antigos modelos de Coco Chanel parecem garantir um porto seguro quando desconfiamos que algo não está bem ou fora de lugar. Há nos traços e cortes de Chanel uma segurança de bíblia do gênero à qual recorro sempre que me sinto inseguro e incapaz de emitir opinião.

A moda se transforma, mas o estilo permanece - dizia Chanel. Note-se que ela começou a produzir seus modelos numa época em que o mote de Serguei Diaghilev, o genial diretor dos Ballets Russes, era simplesmente a palavra “surpreenda-me”. Época dos pintores Salvador Dali e Pablo Picasso, do escritor Jean Cocteau, do fotógrafo Man Ray e de tantos outros personagens com os quais Chanel se relacionou.

Mas, a ousadia na moda parece não ter limites. Uma rápida olhada nas páginas de revistas de moda pode se converter num exercício de avaliação sobre os rumos da imaginação quando se trata de impactar o público. Os apelos são muitos e, mais que nunca, a fotografia alia-se à alta costura para que as roupas vestidas por belas modelos sejam mostradas em ambientes capazes de despertar reações subliminares nas pessoas que as observam.  Exemplificam a afirmação anterior fotos que mostram modelos em ambientes exóticos os quais conferem às vestimentas aspecto de extraordinário. A intenção óbvia é a de despertar a sensação de estar acima do normal. Referenda-se a possibilidade de se destacar e isso ao alcance do consumidor que tem ao seu dispor a possibilidade de realização da sua fantasia.

Mas a coisa não pára no universo da propaganda que faz de tudo para atrair consumidores. A moda do momento recomenda excentricidade e abuso da criatividade surrealista. Eis aí, portanto, a palavra mágica, que nos devolve ao grande pintor surrealista Salvador Dali. Pois não é que Isaac Mizrahi acaba de produzir um chapéu-bolsa inspirado no chapéu-sapato que foi desenhado por Schiaparelli, em 1937, para Gala, a mulher de Dali? E que dizer do vestido e do blazer que trazem reproduções das mãos desenhadas por Jean Cocteau? E do relógio da Cartier cujo modelo é retirado da famosa tela “A persistência da memória”, desenhada em 1931, por Salvador Dali?

A imaginação é o limite quando se trata de moda. Ditando normas para as aparências e alimentando paixões a indústria da moda está à cata de novas perspectivas estéticas que encantem o público consumidor. Nessa busca constante não é rara a reciclagem de antigas novidades. É quando pós-moderno sucumbe ao moderno e antigas tendências se mostram insuperáveis.

Os machões não choram

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Danusa Leão escreve na revista “Cláudia” de setembro que as mulheres não choram porque os homens querem que elas sejam como eles. Segundo Danusa, homens costumam ter pavor de mulheres que se comportam como mulheres. Daí que elas seguram, tentam disfarçar etc. Entretanto, o choro é essencial e mulher não esquece o homem que a consola e permite a ela ser mulher como antigamente.

A cronista não diz, mas o que está por detrás de seu texto é a falta de sensibilidade dos homens à dor feminina. É a insensibilidade masculina que as reprime. Arraigado em suas convicções sobre o modo de ser da masculinidade, o homem assume o lado rude de sua personalidade como profissão de fé da condição que a ele é reservada pela sociedade. A partir daí são raras as aberturas porque ao macho nem sempre convém franquear o seu lado sensível sob pena de condenação social.

O diabo é que o comportamento estereotipado da macheza funciona como padrão hereditário, ainda que sem genes que o condicionem. De pai para filho vigora um legado milenar de atitudes como essa de prejulgar a padronização dos sentimentos da mulher. Afinal,  para os homens as mulheres são como são, não? Sensíveis, frágeis, capazes de se invocar com detalhes de somenos, passíveis de inexplicáveis variações de humor, vítimas de descontroles hormonais que afetam as suas reações, seres capazes de chorar por um nada… Se fizessem uma enquete sobre o modo de ser das mulheres creio que às características aí apontadas muitas outras se somariam, compondo um perfil genérico da categoria segundo o olhar masculino.

Admitindo-se tudo isso resta dizer que, entretanto, a cronista exagera ao atribuir unicamente aos homens as mudanças do modo de ser feminino tais como essa da contenção do choro. Há que se lembrar que o movimento feminista justamente insurgiu-se contra a dominação do homem e, pragmaticamente ou não, estabeleceu a igualdade entre os sexos. Embora na prática a igualdade ainda não tenha sido conseguida integralmente – os salários inferiores pagos a mulheres que desempenham a mesma função que homens provam isso – o fato é que as mulheres libertaram-se de muitos estigmas. Afinal, vivemos num tempo de produção independente de filhos, isso para ficar num só exemplo.

O homem é culpado, sim, pelas lágrimas tolhidas das mulheres e isso se acentua nos níveis culturais inferiores nos quais a rudeza é a regra do jogo. Mas, o homem não é o único responsável, repita-se. Além do mais, já é mais que hora de desmistificar essa história de que homens não choram. Talvez fosse mais acertado acrescentar que não choram… em público.

Pois conheci e conheço grandes chorões. Homens que choram ao assistir a tramas românticas banais, que se desfazem em rios de lágrimas nos últimos capítulos de novelas, que se torturam em madrugadas inteiras, inundando travesseiros porque foram traídos pela mulher amada.

Pois conheci e conheço homens que dividem os seus oceanos de lágrimas com suas mulheres, uns nos ombros dos outros.

O homem aprende desde cedo que não deve expor a sua sensibilidade, ainda mais pelo fato de que isso nem sempre é bem visto pelas mulheres. Mulher não gosta de homem chorão, daí poder-se afirmar que, na verdade, essa coisa de contenção de lágrimas é via de mão dupla entre os sexos.

Fica explicado, portanto, porque os machões não andam chorando por aí.

Dirão que esse texto é absurdo por tratar-se da visão de um homem. Não faz mal, não faz não.

Grandes Jogos: Seleção Brasileira X Seleção de São Paulo, 1977

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16 de junho de 1977. O clima no futebol brasileiro não era dos melhores. As diferenças de opinião apaixonavam as multidões. Desnecessário dizer que, como sempre, a torcida tinha o seu quinhão de razão. O futebol tem desses mistérios: há um momento em que, de repente, surge um consenso, algo gerado pela visão coletiva e que é sempre acompanhado pela surdez dos dirigentes. Todo mundo vê, todo mundo sabe, o óbvio ululante de que nos falou Nelson Rodrigues instala-se. Então, dois ou três homens que detêm nas mãos o poder de mudar as coisas discordam. E dá no que dá, no choro das multidões, nas discussões acaloradas, nas bebedeiras infernais que podem terminar até em morte.

Aquele inverno de 77 não foi um inverno feliz. Estávamos no coração da ditadura. O Almirante Heleno Nunes comandava a CBD.  Perdêramos a Copa de 1974 e os princípios de individualidade e criatividade, nossas históricas características, eram condenados.  O fabuloso futebol de equipe da Holanda que nos derrotara na famosa Batalha de Dortmund abalara as crenças na individualidade.

Foi desse limbo que emergiu Cláudio Coutinho. Homem moldado sob a rigidez militar, preparador físico bem sucedido e afinado com o método de Cooper, foi chamado para comandar a seleção nacional. Entronizado como técnico fez-se doutrinador de uma teoria de futebol coletivo, posicionamentos não rígidos etc. Coutinho foi mais longe: criou terminologia própria para esquemas de jogadas. Foi assim que termos como “overlapping” e “ponto futuro”, hoje felizmente sepultados, foram incorporados à história do futebol brasileiro.

Coutinho convocou para a futura Copa de 78 jogadores que mais se adequassem, segundo a sua opinião, ao futebol coletivo. Por essa razão, por exemplo, preferiu a garra de Chicão ao grande futebol de Falcão, na época o melhor armador do futebol brasileiro.  Obviamente, as opiniões de Coutinho não coincidiam com as da maioria da torcida brasileira que era contrária aos seus métodos.

Foi dentro desse clima que se realizou o jogo entre a seleção brasileira e a seleção paulista. Era uma quinta-feira e um público de quase 103 mil pessoas compareceu ao Morumbi para torcer pela seleção paulista. Todo o inconformismo da torcida paulista com Coutinho se traduzia na necessidade de derrotar a seleção brasileira. Tratava-se de guerra entre irmãos, porém necessária. Aliás, desde o começo do jogo o grande público rendeu homenagens a Cláudio Coutinho: mais de 100 mil pessoas repetiam em uníssono aquele um, dois, três, mil, queremos que o Coutinho vá para….

E foi um jogo e tanto. A seleção nacional começou o jogo com a seguinte escalação: Leão, Zé Maria, Luis Pereira, Amaral e Rodrigues Neto; Toninho Cerezo, Zico e Rivelino; Zé Mario, Roberto Dinamite e Paulo Cesar. Os paulistas tinham: Valdir Peres, Gilberto, Beto Fuscão, Zé Eduardo e Claúdio Mineiro; Badeco, Ademir da Guia e Palhinha; Vaguinho, Enéas e Zé Sérgio.

A partida foi eletrizante desde o primeiro minuto. Os paulistas seguraram bem a seleção nacional no primeiro tempo que terminou empatado em 0 a 0. A linha de São Paulo era leve e terrível, atuando com dois pontas avançados (justamente o oposto daquilo em que acreditava Coutinho) e tinha no meio o fenomenal Enéas. Infelizmente para os paulistas do outro lado havia Luis Pereira, um dos maiores centrais da história do nosso futebol. Pereira tirava tudo, toda a trama dos dois pontas com Enéas terminava em seus pés ou nos seus cortes pelo alto.

Por outro lado, a seleção brasileira contava com jogadores excepcionais. Rivelino, Zico e Cerezo compunham um meio de campo de dar inveja a qualquer equipe em qualquer época. Daí que o jogo foi uma sequência de lá e cá, realmente emocionante.

No segundo tempo foram realizadas substituições nos dois times. Entre elas impressionou muito a troca de Zico por Paulo Isidoro. Era de se ver Isidoro, então craque do Atlético Mineiro, cruzando a linha média paulista, correndo de um lado para outro com a bola, infernizando a defesa contrária.

A seleção nacional emudeceu o Morumbi logo no início do segundo tempo com um gol de Paulo Cesar. Mas os paulistas se recuperaram através de um pênalti convertido por Cláudio Mineiro.

O jogo terminou empatado em um gol para cada lado. No final houve um escanteio para os paulistas. Zé Sérgio cobrou maravilhosamente, mas Luis Pereira, sempre ele, tirou de cabeça e desfez o sonho de vitória dos torcedores locais.

Na saída do Morumbi o público mostrava-se conformado. Se as teorias de Coutinho não serviam, os valores individuais continuavam dando consistência à seleção nacional. Seria assim durante a Copa de 78 na Argentina. Mas isso já é outra história.

Keep Walking

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É bom avisar logo: há quem goste. Mas, nem todos.

Então: você tem um amigo no trabalho, o cara é sangue bom, estreitam-se os laços. Você não conhece a mulher dele, nem ele a sua. Chega o dia em que ele convida você e sua mulher para a casa dele, bate-papo de sábado à noite.

Vocês vão. Como eles serão? No trajeto a conversa entre você e sua mulher gira em torno de coisas corriqueiras, os filhos que ficaram com a avó e, vez por outra, uma ponta de curiosidade sobre o casal que visitarão.

Você estaciona o carro, está sóbrio, meio cansado da semana estafante, na verdade resolveu visitar o amigo mais para que a sua mulher saísse um pouco de casa. No elevador vocês não dizem nada, descem no sétimo andar, apertam a campainha do 716 e lá está o seu amigo, abrindo a porta, com um sorriso enorme grudado na face. Atrás dele a mulher, uma loirinha simpática que sorri confiante e logo abraça a sua mulher para que ela se sinta em casa.

Os quatro estão sentados na sala esperando pintar um assunto, na falta de algum você fala algo sobre o serviço. Não demora a que as duas mulheres se levantem para ir à cozinha enquanto você e o seu amigo conversam.

Minutos depois as duas retornam trazendo bandejas com salgadinhos e é a vez do seu amigo se levantar perguntando o que você quer beber, ele tem Johnny Walker, é bom tomar agora porque hoje mesmo chegou uma notícia da Escócia avisando que a fábrica desse uísque vai ser fechada.

O seu amigo entra na cozinha para pegar copos e gelo enquanto você sai do sofá e vai até a janela para dar uma olhada no bairro. Enquanto espera pelo uísque vê carros passando na rua e observa as janelas dos outros prédios com as luzes acesas. Tem gente lá dentro, para além janelas, gente como nós, pessoas que se visitam num sábado à noite para preencher o tempo procurando identidades, talvez amizades duradouras. Você está filosofando sobre esse fato quando ouve o barulho do gelo batendo nos copos, é o seu amigo que volta com o mesmo sorriso de antes, repetindo que é bom aproveitar porque a fábrica do Johnny Walker está para fechar.

Agora estão todos sentados novamente, as mulheres tomam cerveja preta, vocês Johnny Walker. A bebida solta as línguas, em pouco a conversa esquenta. De repente o seu amigo fica em pé, faz cara de sério e avisa que vai contar uma piada. Antes que ele conte, a loirinha diz que o marido é um ótimo contador de piadas.

- É bom que vocês se preparem, acrescenta.

Então o seu amigo diz que a piada é nova e você repara que a mulher dele já está rindo mesmo antes dele começar.

A piada é de português, o rapaz conta com detalhes imitando o jeito de falar dos portugueses. Você acha a piada meio sem graça, mas ri por obrigação enquanto a loirinha se escangalha de tanto rir. A sua mulher também ri, mas não muito, ela é meio fechada mesmo e você conclui que para o jeito dela a quantidade de riso foi até razoável.

Com tantas risadas a alegria se instala e o seu amigo fica animado iniciando-se uma longa sessão de piadas. A partir da quarta ou quinta piada você começa a achar a coisa toda meio insuportável, mas continua rindo com jeito meio desengonçado. Na décima você descobre um jeito de parar a sessão, levantando-se para ir ao banheiro.

Você se olha no espelho e pergunta-se sobre o que está fazendo ali numa noite de sábado. Depois lava a cara com água fria e pondera que talvez a sua mulher tenha razão, você é um grande chato, não se afina com ninguém, se depender de você fica-se sempre em casa, vendo filmes no DVD ou partidas de futebol.

Quando sai do banheiro lá está o seu colega de trabalho - você já não pensa nele como amigo -com a garrafa de uísque na mão, repetindo que é bom tomar agora porque a fábrica do Johnny Walker vai fechar na Escócia, houve até uma passeata dos escoceses protestando contra o fechamento.

Você decide tomar mais, afinal a bebida pode ajudar numa situação dessas. É quando percebe que as duas mulheres já começam a se entender melhor, estão falando baixinho, mulheres são assim, não tem jeito. Elas conversam animadamente, agora o colega da empresa acaba de colocar um CD de uma dupla sertaneja para tocar e a loirinha grita que ama essa música, perguntando se vocês também gostam.

A coisa está nesse pé quando a loirinha tem a idéia genial de convidar todos para uma partida de buraco. Você tenta protestar, vai dizer que está na hora de ir embora, mas é tarde, os três já decidiram, você está sozinho, a sua mulher acaba de passar para o lado deles.

O passo seguinte é uma interminável sequência de partidas de buraco, vez ou outra você e sua mulher batem, mas os donos da casa são bons e vão ganhando com os pontos que são marcados num caderninho. A certa altura a sua mulher diz que eles estão ganhando porque jogam no campo deles, quando forem lá na casa de vocês para pagar a visita o resultado será diferente. Imediatamente você decide se livrar de todo e qualquer baralho que tiver em casa, fará isso logo que chegar para não correr o risco de se esquecer.

Lá pelas três da madrugada você convida pela décima vez a sua mulher para ir embora e ela jura que agora será a última partida. Quando termina, a loirinha já está se preparando para embaralhar, mas você se levanta, Seguem-se vários ohs e apelos para mais uma última: não adianta porque você precisa dormir, está se despedindo.

Antes de você sair o seu colega convida para um último gole de uísque porque a fábrica do Johnny Walker vai fechar e é preciso aproveitar. Você agradece, puxa a sua mulher pelo braço e se despede.

Você está no elevador quando a sua mulher olha para você e diz, demonstrando um pouco de pena:

- A gente podia ter ficado mais. Você é mesmo um chato, não se afina com ninguém.

Você não responde. No caminho, voltando para casa, você apenas consegue sorrir, repetindo para si mesmo:

- Keep walking.

Escrito por Ayrton Marcondes

5 setembro, 2009 às 9:01 am

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A origem do mundo

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Acredita-se que o universo, tal como é conhecido, tenha se originado há cerca de 15 ou mais bilhões de anos a partir de uma formidável explosão que os cientistas costumam chamar de Big Bang. Já o nosso sistema solar possivelmente formou-se a partir de uma grande nuvem de poeira cósmica. Girando e condensando-se a nuvem deu origem ao Sol e aos planetas, entre eles essa maravilhosa Terra que a todo custo intentamos destruir.

O enigma da origem do mundo e do aparecimento da vida apaixonou os homens desde a mais remota antiguidade. Hoje se sabe que a vida surgiu nos oceanos há aproximadamente quatro bilhões de anos. Os primeiros seres vivos não passavam de células originadas pelas reações entre pequenas moléculas que, progressivamente, ganharam complexidade.

Se os parágrafos anteriores resumem estudos e descobertas de cientistas o mesmo não se pode dizer sobre outras interpretações sobre a origem do mundo. Visões particulares de filósofos e artistas conferem outras dimensões a respeito de fatos sobre os quais os cientistas se debruçaram ao longo de séculos.

Nesse sentido é muito interessante a interpretação de Gustave Courbet (1819-1877) sobre a origem do mundo no quadro homônimo que desenhou. Coubert foi um pintor francês realista cujas telas são produto da observação direta. Considerado anarquista era amigo do filósofo anarquista Proudhon, do poeta Charles Baudelaire e do caricaturista Daumier. É de Pedro José Proudhon(1809-1865) a célebre frase “a propriedade é um roubo” referindo-se ao fato de que a existência da propriedade torna possível a apropriação do trabalho de outrem. Proudhon foi muito lido no Brasil e influenciou vários intelectuais, entre eles Euclides da Cunha. O professor Miguel Reale destaca em seu livro “A Face Oculta de Euclides da Cunha” o aspecto curioso da simpatia o autor de “Os Sertões” por Proudhon de vez que Euclides repelia qualquer tendência anárquica.

Mas, eu me desencaminho. Voltando a Coubert, por volta de 1850 ele abandou a fase realista e passou a desenhar formas voluptuosas de conteúdo erótico. Em 1866, Coubert produziu o quadro extremamente chocante que é a “Origem do Mundo”. Trata-se de uma representação frontal das coxas e da vulva de uma mulher. A observação do quadro incomoda e desperta várias reações, destacando-se a vergonha. O que está exposto na tela é um nu frontal e sem disfarces da genitália feminina, sugerindo os começos da vida e contrapondo-se ao erotismo que normalmente emprestamos a ela. É a dualidade entre erotismo e geração da vida, mostrada na tela com crueza, que fere o observador estimulando os seus preconceitos. Nada a ver, portanto, com as considerações científicas sobre a origem do mundo e da vida.

Gustave Coubert defendia o socialismo e foi um agitador político. É considerado um precursor do impressionismo e do cubismo. Os críticos de arte e os estudiosos do modernismo garantem que os pintores impressionistas aprenderam muito com a arte de Coubert.

Da necessidade do jazz

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Se você acorda de madrugada e não consegue dormir,

Se a vida parece desinteressante e absurda a agitação do dia-a-dia,

Se a mulher que você ama não está ao seu lado, mas nos braços de outro,

Se o empréstimo do banco que você esperava não saiu,

Se o médico avisou que você tem uma doença incurável,

Se alguém que você amava morreu e não há como se conformar,

Se o melhor texto que você escreveu na vida foi engolido por um defeito no HD,

Se o telefonema que você esperava ansiosamente não aconteceu,

Se a vaga de emprego foi dada a outro,

Se você bebeu demais e deu vexame,

Se o pneu do carro furou e está chovendo muito,

Se você está parado no trânsito há mais de uma hora e não há previsão de melhora,

Se você se atrasou e perdeu o vôo,

Se você trabalha e o seu chefe é um desgraçado,

Se ninguém reconhece o sangue que você dá para sustentar a sua família,

Se o vizinho de baixo reclama de vazamento,

Se você tem muitas multas e vai perder a carteira de motorista,

Se você contou a sua vida a um psiquiatra e ele enlouqueceu,

Se você caiu na malha fina do Imposto de Renda,

Se a sua casa foi assaltada,

Se a sua consulta pelo SUS foi marcada para dois meses depois,

Se você foi preso por engano,

Se você comeu carne estragada mesmo pagando a conta alta do restaurante chique,

Se você marcou encontro com a sua namorada e ela não apareceu,

Se você acreditou no PT e votou no Lula,

Se você era fã do Michael Jackson e não aceita a morte dele,

Se o seu vídeo game favorito quebrou e não tem conserto,

Se a vizinha gostosa que trocava de roupa com a janela aberta se mudou,

Se a sua virilidade não está lá essas coisas,

Se você foi enganado por um corretor de imóveis,

Se o elevador está quebrado e você mora no décimo segundo andar, 

Se alguém confundiu você com um homem-bomba,

Se o Brasil perdeu para a Argentina,

Se você foi atingido por uma bala perdida,

Se você entrou na contramão e bateu o carro,

Se você achava que o STF fazia tudo certo,

Se você tem certeza de que o mundo vai acabar em 2012,

Se você foi reprovado no último ano da faculdade,

Se você escorregou numa casca de banana,

Se o seu time do coração foi humilhado pelo maior rival,

Se o seu carro foi roubado e o seguro não quer pagar,

Se a sua assinatura foi falsificada,

Se a televisão full HD que você comprou pifou,

Se a sua mulher quer assistir a um filme justamente na hora da final do campeonato,

Se o médico proibiu a cerveja,

Se a sua namorada não gostou do perfume que você deu a ela de presente,

Se o seu cartão de crédito foi clonado,

Se a mensalidade da escola do seu filho aumentou muito,

Se o seu apartamento está precisando de reforma,

Se o seu cunhado folgado está para chegar à sua casa,

Se a geladeira está vazia,

Se o sapato está machucando o seu pé,

Se alguém convidou você para ser padrinho de casamento,

Se o DVD pirata que você comprou não funciona,

Se você enxerga mal e perdeu os óculos,

Se a sua mulher descobriu que você assiste a filmes eróticos escondido dela,

Se a anestesia não pegou e é preciso arrancar o dente,

Se você chegou no final da festinha da escola do seu filho pequeno,

Se você tirou uma semana de férias em Fortaleza e choveu o tempo todo,

Se o café da manhã está sempre frio,

Se a crise econômica mundial se prolongar,

Se o MST invadiu as suas terras,

Se o remédio indispensável à sua saúde parou de ser fabricado,

Se a chuva acabou com a sua festa de aniversário ao ar livre,

Se os seus cabelos começaram a cair de repente,

Se a centésima nona página do livro que você está lendo está em branco,

Se a temperatura da Terra subiu muito e os mares invadiram as praias,

Se o Pré-Sal não der em nada, sax

Se o Bandido da Luz Vermelha ressuscitar,

Se as portas dos manicômios se abrirem e todos os loucos saírem às ruas,

Se descobrirem que o reverendo Jim Jones tinha razão,

Se ficar provado que o inferno é aqui mesmo,

Se você achou que ganhou na loteria, mas estava enganado,

Se você está com o saco muito cheio de tudo…

ENTÃO, OUÇA JAZZ.  O sax alto de Johnny Hodges, profundo e perfeito, levará você a um lugar onde nada, absolutamente nada, poderá atingi-lo. Lá você poderá conhecer, finalmente, a Passárgada cuja existência nos foi revelada por Manuel Bandeira.    

Escrito por Ayrton Marcondes

3 setembro, 2009 às 8:23 am

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De dentro dos blogs

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Comecei a fazer um blog por sugestão e incentivo de alguns amigos. Não custa confessar que achava a coisa desnecessária, inútil e até perigosa. Perigosa? Sim porque não sendo o blog a única coisa a fazer na vida (ah, se fosse!) entendia não valer a pena o risco de escrever alguma bobagem (bobagens podem ter conseqüências).

Comecei meio timidamente e devo ter publicado uma boa quantidade de textos que contaram com um único leitor: eu mesmo. Depois surgiram poucas pessoas que diziam ler até que os gráficos da Locaweb passaram a indicar um número crescente de acessos.

Foi nessa altura que surgiu a responsabilidade de assumir um ritmo de publicações. Os gráficos indicam horários de pico e de repente me vi na obrigação de antecipar-me a eles publicando novos textos. Desse modo, o blog que até aí era só uma experiência, passou à condição de serviço – não remunerado, é bom que se diga.

Devagar foram chegando comentários, muitos deles estimulantes. Coisa curiosa: por ocasião de algum acontecimento de destaque não é incomum que alguém escreva pedindo um texto sobre o assunto. Aconteceu por ocasião da morte de Michael Jackson: em minha opinião escrevia-se tanto sobre ele e as circunstâncias de sua morte que seria totalmente desnecessária mais uma opinião. Fui convidado a dá-la e o fiz.

Resolvi falar sobre esse assunto depois de ouvir uma entrevista do jornalista Clóvis Rossi sobre escrever para a internet. Segundo Rossi, o jornalismo consiste em ver, ouvir, ler e contar daí não importar o meio de divulgação, seja papel, nuvem de fumaça, enfim. Isso, obviamente, sob o ponto do vista do repórter que emite a informação, independentemente do modo como venha a ser veiculada.

Entretanto, não se pode esquecer que a internet tem entre suas características a de ser democrática. Você simplesmente não precisa ser jornalista ou escritor conhecido para utilizá-la como meio de divulgação das suas idéias. A internet abre a qualquer pessoa a oportunidade de divulgar o olhar pessoal e absolutamente individual de quem quer que seja sobre qualquer assunto. Além disso, confere aos que fazem uso dela um tipo de liberdade individual cuja única censura é a própria consciência. Inexiste às costas de quem escreve um grupo econômico e a obrigação de servir a qualquer tipo de interesse. Não há o tal “rabo preso”, portanto. Não que isso não seja possível a um colunista da grande imprensa, mas o fato é que em muitas situações prevalecem os aspectos corporativos.

A internet permite a qualquer um divertir-se no bloco do “Eu sozinho”. Você escreve sobre o que dá na sua telha e tem a rara oportunidade de publicar o seu texto em seguida, sem intermediações, sem gastos além do pagamento da mensalidade da Net, do Speedy ou o que seja. Conta com as 24 horas do dia para produzir e publicar os textos e, incrível, encontra quem os leia. Mais: a internet abre a porteira do mundo para a revelação de novos talentos, a maioria deles fatalmente barrada nos portais das grandes editoras e meios de comunicação.

Por último, quero me penitenciar de opiniões que professei no passado, como aquelas em que criticava os erros de jornalistas.  Exemplifico: você certamente se lembra dos enormes textos produzidos pelo Paulo Francis nos quais não era raro encontrarem-se erros de citações, dados, etc. Hoje entendo que ele fazia um trabalho incrível. Não contava ele com a fonte de informações disponível a um clique do mouse e que surge na tela do computador em segundos. Ele fazia o seu trabalho na raça, utilizando arquivos, como de resto o faziam os jornalistas do mundo inteiro, muitos deles ainda em atividade.

Dito isso, viva a internet e longa vida aos blogs!

Escrito por Ayrton Marcondes

2 setembro, 2009 às 8:20 am

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