2010 maio at Blog Ayrton Marcondes

Arquivo para maio, 2010

Mundo cão

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Na Indonésia crianças fumam. E daí, qual a novidade? Bem, são crianças de 2 anos de idade e um pouco maiores.

Vi pela TV um baixinho indonésio fumando, tragando etc. Mais parecia um adulto, tipo mafioso, vangloriando-se com o cigarro na mão. Idade: 2 anos. Ao lado dele o pai e o restante da família, orgulhosos e informando que o tampinha fuma quase dois maços por dia. Perguntado sobre os males do fumo o pai garantiu que cigarro não faz mala saúde.

Mas, não ficou por aí. Outras crianças pequenas foram mostradas, todas com o cigarrinho aceso e engolindo fumaça.

Da Indonésia para uma região de Portugal onde crianças maiores que os indonésios também fumam. Entrevistado, um menino de cerca de 9 anos de idade garantiu fumar dois maços por dia. Ao que o repórter perguntou:

- Você fuma 40 cigarros por dia?

- Não, fumo 48.

- 48? - perguntou o repórter.

- Sim, porque o maço tem 24.

Esse é o tipo do assunto que torna desnecessário qualquer comentário. Daí que câmbio, desligo.

Escrito por Ayrton Marcondes

31 maio, 2010 às 10:57 am

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Coisas inúteis

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Não adianta: espaço em casa serve para acumular coisas desnecessárias, quase sempre inúteis. Tralhas e tralhas são juntadas com a desculpa de que um dia voltarão a servir. Isso quando não há o envolvimento de um amor cego por um objeto completamente descartável – ocorre muito em relação a roupas fora de moda.

inutilidadesTambém acontece de coisas se acumularem devido à preguiça que temos de nos livrar delas. Para mim o maior trauma relaciona-se com o papel. Muita gente não se dá conta, mas é absolutamente incrível a intromissão do papel em nossas vidas. Nem falo do acúmulo de jornais e revistas dos quais nos descartamos, exceto aquelas páginas arrancadas por conterem assuntos que talvez um dia venham a ser úteis. É assim que se formam pilhas e gavetas ficam lotadas. Isso dura até que se torna obrigatória a eliminação de parte desse material. A esse ponto entra-se na fase de enorme preguiça de mexer com aquilo tudo até que um dia boa parte acaba indo para o lixo por saturação, falta de espaço e de paciência, sei lá. Obviamente, sem conferência do que se está jogando fora.

Não pretendo me alongar muito sobre esse assunto, mas não posso deixar de lado o caso dos eletrônicos. Meus amigos e amigas, ainda que fiquemos restritos só aos últimos anos, vocês já se deram conta da quantidade de aparelhos e artefatos eletrônicos que perderam a função e não servem para mais nada? Lembra-se daquele bom radinho que você ganhou de presente há alguns anos? Pois ele não tem CD player, não toca MP3 e o som é mais que inaceitável. Esse velho companheiro foi substituído aí na sua casa por algum aparelhamento muito superior, sugerido por um desses livrinhos de ofertas de produtos enviados pelo correio. Na verdade os tais livrinhos são uma verdadeira desgraça porque existe o crédito e tudo parece muito barato já que dividem o valor da compra em dez vezes sem juros. Vai daí que o radinho está lá encostado para nunca mais ser ligado na tomada…

E que dizer da parafernália utilizada em computação? Meu Deus, isso é demais. Em pouco tempo os computadores que tínhamos não servem mais porque não são capazes de rodar os novos sistemas operacionais. Os processadores são lentos demais e o jeito foi comprar máquinas novas de modo que as antigas, ainda funcionando, não servem. E não nos esqueçamos dos monitores. Que coisa, hem? Aquele maravilhoso monitor de tubo, 17 polegadas, pelo qual você pagou tão caro, foi substituído por um de tela plana, LCD, que não ocupa espaço e tem imagem muito melhor. O velho monitor talvez ainda esteja aí na sua casa, sob a desculpa de que, se o outro pifar, você não ficará na mão.

E as televisões? Não dá para terminar sem falar delas. Aquela maravilhosa TV de tubo, 36 polegadas, artigo de primeira, simplesmente foi para o espaço. De repente o mercado foi inundado pelas TVs de plasma e LCD, enormes, com entrada HDMI e direito a FULL HD. De modo que a antiga, a velha e boa TV de tubo, ainda funcionando muito bem, está aí num canto à espera que você se decida a doá-la porque ninguém mais compra uma dessas usada.

Não vou falar sobre roupas, máquinas fotográficas, filmadoras, picapes para reprodução de long-plays, panelas, ferros elétricos e outros produtos substituídos por artigos mais modernos e eficientes. O meu tema é a lentidão com que nos desfazemos daquilo que já não usamos porque, assim parece, ou fazem parte da família ou temos pena de jogar fora.

Se você estiver numa situação como essa, se não for avarento e só por pena não conseguir se desfazer de coisas agora inúteis, apele para a sabedoria popular. Existe uma espécie de ditado que diz que quando nos livramos de algo que já não nos serve, abrimos espaço para a chegada de coisas novas Segundo se diz isso funciona não só com objetos, mas até com o nosso modo de ser e o direcionamento das nossas vidas. Ainda que você não acredite nisso é uma boa fingir que acredita porque poderá se livrar de muita coisa, sem culpa. Faça uma grande faxina, despache aquilo que já não interessa, quem sabe até o amor perdido que teima em não sair do seu coração. Faça isso: de repente coisas novas virão, talvez até um novo amor.

A vida é boa por isso, também porque podemos inventar e até fingir que acreditamos em possibilidades que de repente, misteriosamente, se realizam.

Do que mais se fala

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De futebol; e de política. A coisa é tanta que, momentaneamente, o assunto mulher caiu para o terceiro lugar. Verdade que “mulher” está em terceiro, mas pegando rebarba em futebol que hoje ocupa o primeiro lugar. É que entre umas e outras “mulher” sempre aparece no discurso dos homens. Não é?

Pois está todo mundo correndo atrás de comparações entre as estratégias adotadas pelo técnico da Argentina – Maradona – e o do Brasil – o inimitável Dunga. Enquanto Maradona declara que, nas folgas, os seus jogadores poderão praticar sexo, beber vinho e comer churrasco, Dunga se sai com uma das suas. Assim falou Dunga:

- Nem todo mundo gosta de sexo, nem todo mundo gosta de tomar vinho ou de sorvete.

Ele disse isso se referindo ao que os jogadores da seleção brasileira poderão fazer nas suas folgas. Notem que se trata de uma declaração e tanto porque nos leva a supor que alguns dos valorosos craques da seleção nacional talvez sejam extraterrestres. Não que não seja possível a existência de gente que não aprecie sexo, vinho e outras boas coisas da vida. Convenhamos, porém, que esses rapazes estão, como se diz, na força do homem. Daí…

A colunista Barbara Gancia ataca o assunto na “Folha de São Paulo” de hoje e declara que vai torcer pela Argentina, seleção muito mais glamorosa. Não se pode concordar com extremismo de tal porte: torcer pelos arqui-rivais hermanos é simplesmente demais. Mas concordo que a cada dia vai ficando difícil torcer pela seleção brasileira. A verdade é que não está em formação a tal “corrente pra frente” e Dunga surge à frente da seleção como aqueles monges radicais de certos filmes que correm o risco de levar seus seguidores a um grande desastre.

Não vou torcer pelo Brasil, pela primeira vez na minha vida. Conservo bem vivas na memória as imagens de descaso da seleção de 2006 que mais parecia ilhada nas presunções pessoais dos jogadores, naquela época assemelhando-se a mercenários contratados, a peso de ouro, para uma missão que absolutamente não interessava a eles. Pois a isso se soma, agora, a “Era Dunga” que, cá entre nós,  é demais para qualquer um.

Bem, torcer pela Argentina nem pensar. Em assim sendo escolhi uma seleção que me pareceu simpática e cuja vitória se revestiria de grande importância para o seu país: a seleção da África do Sul. Cheguei a essa conclusão após assistir ao filme “Invictus” dirigido pelo Clint Eastwood. Em “Invictus” Eastwood recompõe o período inicial do governo de Nelson Mandela na África do Sul. Recém saído do regime de apartheid  - e estando muito vivo do ódio inter-racial - tinha Mandela a difícil missão de unir o seu povo. A saída encontrada pelo então presidente foi justamente a união do país através do rúgbi, esporte nacional da África do Sul. Grande filme, grande diretor, excelentes atuações de atores destacando-se Morgan Freeman no papel de Nelson Mandela.

Foi a partir de “Invictus” que escolhi a África do Sul como a minha seleção na Copa. Continuo firme na minha decisão de não mais torcer pelo Brasil. Entretanto, confesso que tenho receio de alguma recaída. Como ficarei quando a seleção entrar em campo? Será que naquela hora suprema, hora entre tantas nas quais nas nossas cabeças se passam os filmes das participações do Brasil em todas as Copas, as grande vitórias, as derrotas que tanto nos abalaram, será que naquela maldita e bendita hora conseguirei ficar indiferente?

Quem sabe, não?

Que nada. Avante África do Sul!

Variantes de campanha eleitoral

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Recebi, por email, o link de vídeos com os pronunciamentos de José Serra e Dilma Roussef ao empresariado, em São Paulo. Gentileza da amiga Guta, filha de enormes amigos, que terminou o email ponderando a quem assistisse aos vídeos que julgasse quem poderia vir a ser melhor presidente da República.

Vá lá que não se possa ter definição do perfil do melhor candidato apenas por um pronunciamento: há que se levar em conta fatores como temática, ocasião etc. De modo que deixo de lado minha a opinião e recomendo aos interessados acesso ao link que me foi gentilmente enviado:

http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/geral/ele-e-candidato-ela-e-candidata

Mas a campanha prossegue. Dilma abriga-se sob o manto de Lula e faz promessas em sintonia com o governo. Serra parece ter-se assustado com o empate em intenções de voto recentemente divulgado pelo Datafolha e tem partido para o ataque. Os jornais de hoje chamam a atenção para uma declaração mais bombástica do candidato tucano. Segundo ele afirmou a Bolívia é cúmplice de traficantes.

A intenção de Serra ao dizer coisa assim é justamente criticar o governo Lula e o modo de estabelecimento de parcerias do Brasil com países da América Latina. Por outro lado, a declaração gerou protestos de autoridades bolivianas: o embaixador da Bolívia no Brasil exigiu que Serra apresentasse provas.

Como se diz por aí, o circo está em plena função. Nós, eleitores, conhecemos bem esse caminho, sabemos que a temperatura vai esquentar. De minha parte só sinto que a campanha eleitoral ocorra justamente no ano das eleições presidenciais. Nesse sentido me pergunto a quem melhor servirá uma possível vitória do Brasil. A primeira impressão é que seja um prato quente para o governo e sua candidata. Entretanto, vale lembrar que estamos falando sobre política, território onde tudo pode acontecer.

A ver quem vai faturar com a vitória ou a derrota do Brasil na Copa do Mundo.

Dos usos de “nosso(a)”

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Foi um amigo, professor universitário e conversador brilhante, quem me advertiu, tempos atrás, sobre os perigos do uso indiscriminado da palavra “nosso(a)”. Segundo ele tomamos coisas que não nos pertencem de fato como nossas. Dessa posse, por vezes indevida, resulta a assunção de responsabilidades que não nos pertencem.

O meu amigo deu exemplos. Referiu-se à mania que temos de dizer “nosso governo” quando, na verdade, trata-se do governo do país, exercido por determinadas pessoas e não necessariamente “nosso”. Do mesmo modo – disse ele – fala-se em “nosso exército”: trata-se de um tremendo arroubo de posse sobre o exército brasileiro que, aliás, pertence ao país e não exatamente a nós, habitantes da mesma terra.

Lembrei-me disso ao assistir um debate pela televisão no qual o ex-chanceler Celso Lafer referiu-se à “nossa” política externa. Discutia-se o acordo firmado pelo Brasil com o Irã e os participantes tomavam como “nosso” o desempenho da atual chancelaria brasileira. O fato é que a ocasião revelou-se muito propícia para uma reflexão sobre o uso do pronome possessivo dado que a posição do governo em relação ao Irã não é de consenso. Afinal, fomos “nós brasileiros’ que fizemos o acordo com o Irã? É válido dizer que atos de política externa são “nossos”? Segundo o meu amigo coisas assim carecem de sentido e o emprego de “nosso(a)” é totalmente indevido.

Mas, não há exemplo melhor que o proporcionado pela ocasião em que se aproxima a realização da Copa do Mundo. A “nossa” seleção está para entrar em campo defendendo as cores nacionais. Provavelmente inexista qualquer outra coisa no país cuja posse seja dividida entre tanta gente. O fato é que nos sentimos donos da seleção: a vitória dela é “nossa” vitória. Quase não se diz: a seleção ganhou; prefere-se: ganhamos. O curioso é que nesse apaixonado ato de posse da seleção inexiste qualquer domínio de cada um de nós. Tornamo-nos proprietários de algo que em verdade não nos pertence e sobre cujo destino não nos é dado interferir. Vá lá: a seleção é do país, ou da CBF, na pior das hipóteses do Dunga.

Confesso que não tenho opinião fechada sobre esse assunto. O que fiz foi reproduzir o discurso de um amigo com o qual não sei se concordo inteiramente. Fica, portanto, em aberto, sujeito a revisão. De minha parte o máximo que posso dizer é que depois da conversa com o meu amigo tenho usado o “nosso(a)” com mais parcimônia. Longe de mim apropriar-me do que não me pertence.

A Trilogia Dunga

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Já vimos “A Identidade Dunga” manifesta em entrevistas – algumas infelizmente lamentáveis - e atitudes. No momento assistimos ao segundo filme da série cujo título é “A Supremacia Dunga”. O roteiro não foge ao esperado: do alto comando do técnico da seleção brasileira emanam decisões como a da reclusão dos atletas, entrevistas apenas com porta-vozes ensaiados, restrições ao acesso do público e imprensa, enfim tudo o que é preciso a quem se prepara para enfrentar uma guerra.
Estamos diante de um curioso caso de retrocesso. À divulgada anarquia que cercou a passagem da seleção na Copa de 2006, parte-se para a linha dura da qual participam principalmente eleitos obedientes. Agora a prioridade nem sempre anda de braços com o talento: dá-se preferência aos mais aplicados. É o imperativo do funcionalismo público no futebol com premiação dos mais cumpridores.
Tudo isso indica que sociólogos e afins precisam trabalhar mais a realidade do país. Um novo painel de atitudes começa a vigorar em vários setores, destacando-se a política e o futebol. Novas regras são ditadas à luz do dia, muitas vezes contrapondo-se a leis. O presidente da República insurge-se contra as leis eleitorais e é seguidamente advertido sem que isso tenha maior repercussão. O técnico da seleção propõe normas arcaicas e parece não importar a ele a desaprovação da imensa torcida brasileira.
Sobre o país de Lula e Dunga pairam novas e desconcertantes luzes. Será assim aquilo a que chamamos de futuro? Deixando de lado a política, a ver o que sucederá no futebol. A Copa está aí e a sorte de Dunga foi lançada. Sem cintura como é o técnico cobrará empenho e vitória, ciente de que deixou para trás o talento de novos jogadores em ascensão, talvez porque falte a eles alguma evangelização.
Copa iniciada será hora do fim da trilogia com o filme “Ultimato Dunga”. O enredo? Ah, só no decorrer da Copa saberemos.
Pobre imensa torcida apaixonada pelo futebol! Mas não duvideis, ó incautos: de repente até pode dar certo porque o país atravessa maré de boa e parece ter força para resistir a tudo.

A ditadura dos regimes

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belezaUma amiga me alerta sobre o crescente aprisionamento de pessoas à necessidade de regimes alimentares. Vive-se a neurose da boa forma a qualquer preço. Revistas especializadas trazem, a cada edição, novas fórmulas que, se seguidas, resultarão num corpo esbelto. São receitas acompanhadas de fotos de mulheres cuja beleza natural é incrementada com os recursos do Photoshop.

Nem é preciso muitas digressões sobre o assunto. O que se exige é que todo mundo tenha aparência saudável para isso, infelizmente, estabelecendo-se metas muitas vezes impossíveis. Como tudo o que se propõe por atacado é impossível o respeito às particularidades individuais. Nasce daí o desconforto localizado de pessoas que, façam o que façam, jamais chegarão ao patamar de beleza sonhado.

Não dá para generalizar, mas a imposição de padrões de beleza inalcançáveis torna-se uma fábrica de insatisfações pessoais.  O problema é grande entre os jovens em fase de auto-aceitação. Conhecidos casos de bulimia entre jovens derivam de exigências pessoais absurdas. Quem já teve filhos enfiando o dedo na goela depois de comer sabe muito bem o que a ditadura da forma física ideal representa.

A busca do corpo ideal gera distorções alimentares nada desprezíveis. Recentemente, nos EUA, surgiu a moda do regime baseado em papinhas destinadas a crianças. Obviamente, os alimentos destinados aos infantes não contêm os nutrientes requeridos pelo organismo adulto, daí o perigo de desnutrição a outros agravos à saúde. Além disso, corre-se o risco do tal organismo tipo “sanfona”: perde-se muito peso de repente, recupera-se em seguida para depois voltar a perder peso. De nada adiantam as advertências médicas sobre o perigo de regimes dessa natureza.

Mas, que não se confunda tudo isso com o outro lado da moeda: a obesidade. Todo mundo sabe que a obesidade está em ascensão, inclusive no Brasil: dados publicados pelo IBGE informam que 38% da população acima de 20 anos de idade está acima do peso, sendo de 10% a taxa de obesos. Isso quer dizer que estamos nos aproximando dos EUA, país que espalhou a moda do fast-food em todo o mundo.

Falar sobre obesidade da população no Brasil soa estranho dado o país ainda estar às voltas com a fome e a desnutrição. Entretanto, o problema da obesidade é sério acarretando doenças cardíacas, hipertensão, diabetes e derrames. Para que se tenha idéia dados do Ministério da Saúde indicam que a percentagem de adultos com hipertensão subiu de 21,5% em 2006 para 24,4% em 2009.

A indústria que cerca a busca de um corpo ideal esmera-se em técnicas de propaganda com as quais busca a adesão de interessados no assunto. Revistas, academias e alimentos diet e light fazem parte de um contexto importante quando entendido como forma de aprimoramento pessoal, sem exageros. Como em tudo, o bom-senso deve falar mais alto e imperar nas decisões pessoais. Afinal, comer sem culpa ainda é um grande prazer e privar-se disso deve acontecer quando necessário e na medida certa.

Homem se fosse bom…

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Conversa animada numa barraca de feira. Os rapazes das hortaliças caçoam com uma moça, também funcionária, por ela não ter namorado. Ao que ela responde, dizendo que não precisa de homem.

O papo furado chega ao âmbito das freguesas que passam a defender as mulheres e criticar os homens. No meio das queixas de costume uma das freguesas proclama a máxima:

- Homem, se fosse bom, era mulher.

Ao que as outras concordam, exceto uma que afirma:

- Podem falar o que quiserem, mas mulher não vive sem… Eu não posso reclamar. Só não tenho o meu porque ele mudou de plano, está lá em cima. Fui casada 26 anos com um homem maravilhoso e estaria com ele se estivesse vivo.

Todo mundo se cala por um instante até que uma das freguesas comenta:

- Não se nega que algumas de nós podem ter sorte.

A conversa para por aí. Leio nos jornais que os brasileiros(as) gostam da instituição casamento, preferem relações duradouras. Não me lembro dos números, mas dados estatísticos recentes revelam grande crescimento de matrimônios no país. Embora várias conjeturas possam ser feitas a respeito do fato não se pode olvidar que o ser humano é um animal gregário e, mais que isso, num mundo convulso como o atual, o medo da solidão talvez seja determinante nada desprezível.

Há quem diga que muita gente se casa só pelo receio de ficar sozinha. Conheço mulheres por volta de 30 anos de idade que se dizem na fase do vai ou racha. O mesmo acontece com rapazes de faixa etária semelhante, embora eles pareçam ter mais mobilidade que as moças nesse assunto. Existe quem defenda a teoria de que o mar não está pra peixe daí não ser momento para escolher muito: a busca do príncipe (princesa) encantado(a) pode se tornar interminável. Por fim, existem os celibatários e as muitas mulheres emancipadas para as quais o homem não passa de acessório muito útil.

O assunto é interminável porque, como bem finalizou uma senhora na conversa da feira, felicidade não se compra no mercado. No fim a felicidade é o que todos procuram. De um jeito, ou de outro.

Ah, chovia e os preços dos produtos vendidos na feira estão subindo.

A primeira célula sintética…

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a-primeira-calula-sintatica…acaba de ser criada. Estamos diante de um dos grandes avanços da engenharia genética. O DNA de uma bactéria (Mycoplasma mycoides) foi retirado e substituído por DNA da mesma espécie, porém alterado em computador. É importante frisar que não se trata de criar a vida do zero. O grande avanço está no “redespertar” da vida numa bactéria que passou a assumir as características determinadas pelo DNA sintético.

Até agora as técnicas empregadas em engenharia genética permitiam alterações em pequenas sequências do DNA. A nova conquista abrange todo o DNA (genoma inteiro ou coleção de genes) de um determinado ser. O genoma da Mycoplasma mycoides é muito simples, mas ainda assim trata-se de grande avanço.

Importância do fato? Craig Veter, cientista que chefia a equipe responsável pelo feito, pensa na produção de microrganismos úteis aos seres humanos como leveduras produtoras de álcool a partir de açúcar.  Também existe a possibilidade de produção de vacinas e até de proteínas pelos organismos.

Os avanços na área de engenharia genética são sempre bem-vindos e abrem enormes perspectivas de favorecimento aos seres humanos. Entretanto, não é desprezível o fato de que também podem servir a intuitos perigosos. Micróbios sintéticos poderão conter DNA manipulado para a produção de substâncias altamente tóxicas a serem utilizadas em guerras biológicas. Formidáveis conquistas da ciência usadas no passado para extermínio de seres humanos representam alerta a ensombrecer avanços espetaculares que tanto admiramos e nos dão boas esperanças.

Violência contra crianças

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É assustador o volume de notícias de violência contra crianças. Diariamente tomamos conhecimento sobre crianças vítimas de espancamentos. São menores indefesos que ficam à mercê do sadismo de adultos cujas razões profundas nem sempre são claras. Como sempre acontece nesses casos os espancadores negam o seu feito e atribuem as marcas da violência a acidentes absurdos. Ontem mesmo foi preso um homem que batia muito num menino de cerca de dois anos de idade. O menino apanhou tanto que teve ruptura de órgão interno, sendo submetido à cirurgia. A explicação? Ora, trata-se de criança muito ativa que vive se batendo em tudo. Como isso tencionava o espancador explicar os olhos roxos, as equimoses e o péssimo estado de saúde da vítima.

violancia-contra-crianaasAnálise mais profunda do que move pessoas a crime tão hediondo é assunto pertinente a psicólogos e psiquiatras. São eles os mais aptos a observar em cada caso os desvios mentais que levam alguém a agir violentamente contra menores, descarregando neles toda sorte de desequilíbrios e insatisfações. Entretanto, vale lembrar que não a muito tempo a cultura educacional em nosso país era mais voltada para a pancadaria que ao diálogo.

Às vezes falo sobre esse assunto com pessoas mais jovens e elas dizem que estou inventando. Você tem alma de ficcionista – afirmam. De nada adiantam os meus protestos, nem mesmo jurar que estou falando a verdade. O fato é que nas escolas brasileiras, creio que até o final dos anos 50 e início dos 60, a pancadaria comia solta: professores desciam a mão nos alunos. Usavam as pancadas como meio de impor respeito e garantir o aprendizado que se fazia na marra.

Tive nos bancos escolares alguns mestres de triste memória. Um deles, de quem me lembro bem, era superiormente dotado na arte de punir com as mãos e acessórios como réguas, varas etc. Mas era nos punhos cerrados que residia a maior eficácia do professor. Certo dia ele demonstrou isso muito bem com um espetacular direto na boca de um dos meus colegas do qual jorraram sangue e um dente. O menino que apanhou era um sujeito adorável, um negrinho muito meu amigo, pobre de dar dó. Mas, naquele tempo, os pais não reclamavam: parece que havia consenso de que umas pauladas seriam muito úteis para colocar os meninos “na linha”.

Houve um dia em que cheguei à casa algo machucado, após receber umas e outras do referido professor. Foi a única vez que meu pai, algo alheio à educação que ficava por conta de minha mãe, revoltou-se e decidiu retribuir as pancadas ao professor. O fato é que ele não encontrou o professor na escola e dia seguinte, sabe como é, é dia seguinte e os ânimos esfriam, daí que a coisa ficou por isso mesmo.

Há alguns anos encontrei-me por acaso com um companheiro daquela época. Não é que ele me perguntou se eu conhecia o paradeiro do tal professor? Ora, haviam se passado mais de 30 anos, como eu poderia ter idéia do caminho seguido por aquele desgraçado? Acontece que o meu ex-colega não conseguira se livrar das surras que recebera do antigo mestre e continuava disposto a bater nele. Na ocasião lembrei ao ex-colega que o professor seria um velho e que ele não bateria numa pessoa assim. Ao que o meu ex-colega respondeu:

- Ele batia em mim quando eu não podia me defender. Que mal há em eu bater nele que agora que ele também não pode se defender?

Quem estudou em escolas públicas nos interiores desse Brasil é bem capaz de contar historias semelhantes. Quero dizer que espancar crianças sempre foi um “divertimento” de adultos mal-intencionados, escudando-se sob o manto da educação. Muitos deles, quando não sob vigilância, chegam à barbárie. Aliás, é a barbárie que distingue relatos sobre pancadas em escolas dos atos hediondos praticados contra menores, tão comuns hoje em dia.