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Variantes de campanha eleitoral

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Recebi, por email, o link de vídeos com os pronunciamentos de José Serra e Dilma Roussef ao empresariado, em São Paulo. Gentileza da amiga Guta, filha de enormes amigos, que terminou o email ponderando a quem assistisse aos vídeos que julgasse quem poderia vir a ser melhor presidente da República.

Vá lá que não se possa ter definição do perfil do melhor candidato apenas por um pronunciamento: há que se levar em conta fatores como temática, ocasião etc. De modo que deixo de lado minha a opinião e recomendo aos interessados acesso ao link que me foi gentilmente enviado:

http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/geral/ele-e-candidato-ela-e-candidata

Mas a campanha prossegue. Dilma abriga-se sob o manto de Lula e faz promessas em sintonia com o governo. Serra parece ter-se assustado com o empate em intenções de voto recentemente divulgado pelo Datafolha e tem partido para o ataque. Os jornais de hoje chamam a atenção para uma declaração mais bombástica do candidato tucano. Segundo ele afirmou a Bolívia é cúmplice de traficantes.

A intenção de Serra ao dizer coisa assim é justamente criticar o governo Lula e o modo de estabelecimento de parcerias do Brasil com países da América Latina. Por outro lado, a declaração gerou protestos de autoridades bolivianas: o embaixador da Bolívia no Brasil exigiu que Serra apresentasse provas.

Como se diz por aí, o circo está em plena função. Nós, eleitores, conhecemos bem esse caminho, sabemos que a temperatura vai esquentar. De minha parte só sinto que a campanha eleitoral ocorra justamente no ano das eleições presidenciais. Nesse sentido me pergunto a quem melhor servirá uma possível vitória do Brasil. A primeira impressão é que seja um prato quente para o governo e sua candidata. Entretanto, vale lembrar que estamos falando sobre política, território onde tudo pode acontecer.

A ver quem vai faturar com a vitória ou a derrota do Brasil na Copa do Mundo.

De quem se fala

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Do cantor Elton John que disse o seguinte sobre Jesus: era um gay superinteligente que entendeu os problemas dos outros.

De uma revista da Índia que publicou uma imagem de Jesus, tendo um cigarro na mão direita e uma lata de cerveja na mão esquerda.

Do PT. Na convenção do partido foi estabelecido um plano radical de governo  para Dilma Roussef, caso seja eleita. Entre outras medidas estão a adoção da reforma agrária, a taxação das grandes fortunas e a redução da jornada de trabalho.

De Tiger Woods que fez um pronunciamento transmitido por todas as emissoras de TV dos EUA. Tiger desculpou-se por ter traído a mulher. O país quase parou durante os quase 15 minutos do pronunciamento de Tiger: a Bolsa de Valores de Wall Street apresentou redução dos negócios durante o período.

Do prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, que foi cassado pela Justiça Eleitoral. Kassab é acusado de ter recebido doações ilegais durante a sua campanha para a prefeitura.

Eta mundo louco, você não acha?

Ano eleitoral

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Mal começa o ano e já se desenha o rumo que tomarão a imprensa e, consequentemente, as nossas atenções. Ontem os jornais destacavam a febre de inaugurações previstas tão a propósito em ano de candidaturas a cargos eletivos. Destaca-se a maratona de inaugurações já iniciadas pelos pré-candidatos à presidência da República, o governador José Serra e a ministra Dilma Roussef. Para que se tenha idéia numérica do fato, informa-se que, usando o Programa de Aceleração do Crescimento, o presidente Lula compareceu a 52 inaugurações, de 2007 até o momento. Entretanto, para 2010, estão previstas, dentro do mesmo programa, 203 inaugurações de obras com a presença do presidente e sua pré-candidata à presidência. Como se vê, trata-se de uma fantástica busca de visibilidade. Recorde-se que as próximas eleições serão realizadas no dia 3 de outubro, ou seja, dentro de nove meses ou, grosso modo, 270 dias. Isso representa que a inauguração de 203 obras em todo o país roubará ao presidente grande parte do tempo de que dispõe para governar.

O fato não é novo. Manuel Ferraz de Campos Salles foi presidente da República do Brasil no período entre 1898 a 1902. Governou contra tudo e todos referendando a política monetária liberal de seu ministro Joaquim Murtinho. Encontrou o país aos frangalhos em termos econômicos e estabeleceu acordo com os credores ingleses conhecido como “funding loan”. O governo Campos Salles foi um período de recessão absoluta visando sanear as finanças. Além disso, a Campos Salles deve-se a chamada “Política dos Governadores”, meio utilizado para dar maior poder às oligarquias estaduais obtendo, assim, sustentação ao governo federal.

Campos Salles deixou o governo com total desaprovação da população. Dera ao país dias de sofrimento e retração dos negócios com implicações profundas sobre as classes menos favorecidas. Mas, ao final, saneara as finanças e abrira caminho para que seu sucessor, Rodrigues Alves, modernizasse o Rio de Janeiro.

Em 1908, Campos Salles publicou um livro de memórias políticas intitulado “Da Propaganda à Presidência”. Embora distanciado 100 anos de nossa época e tratando de outra realidade, ainda hoje há muito a se aprender no livro de Campos Salles sobre atividade política, honestidade e história do Brasil. Um dos detalhes discutido por Campos  Salles em “Da Propaganda à Presidência” é o fato da administração, nos dois anos finais de governo, ser comprometida por articulações políticas e pela necessidade do presidente fazer o seu sucessor.

Não é nova entre nós, portanto, a disposição do atual presidente da República de empenhar-se pela candidatura da ministra-chefe da Casa Civil. O que se espera é que o país não pague contas indevidas pela falta de tempo para governar e não se endivide por benesses fornecidas aos estados e prefeituras em troca de apoios eleitorais.

A edição original de “Da Propaganda à Presidência” pode ser encontrada em sebos. Existe uma edição do livro feita UNB em 1983, ainda nas livrarias. Para os interessados em Campos Salles e seu governo recomenda-se:

DEBES, Célio, Campos Salles - Perfil de um Estadista, 2 volumes, Editora Francisco Alves, 1978.

MARCONDES, Ayrton, Campos Salles - Uma investigação na República Velha, Editora Universidade Sagrado Coração, Bauru, 2001.

A retirada de Aécio

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Aécio Neves, governador de Minas Gerais, retirou ontem a sua pré-candidatura à Presidência da República, pelo PSDB.

Os jornais de hoje falam em pressão sobre o governador de São Paulo, José Serra, para que se defina quanto à sua candidatura à Presidência. Nos bastidores - e isso não é oficial – fala-se que Serra não tem intenção de candidatar-se, preferindo a sua reeleição ao governo de São Paulo.

Não escapa a ninguém o peso da mão do atual presidente da República sobre o resultado das eleições do ano que vem. Não importa que a candidata do presidente, Dilma Roussef, seja exatamente o oposto do que se espera de uma pessoa pública. Ele de fato não passa de uma grande interrogação e sabe-se lá que postura adotará se chegar à presidência. Não há como ver em Dilma Roussef qualquer traço de estadista como, aliás, ficou demonstrado pela participação dela na atual Conferência de Copenhague. Entretanto, Dilma tem atrás de si um presidente proprietário de pasmosa popularidade, fato que pesará no resultado das futuras eleições.

Partindo-se do anteriormente exposto é de se perguntar sobre as razões das posturas atuais de Serra e Aécio. Serra é governador, sabe demais sobre os bastidores da república e tem, portanto, condições de avaliar bem as suas possibilidades. Sua pelo menos aparente relutância em candidatar-se talvez se explique por esse fato. Serra conhece bem a força da máquina federal e a forma como será e está sendo usada em favor da candidatura de Dilma.

E Aécio? Desistiu de vez? Quem acredita nisso não sabe nada daquilo que é conhecido como “mineiridade”. Aécio é gente de Tancredo, povo de São João Del Rei e isso não só basta como explica tudo.

A política brasileira é rica em casos de políticos que desistem de candidaturas ou cargos para “retornar nos braços do povo”. A imagem de Aécio falando ontem sobre a sua retirada soma-se à dos grandes políticos mineiros que enriqueceram a nossa história com sua argúcia e habilidade.

Raposa velha esse tão simpático Aécio, mais que nunca gente da estirpe de Tancredo.

Copenhague 2009

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Há dois dias do encerramento a conferência sobre o clima em Copenhague pouco se conseguiu. A agenda que previa, entre outros compromissos, a redução de gases estufa e a criação de um fundo internacional voltado para o ambiente ainda não foi cumprida e não há porque se acreditar que os acordos tão esperados sejam selados desta vez.

Para quem acompanha de longe é interessante observar a tônica dos pronunciamentos. A verdade é que a partir de temas ambientais geraram-se muitos lugares-comuns, todos eles em torno de uma coisa só: alguma coisa precisa ser feita.

Mas como, sem ofender em grande escala os interesses díspares das nações? O fato é que os poucos progressos verificados na conferência têm gerado enormes protestos. Os homens públicos estão sendo cobrados pelo clamor que vem das ruas e estão sendo pressionados a agir. Trata-se de um jogo em que ninguém quer perder, ou perder proporcionalmente em relação aos demais países.

De positivo o fato de que as questões ambientais deixaram de ser assunto de cúpulas e estudiosos. A linguagem ecológica incorporou-se definitivamente ao vocabulário e temário da população. O ambiente e a necessidade de preservá-lo não passa despercebido ao povo em geral, embora no particular não se acredite que cada um esteja fazendo a sua parte. Afinal, o exemplo vem de cima: se os governos não se comprometem e não se empenham que posso fazer eu?

Ontem peguei um táxi e o motorista puxou conversa. Assunto: ambiente. Falou-me ele sobre aas alterações climáticas, o efeito estufa, o degelo das calotas polares e o monumental iceberg que se despregou do pólo antártico e navega em direção à Austrália (ele disse Inglaterra). A sorte, disse o taxista, é que o iceberg vai se quebrar antes de chegar à orla marítima.

Era um homem simples o taxista, mas antenado com a situação do mundo em que vive. No conjunto sua visão mostrou-se trágica: para ele nunca haverá um acordo e o mundo acabará em colapso com o fim da vida no planeta.

- Não veremos o desastre - disse ele – talvez os nossos bisnetos assistam ao fim da nossa civilização.

Depois o taxista lembrou-me de que talvez as coisas possam ser resolvidas à nossa revelia, no ano de 2012, quando os planetas ficarão numa posição exata, capaz de gerar cataclismos.

Desci do táxi impressionado com a verve de um homem bastante informado sobre as questões ambientais. Quero dizer que é de pequenos acontecimentos como esse que nasce a esperança. Vozes que se somam geram ruídos ensurdecedores daí ser bem capaz de que os governantes finalmente ouçam e cumpram o papel que deles se espera.

A ministra chefe da Casa Civil, Dilma Roussef, declarou em Copenhague que a preservação do ambiente é uma ameaça ao desenvolvimento sustentável. Ato falho ou não da ministra é preciso corrigir a frase para que as coisas sejam colocadas em seus devidos lugares.

A força da democracia

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É o sistema republicano e democrático instituição capaz de resistir a toda sorte de achaques e intempéries?

A história nos ensina que não. Instituições em geral sobrevivem com apoio de maiorias e as várias infra-estruturas que as sustentam. Um rápido voltear de cabeça em direção ao passado dos países nos revela alternâncias de regimes, quando não a insolvência de governos que não se sustentam tamanhas as dimensões de seus erros. Atrás das ações errôneas dos homens ficam as oscilações da economia, o descaso por fatores como a educação e a saúde, o uso da força, os golpes de Estado e até os extremos de perseguições e torturas. Nós, brasileiros, conhecemos bem os regimes ditatoriais e sabemos quanto nos custou o período democrático que agora vivemos.

Retóricas da ordem da utilizada no parágrafo anterior podem não ajudar muito, mas têm valor enquanto constatação. Não será demais lembrar que a história republicana em nosso país não serve como modelo ilustrativo do emblema de ordem e progresso inserido na bandeira nacional. A República de 1889 nasceu de um golpe cujos resultados foram mais devidos à caducidade do regime monárquico que à ação dos republicanos em si. A Revolta da Armada, a Revolução Federalista, a Revolução de 30 e o golpe militar de 1964 são apenas fatos maiores que despontam na trajetória de um regime que se afirmou à base de parâmetros nem sempre democráticos.

A essas apressadas considerações sou levado pelo espanto de presenciar, diariamente, o verdadeiro descalabro em que se converteu a atividade política nos altos escalões da República. Não se respeita o país e a democracia; vaidades pessoais são colocadas acima dos interesses maiores do país. Trava-se uma luta intestina entre pessoas eleitas pelo voto popular, luta essa que tem como meta exclusiva a posse do poder e a distribuição das benesses dele decorrentes.

Até aí, nenhuma novidade, lê-se isso nos jornais diariamente. Entretanto, existe algo que se impõe: são a manutenção da democracia e a capacidade do regime atual absorver as fantásticas agressões que se praticam contra ele. A história não se repete e há quem diga que lições do passado não se aplicam a outros momentos históricos cujas circunstâncias são obrigatoriamente diferentes. Existem, também, os que acreditam na força e estabilidade da economia, além de não identificarem na população brasileira forças capazes de se articular em torno de ações extremadas ou não.

Tudo, portanto, muito lógico, a democracia está sobrevivendo, o país não está na UTI e assim por diante. Então por que se preocupar? Pois, o que me move é dizer que eu e muita gente já vimos esse filme. De fato, já assistimos a filmes como esse e não será exagero afirmar que sabemos bem no que tudo pode dar.

As sucessivas crises relacionadas à presidência do Senado paralisam os trabalhos daquela casa trazendo enormes prejuízos para o país. Em nome de salvar um só homem – e não é a primeira vez que isso acontece - e as possíveis alianças partidárias visando as próximas eleições coloca-se a coisa pública num limbo em que o marasmo decisório é a tônica das ações.

Avança o disse-não-disse, essa verdadeira maldição na qual se atola a classe política.  Quanto a isso, o episódio de momento é a acusação da ex-secretária da Receita Federal, Lina Vieira, de que a ministra Dilma Roussef pediu a ela para concluir rapidamente a investigação que o Fisco fazia nas empresas da família Sarney. Em resposta, Dilma veio a público, dedo em riste, negando o fato. Vai daí que o presidente da República olvida a importância de seu cargo e sai ao campo sucessório desafiando a ex-secretaria a provar que existiu a reunião entre ela e a ministra.

Existe quem não veja qualquer glória em nossa história. Creio que mesmo essas pessoas concordem que o país não merece o que está acontecendo. Nós não merecemos que a imagem do Brasil seja maculada e torpedeada pela trupe dos maus atores que deixam de lado os papéis que a eles confiamos para entregar-se a delírios de poder.

Como canta Caetano Veloso: alguma coisa está fora da ordem…

Alguma coisa precisa ser feita e depressa, tomara que nada que coloque em risco a democracia.