2015 julho at Blog Ayrton Marcondes

Arquivo para julho, 2015

Redução de velocidade

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Não dá para dizer se a redução de velocidade nas marginais de São Paulo é necessária ou não. A prefeitura diz visar a redução do número de acidentes. Grande parte dos usuários entrevistados posiciona-se contra medida. O Ministério Público cobra da prefeitura as razões da redução. O prefeito não descarta a possibilidade de retorno às velocidades anteriores caso a mudança não apresente os resultados esperados.

O caso cheira improviso. Improvisa-se no Brasil. A economia em frangalhos parece ser tocada na base do improviso. Estabelecem-se metas para o ajuste fiscal que a meio caminho são mudadas. Economistas garantem que as metas inicialmente propostas eram irrealizáveis.

Fala-se sobre a fraqueza do executivo. O empenho do governo em vencer as eleições passadas, ainda que para isso o país fosse conduzido ao caos atual, mais que improviso cheira irresponsabilidade. Crescem as taxas de desemprego, as demissões são inevitáveis, a indústria se retrai, o comércio entra em desespero. Paga-se a conta da incompetência do executivo que parece não se dar conta de sua responsabilidade em relação à situação atual.

No país das propinas a corrupção assume ares vulcânicos. A Lava Jato coloca atrás das grades gente de colarinho branco. Presidentes do Senado e da Câmara Federal são acusados de corrupção. A classe política estremece frente a possibilidade de desmascaramento de seus integrantes.

Talvez o Ministério Público nem precise inquirir sobre as razões da redução de velocidade nas marginais. Este é o país do freio puxado, da economia reduzida no qual só a roubalheira se acelera. Portanto, nada mais normal que baixar os níveis de velocidade na grandes artérias das cidades.

Brasileiros, olho no velocímetro.

O outro lado da moeda

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O rapaz que juntamente com outros três estuprou quatro meninas no Piauí foi assassinado. Mataram-no os outros três na prisão. Colocados na mesma cela os comparras o atacaram por ter ele confessado a autoria do crime e denunciado os demais.

O crime acontecido na pequena cidade do interior do país estarreceu o país. Após serem estupradas as meninas foram jogadas de um barranco. Encontram-nas nuas e muito machucadas. Uma delas não resistiu aos ferimentos e faleceu. Além dos quatro menores de idade um adulto participou do crime.

Ainda preso o denunciante mandou carta à mãe desculpando-se pelos seus erros e prometendo ser outra pessoa quando saísse da prisão. Ler a carta dele inquieta. Então sob a pele do lobo existia um pouco de alma, sinais de alguma humanidade?

Moedas têm dois lados embora um deles possa ter maior realce. O bárbaro crime acontecido no Piauí revelou o lado animalesco de seus perpetradores. Não por acaso a população da cidade quis punir os rapazes que talvez seriam mortos não fosse a proteção da polícia. Um deles deixou carta antes de ser assassinado fazendo-nos pensar em um pouco de humanidade em seu caráter. Os outros três seguem na trilha do crime. Mataram mais um deixando-nos a impressão de não passarem de feras presas na condição de seres humanos.

O ponto da carne

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Ser churrasqueiro dos bons não é fácil. Acontece a existência de inúmeros, milhares, de churrasqueiros de ocasião. Situações imprevistas levam o sujeito a encostar a barriga na churrasqueira, tratar (mal) a carne e servir o bando de esfaimados a quem outra alternativa não resta que não a de comer aquilo mesmo.

Certa ocasião fiz churrasco para cerca de 20 pessoas no litoral. A filha do dono da casa noivara e convidara a família do noivo para congraçamento. Fizeram quase tudo certinho. Quase! Carne e bebidas compradas, esqueceram-se apenas da… churrasqueira … e de quem faria o churrasco.

Tijolos, espetos enferrujados e carvão operaram o milagre. Mas, a carne… Os elogios ao bom desempenho do churrasqueiro apresentados ao final não foram convincentes. Mas, comeram, afinal estavam com fome. Quanto a mim, nunca mais.

Para quem deseja se aventurar em churrasqueiras é bom dar uma olhada nos vídeos do You Tube no quais profissionais ensinam como assar cada tipo de carne. Agora, quanto ao ponto a coisa se complica. Ontem publicou-se que o jeito é tocar levemente a carne e comparar com o toque na almofadinha da mão. Caso as sensações sejam iguais isso indica que carne está mal passada. Se a consistência for semelhante com a união dos dedos polegar e médio o bife está ao ponto. Carne bem passada tem consistência igual à da união do polegar com o anular. Complicado, não? É só praticar.

Há quem ame fazer churrascos. Enquadro-me na categoria dos churrasqueiros de ocasião. O problema é toda vez que querem “assar uma carninha” a minha escalação é imediata.

Se nem mesmo acredito ter evoluído um só milímetro nessa arte desde aquele churrasco tão mal preparado na casa de praia…

Escrito por Ayrton Marcondes

17 julho, 2015 às 12:55 pm

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Constrangimentos

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Ouvi relatos de pessoas sobre situações que as constrangeram. Uma delas contou ter-se fartado sexualmente e, ao abrir a porta do quarto, calça ainda arrida, deu de cara com o cunhado. Outra se lembrou da tentativa de fugir da escola. Pulava o muro quando topou com dois seguranças que o devolveram à direção.

Um amigo, já falecido, certa vez me disse que anos depois ainda tinha vergonha por ter rompido noivado na semana em que marcara o casamento. Namorara a moça desde menino, famílias amigas, horário de igreja marcado, convites enviados e ele decidiu que não era bem o que pretendia.

Cada pessoa terá o que dizer sobre situações que a constrangeram. Quanto a mim confesso ser proprietário de uns pares de ocorrências desse tipo, a maioria delas dos meus tempos de menino e rapaz. Inesquecível aquela acontecida dentro de um bonde na linha férrea que leva a Campos do Jordão. Não sei bem porque fazia eu parte de uma roda na qual cada um contava o seu “causo”. Na minha vez temperei a conversa com as façanhas de meu irmão, uma delas relacionada a uma visita dele ao cemitério da cidade à meia-noite para provar não ter medo de fantasmas. Dorei a pílula a meu modo e exagerei o quanto pude. Quando terminei, um homem levantou-se e veio até nós. Era o padre da paróquia à qual o cemitério estava apenso. Ouvi poucas e boas do homem de batina que queria saber o nome do meu irmão para tomar providências. Nos meus 14 anos outro recurso não tive que senão enfiar o rabo no vão das pernas e assumir a cara de besta que a ocasião exigia.

Há em meu passado outros tantos constrangimentos. Aprendi que a lição de minha mãe sobre em boca fechada não entrarem mosquitos é de imenso valor. De modo que fui deixando para trás a peculiaridade de ser uma “boca aberta”.  Silêncio ajuda e muito tenho isso como norma de vida.

Escrito por Ayrton Marcondes

16 julho, 2015 às 7:09 pm

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Inconformismo

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Há quem fale bem da velhice e exalte as possibilidades de bem viver nesse período. Não existe concordância sobre isso. A bem da verdade não tenho ouvido de idosos coisas boas sobre a idade avançada. Limitações físicas, doenças e depressão fazem parte de queixas comumente divulgadas.

Dias atrás um empresário de academias de ginástica falava sobre a importância de manter-se a forma na velhice. Exaltava ele a importância dos músculos que a todo custo devem ser mantidos fortes. Músculos garantem força, movimento, equilíbrio, dizia. Ao que o repórter perguntou se nas academias era comum a presença de idosos. Respondeu o empresário que sim. Aconselhou aos idosos a musculação. Exercícios condizentes com a capacidade física de cada um, nada de exageros. Nada de colocar o velhinho num daqueles aparelhos que exigem grande preparo físico. Tudo nos conformes, esse o ideal.

Há poucos dias faleceu um homem que morava no mesmo prédio que eu. Vez ou outra conversávamos e ele reclamava de já não dispor da energia de antes. Parecia-me que ele no passado teria sido um desses viciados em sexo porque, conversa vai, conversa vem, ele passava a falar de mulheres. Admirava muito uma moça, também moradora do prédio, que nos fins de tarde voltava da academia com trajes muito justos, destacando a forma do corpo dela. O velhinho tinha a pachorra de ficar na portaria só para vê-la entrar no prédio. Certo dia perguntei a ele se acaso ainda fazia sexo com alguém. Respondeu-me que vontade não lhe faltava, entretanto, a idade…

Escritora muito famosa disse, sem meias palavras: a velhice é uma mer… Lembrou o quanto fora bonita, atraente etc. Agora…

Um conhecido que já passa dos 80 anos não se conforma com seu estado físico. Coragem e vontade não faltam a ele, mas a desoladora tontura o impede de realizar seus negócios a contento. Consultou vários médicos, experimentou toda sorte de medicamentos e nada de melhorar.

Senhora minha conhecida teve queda e fratura do fêmur. Agora vive na cadeira de rodas. A clientela que sempre atendeu em seu ofício escasseou até desaparecer. Passa os dias em casa. Fui visitá-la. Ao me despedir ouvi que a ela só restava passar o tempo, esperando a morte se lembrar dela.

De todo modo a tal “melhor idade” parece não ter nada de melhor. Um amigo que viaja muito diz ter arrepios em aeroportos quando ouve sobre a preferência de embarque para pessoas da “melhor idade”. “Melhor”? - pergunta ele.

O fato é que a juventude infelizmente não dura para sempre. Resta-nos aproveitar bem a vida e curtir da melhor forma possível a velhice quando ela chegar. De preferência sem reclamar, adaptando-se às condições impostas pela perda do vigor físico.

Rumo a Plutão

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Na próxima terça-feira nossos irmãos de Plutão receberão a visita da nave New Horizonte que lá chegará após viajar 5 bilhões de quilômetros. Nove anos se passaram desde que a nave partiu rumo ao mais distante corpo celeste do sistema solar. Felizmente a viagem chegará a bom termo. A nave terá oportunidade de fotografar a superfície de Plutão em distância que permitirá reconhecer detalhes.

Não se sabe como o povo de Plutão receberá a intromissão em seu espaço aéreo. Desde o rebaixamento de Plutão da condição de planeta corre a notícia de enorme insatisfação entre os plutonianos. Pior ainda o fato de que o rebaixamento foi tramado e realizado pelos terráqueos. De modo que aTerra e seu povo no momento não contam com a simpatia dos plutonianos.

Plutão fica muito longe do Sol de modo que a superfície é gelada e montanhosa. Relata-se que lá vive civilização avançada e a existência de cidades subterrâneas. Sendo cinco vezes menor que a Terra e percorrendo órbita diferente da nossa o fato é que existe grande curiosidade sobre Plutão.

Espera-se que para além das diferenças relacionadas ao rebaixamento a presença da New Horizon seja bem recebida pelos plutonianos. Dada a distância que nos separa no momento é impossível que possamos visitá-los. Mas chegará o dia em que, finalmente, os dois povos poderão estreitar laços.

Afinal, como serão os plutonianos?

Um ano depois

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Dias atrás ouvi a narração do jogo entre as seleções do Brasil e da Espanha na Copa de 50. A narração de Antônio Cordeiro e Jorge Cury foi encontrada e disponibilizada recentemente por um repórter da Rádio Bandeirantes. A descoberta preenche mais um espaço daquela Copa tragicamente - para nós brasileiros - vencida pelo Uruguai. Na final, em pleno Maracanã e diante de 20 mil pessoas, o escrete brasileiro foi vencido por 2X1. Resultado inacreditável para uma seleção que despachara a Espanha por 6X1.

As imagens da derrota do Brasil podem ser vistas no YouTube. Tristeza, incredulidade e lágrimas foram o colorário da amarga derrota aré hoje considerada como uma das maiores tragédias brasileiras. O jogo de 50 tem lugar de destaque na história do país. Menino e rapaz ouvi de pessoas que estiveram no Maracanã ou escutaram pelo rádio  comentários sobre a dimensão da catástrofe. Barbosa, sempre ele, culpado. Bigode que deixara-se driblar por Gighia. A politicagem que não deu trégua aos craques antecipadamente campeões mundiais. Enfim, cada detalhe da derrota discutido, repisado, para sempre lembrado.

Foram necessários 64 anos para que uma sombra ameaçasse sepultar de vez as lembranças da derrota de 50. Há exatamente um ano, no dia 08 de junho de 2014, a seleção nacional foi humilhada pela Alemanha. 7×1 em pleno Mineirão, catástrofe com potencial para se igualar à derrota de 50.

Decorridos 365 dias da humilhação imposta pelo selecionado alemão estarrece constatar a triste situação do futebol nacional. Nenhuma renovação. Nenhuma mudança de rumos. Cartolagem sob estilhaços da descoberta de corrupção da FIFA da qual membros se encontram presos. Em meio a isso reúne-se nova seleção que é desclassificada sem chegar à semi-final na Copa América.

Não sei quanto tempo ainda tenho pela frente. Mas, se no futuro me perguntarem sobre o fatídico 7X1 não sei se conseguirei traduzir em palavras o nó na garganta, a dificuldade em respirar e, principalmente a vergonha daquele dia.

Meu pai pertenceu à geração que chorou 50. Levarei comigo a tragédia de 14. Será uma sina?

Seleção brasileira

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Esse é um tempo no qual só jornalistas parecem ter assuntos sobre os quais tratar. Política, corrupção, inflação, economia ladeira abaixo, delação premiada e outros quetais rendem páginas e páginas de notícias e comentários. Na maior parte do tempo os jornais condenam a atual situação. Não há dia em que não se critique o governo, a presidenta, o congresso e até instituições policiais e jurídicas. Boas notícias rareiam. Economistas não nos poupam de suas péssimas previsões para o futuro próximo. Há pouco a crise chegaria ao fim neste ano; agora já se fala em crise no ano de 2017.

O nosso bom e velho Brasil anda mal das pernas. Reina confusão geral e declarações contraditórias acontecem a toda hora. Fala-se que não há comando, o governo é fraco. Falta um comandante e políticos apequenados ganham projeção. Faz lembrar uma caravela em alto mar, sem ventos que a movam. O capitão está doente, os marujos não se entendem. Os recursos escasseiam e começa o salve-se quem puder.

Então nos resta só uma paixão: o futebol. Mas, se mesmo esse nos decepciona… De que ilusão viveremos se até em nosso esporte favorito estamos em crise?

Ouvi o Carlos Alberto, capitão de 70, criticando os jogadores pelo descaso com a seleção. Enquanto jogadores de outras seleções usam terno e gravata, respeitam seus países, os nossos descem dos ônibus com a cabeça enfiada em capuzes, com o jeitão de pouco-se-me-dá. Resultado da desorganização. Essa turma não se entrega em campo como acontece com jogadores de outras seleções. Logo voltam para seus clubes no exterior de modo que a passagem pela seleção pouco representa.

Coisa parecida disse o ex-jogador Mario Sérgio, destacando a figura do jogador de cabeça coberta pelo capuz. Estarão os dois ex-jogadores certos? Pois é. Há quem fale em falta de comando também no futebol. Pesquisa de programa de rádio resulta em desaprovação de mais de 90% ao trabalho de Dunga. O presidente da CBF não foi ao Chile acompanhar a seleção depois do escândalo da FIFA.

Resta a conversa de duas pessoas à qual presenciei. Uma delas agradecia ao Paraguai pela desclassificação do Brasil. Explica-se: ontem o Paraguai foi massacrado pela Argentina pelo placar de 6X1. Fossem o brasileiros contra a Argentina, como teriam se passado as coisas? Outra vergonha?

Depois fiquei pensando nos grandes craques do passado. Me veio a lembrança de Zizinho, de Pelé, de tantos. Talvez estejamos condenados à recordação de grandes times e maravilhosas seleções nacionais.

Nuvens negras cobrem os céus do Brasil. Essa é uma época que será melhor esquecer no futuro.