2020 janeiro at Blog Ayrton Marcondes

Arquivo para janeiro, 2020

Extraterrestres

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A fascinação em torno da existência de seres extraterrestres é geral. Pesquisas são realizadas e teorias propostas. Mas, até hoje, o enigma permanece. Jamais se obtiveram provas irrefutáveis de que a Terra tenha sido visitada por extraterrestres, nem mesmo de que eles existam por aí afora.

Nunca é demais nos lembramos de que o cientista Stephen Hawking advertia sobre o envio de informações de nossa existência ao espaço. Segundo ele extraterrestre não só existem como possuem tecnologias muito mais desenvolvidas que as disponíveis em nosso planeta. Assim, ao receberem informações sobre nossa existência poderiam atacar-nos com armas contra as quais nada poderíamos fazer. Enfim, extraterrestres belicosos se constituíram em ameaça à espécie humana.

Mas, o assunto encanta. De modo que as especulações não deixam de aparecer. Uma delas é que nosso planeta seja habitado por outros seres os quais não podemos ver. Seria outra dimensão à qual não teríamos acesso. Interessante imaginar que justamente aqui onde estamos exista uma civilização avançada, cidades majestosas etc. O que nos leva a rememorar a curiosa situação de Marte, para nós planeta desabitado, mas onde existiria civilização muito avançada. Num dos livros de doutrina espírita fala-se sobre a vida no planeta Marte. Certamente seria este o caso de um povo a viver em dimensão inacessível a nós humanos.

Outra teoria é a de que os extraterrestres nada mais são que nós mesmos. Mas, não é tão simples. Seriam viajantes no tempo que passariam pela nossa época dirigindo os OVNIS. Humanos do futuro, fazendo uso de tecnologias avançadas, retornariam ao passado. Mas, por que voltariam? Por simples turismo ou, ainda, pesquisas em várias áreas.

Nos filmes sempre há uma manhã na qual alguém abre a janela do quarto de dormir e dá com uma nave estranha pairando no céu da cidade. É o começo de uma invasão na qual a humanidade se esforçará para defender a nossa civilização. Espera-se que nunca sejamos atacados por alienígenas.

Livros

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O entrevistado avisa que é leitor. O homem afirma que lê num tempo em que pouca gente se dá a isso. Lê livros. Jornais para se manter informado. É antenado com o mundo.

Ele me pergunta se isso - o fato de ser bom leitor - conta pontos para a possível contratação. Dispõe-se ao cargo vago embora saiba que seu preparo nem será tão importante para a função que desempenhará. É assim hoje em dia.

Está na mídia que duas grandes redes de livrarias estão no vermelho. Juntas devem cerca de 200 milhões. Fecham-se algumas lojas para reduzir o custo. Afinal, já não se lê como antigamente?

Quando não tínhamos internet e celulares o jeito era ler. Nos anos 50 e 60 a televisão engatinhava. Quem morava no interior habituara-se a ver fantasmas na telinha. Antenas nos telhados e mesmo em pontos mais altos próximos das casas. Imagens em preto-e-branco. A imaginação completava o que não se via com clareza.

Então lia-se. Aos 16 de idade eu já conhecia os principais nomes da literatura russa. Aquela “Antologia do Conto Russo”, em vários volumes, era fenomenal. Dostoievsky também. Meu Deus. Não sei dizer quanto às traduções. Consta que os textos não eram traduzidos diretamente do russo. Só há pouco passamos a ter traduções direto do russo de “Os irmãos Karamazov”.

Livrarias em crise. Público leitor reduzido. Muita gente apela para o Kindle. Li pelo Kindle um romance do escritor japonês Haruki Mirakami. Confesso ter sentido a falta do papel. Onde a capa dura? E as folhas? É preciso virar páginas, faz parte do encanto. Mas, o Kindle é bom. Acostuma-se a ele. Dá-se um jeito.

Não sei como anda o mercado de sebos. Talvez em crise. Deixei de frequentar sebos há algum tempo. Talvez pelo desinteresse. Tenho amigos que não passam semana sem visitar sebos. Possuem enormidades de livros. Um deles aposentou-se e decidiu por fim à biblioteca pessoal.

Está faltando no mundo o amor aos livros. É preciso amá-los. Isso descobri ainda muito jovem. Nosso vizinho era um professor que tinha, em casa, pequena biblioteca. Visitei-o, com um tio, pouco antes de ele morrer. Pouco depois aconteceu o óbito. Dois dias depois do enterro eis que vi, na calçada, pilhas de livros que pertenceram ao falecido. A viúva desfizera-se deles, jogando-os fora.

O vizinho falecido identificava seus livros com um carimbo no qual constava seu nome. Guardei um desses livros e, vez ou outra, lembrava-me do vizinho ao folhear as páginas. Mas, o tempo passou. Também eu me desfiz de livros por força de necessidades, entre as quais mudanças para casas menores. Numa dessas o livro do falecido vizinho se foi. Era, talvez, o último sinal da passagem dele por esse mundo. Decorridos mais de 50 anos, desde então, creio que talvez ainda viva algum neto do homem que lia. Mas, não sei dizer se este seguiu os passos do avô, mantendo pequena biblioteca.

Escrito por Ayrton Marcondes

27 janeiro, 2020 às 2:16 pm

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Navegando

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Não sei ao certo como chamamos aos membros de grupos que se formam nas redes sociais. Comunidades? É que tantos são os neologismos ligados às vertentes que hoje se integram via internet que é preciso muita atenção ao caracterizá-los. Todo mundo navega.

Existem grupos de variados tipos e interesses. Pessoas se ligam segundo afinidades ideológicas, comportamentais, interesses, amizades etc. Há grupos reunidos em torno de algum saudosismo. Trata-se de ex-colegas de bancos escolares, universidades e mesmo aqueles que conviveram em trabalho nas mesmas empresas. Nesses casos os membros em geral têm mais idade de modo que se trata de reencontros nos quais se valorizam amarras do passado. E daí? – perguntarão. Todo mundo sabe disso e nenhum mal há nisso. Muito bom o florescimento e manutenção da fraternidade.

Pois é. Se você faz parte de grupos dessa natureza talvez tenha se habituado à rotina de seus participantes. Não será demais dizer que em muitos casos predomina verdadeira febre de enviar e reenviar mensagens. Aliás, no mesmo dia, em grupos diferentes e de pessoas que não se conhecem, encontram-se as mesmas mensagens. Alguém, em algum lugar do país ou do mundo, dispara um vídeo e esse mesmo vídeo passa ser repetido quase que universalmente. Assim, recebemos em nossos Whats uma enormidade de fotos, vídeos, textos etc, contendo informações que, na maioria das vezes, não oferecem o menor interesse. Isso quando não somos expostos a golpes bancários, anúncios publicitários, vírus de computador e mesmo correntes de fake news.

Por outro lado, há que se lembrar da existência de pessoas que parecem nada mais terem a fazer que passar horas de seus dias conectados, recebendo e enviando mensagens. Conheço gente que já ao amanhecer dispara seus bons dias, e-mojis etc. Mas há o lado pertinente da coisa que é o carinho entre velhos amigos, as saudações em datas como aniversários etc.

Acusam-se grupos de internet de fazerem muito mais mal que bem. De fato, são comuns participações nas quais uma só pessoa move todo um grupo contra alguma coisa, sendo que nem sempre a causa é verdadeira. Isso sem falar nos casos de difamação e inverdades com consequências morais e profissionais.

Há poucos anos não contávamos com a eficiência dos meios de comunicação hoje ao alcance da população. Impossível prever o futuro disso tudo num momento em que a tecnologia se desenvolve rapidamente e emergem novas propostas como veículos independentes e avançados robôs criados com auxílio da inteligência artificial.

Farol

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Não sei se o gênero ainda persiste, mas eram comuns livros sobre curiosidades. Então não havia internet daí a dependência total de livros para a obtenção de cultura e informações. O Google é poderoso auxiliar na busca de qualquer tipo de informação. Não sei se cem por centro confiáveis, mas os textos do Google tornaram-se indispensáveis. Antes dele vigoravam as enciclopédias. A melhor delas, a Britânica, em inglês, comercializada entre nós, contava com inúmeros adeptos.

Hoje em dia o acesso a informação é instantâneo. Mesmo os assuntos de natureza técnica podem ser acessados ou buscados em livros dada a maior disponibilidade de obras em português ou traduzidas. Em meus tempos de faculdade a pesquisa era difícil. A bibliografia reduzida de alguns temas gerava dúvidas e confusão. Lembro-me bem de uma prova de patologia para qual me preparei num livro em espanhol. Fui bem na prova e recebi nota dois. Diante disso pedi revisão de prova. O assistente da matéria atendeu-me, gentilmente, mas desconsiderou respostas nas quais, inadvertidamente, misturei o português com o espanhol. De nada valeram minhas objeções sobre um texto que, afinal, estava correto. A nota permaneceu dois.

Em casa de meu pai havia um livro sobre curiosidades o qual devorei na minha infância. Se bem me lembro foi nele que minha atenção foi, pela primeira vez, dirigida à existência de faróis. Constava do livro um capítulo sobre as sete maravilhas do mundo antigo. Uma delas era o Farol de Alexandria que figurava ao lado do Colosso de Rodes e outras. O Farol de Alexandria foi construído, em 280 aC por ondem do faraó Ptolomeu. Encarregou-se da obra o arquiteto e engenheiro grego Sóstrato de Cnido. Feito de mármore o farol situava-se na ilha de Faros, próxima a Alexandria, no Egito. Em seu topo, à noite, ardia uma chama que, por meio de espelhos iluminava até 50 km de distância para guiar navegantes.

Faróis são constantemente utilizados em obras de ficção. Funcionam muito bem em tramas situadas em ilhas distantes onde faroleiros vivem isolados. Acossadas por mares revoltos e fornecendo ambientes sombrios as ilhas onde existem faróis servem muito bem ao desenrolar de tramas nas quais homens são submetidos a situações estressantes que, não raramente, os conduzem a delírios e atitudes tresloucadas.

O filme “O farol” estrelado por Willian Daffoe e Robert Pattinson faz parte da galeria de obras descritas no parágrafo acima. Dirigido por Robert Eggers a narrativa é o relato de acontecimentos envolvendo um marinheiro e seu ajudante destacados para um período em que devem tomar conta do farol. Filmada em preto-e-branco e desenvolvida numa atmosfera propícia à perda da razão a trama mostra como a solidão e o isolamento permitem aflorar fantasmas até então soterrados no espírito dos dois homens.

Em Colônia do sacramento, Uruguai, existe um farol. Se não me falha a memória talvez seja este o único farol de que me aproximei até hoje.

Desengavetando

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Existem acumuladores compulsivos. Vivem em meio a uma total bagunça, em muitos casos caracterizando-se a Síndrome de Diógenes. Essas pessoas mostram-se incapazes de se desfazer de qualquer coisa. Em casos extremos os lugares onde vivem assume o jeito de um lixão. Na televisão há um programa que trata de acumuladores compulsivos. Certas cenas são exasperantes. Como é possível alguém viver naquelas condições? Para quê?

Mas, falar dos outros é fácil. E você? Desengaveta com facilidade? Aquela camisa que não usa há muito e talvez nunca mais venha a usá-la, que tal desfazer-se dela? E as roupas de quando você pesava dez quilos a menos, até quando pretende deixá-las na gaveta?

O problema é criar certo amor nos próprios pertences. Verdade que, por vezes, é muito difícil desfazer-se de algumas coisas. Mesmo que inexista qualquer possibilidade de tornar a utilizá-las.

No meu caso isso se dá em relação a certos componentes eletrônicos. Superados por modelos mais recentes e eficazes não há porque mantê-los. Entretanto, na hora que jogá-los fora eis que vou deixando para depois. Muito depois. É o caso de um scanner daqueles que para ser configurado e funcionar gastavam-se algumas horas. O problema era o conflito com os IRQs aos quais estavam ligados outros componentes do sistema. Hoje em dia scanner tornou-se algo tão natural que não se dá a mínima para instalá-los. É o plug-and-play com o qual scanners, impressoras e demais componentes automaticamente se integram a sistemas computadorizados.

Mas, estou no assunto porque aconteceu-me de abrir um armário e nele encontrar uma antiga câmera fotográfica. Trata-se de um modelo digital, um dos primeiros que foram comercializados aqui. A maquininha, da marca Casio, era um estouro e vinha para substituir as câmeras que usavam filmes. Aquilo era inacreditável: nada mais de filmes na máquina, revelações etc. Agora criava-se um arquivo e podia-se ver a foto no computador. Imprimi-la em casa. Verdade que a Casio nem de longe chegava perto às câmeras digitais hoje disponíveis. Era lenta, número de fotos reduzido etc. Mas, representava o início de uma nova era.

O fato é que agora a Casio não passa de um pequeno trambolho, sem qualquer utilidade. O certo seria desvencilhar-me dela. Para que guardar algo com o que talvez nem mesmo venha a ter contato num futuro próximo?

Pois não tive coragem. Lembrei-me da Casio nas minhas mãos quando ela era grande novidade e da minha alegria em possui-la e utilizá-la. De modo que ela continua lá, bem guardadinha.

Serei eu um acumulador?

Escrito por Ayrton Marcondes

13 janeiro, 2020 às 6:15 pm

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Sinais de rádio

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De que a Terra não passa de um minúsculo corpo celeste em meio a imensidão do universo todos sabemos embora nossa atenção não se dirija para isso. O que verdadeiramente nos aflige é a quietude desse infinito espaço que nos cerca. Estrelas, planetas e outros corpos celestes compõem paisagem inescrutável ao conhecimento humano. Entretanto, torna-se cada vez mais impossível acreditar que estamos sós no universo. Será que apenas neste planeta que orbita em torno do nosso sol tornou-se possível o surgimento de vida? Então para que todo esse amontoado de galáxias que nos brindam com imagens tão interessantes nas noites sem nuvens?

Na medida em que a tecnologia avança cresce a inquietude humana diante do espaço que nos cerca. Telescópios de longo alcance, sondas especiais que avançam em direção ao desconhecido trazem-nos fotografias que despertam nossa curiosidade. Eis que aa NASA acaba de identificar um planeta, do tamanho da Terra, situado em zona habitável. Trata-se do TOI 700 d, encontrado pelo satélite TESS. O TOI 700 d está consideravelmente próximo da Terra, a apenas 100 anos-luz.

Por outro lado, astrônomos estão rastreando sinais de rádio, vindos do espaço, cuja origem é misteriosa. Segundo os mesmos astrônomos o estranho é que o sinal identificado provém de uma galáxia diferente de qualquer outra atualmente conhecida.

É bastante improvável, exceto por milagre, que os contatos imediatos de terceiro-grau se realizem nos próximos anos. Enquanto isso saciamos a nossa curiosidade com obras cinematográficas nas quais o homem adentra o espaço. Está nos cinemas o filme ‘Ad Astra” no qual Brad Pitt encarna um astronauta que parte em direção a Saturno em busca de seu pai. As imagens espaciais projetadas na telona são sedutoras. Mas, trata-se de ficção. Gerações futuras talvez vivam em épocas em que as conquistas tecnológicas permitam maiores conhecimentos sobre o universo.

Recomeço

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O sino da Igreja de São judas não dobrou hoje às sete da manhã. Pelo menos não o ouvi. O pároco de São Judas celebra a primeira missa justamente às sete. Senhoras e senhores, fiéis de todas as manhãs, não deixam de comparecer. A maioria deles idosos. Aposentados. Donas de casa. Avôs e avós. Rezam para si e pelos seus. A devoção os ajudará na dura travessia dos derradeiros anos de vida.

Nunca fui à missa das sete. Ocasionalmente, acompanho minha mulher à igreja. Nas raras missas em que estou presente incomodam-me os sermões. Existe hoje a tentativa de gerar ambiente descontraído entre os fiéis. Já não se buscam os ensinamentos dos antigos sermões nos quais o texto do evangelho sobressaia-se ao restante das falas. A vida de Jesus plasma-se à experiência comum do hoje em dia. O mundo está mudado, outras são as inquietações. O que se busca é manter a fé a todo custo.

Mas o ano recomeça. Hoje, sexto dia de janeiro, é o Dia de Reis. Comemora-se a visita dos três reis magos ao recém-nascido menino Jesus. Melchior, Gaspar e Baltazar vieram do Oriente, trazendo presentes ao menino Deus. A data serve ao encerramento dos festejos natalinos. Desmontam-se as árvores de natal e presépios, guardam-se os enfeites que só voltarão a ser vistos no próximo natal.

Em meus tempos de menino o ritual do Dia de Reis era sagrado nas famílias. Não sei como se passam as coisas nos dias atuais. De todo modo frequentava-se a igreja, rezava-se aos reis magos convertidos em santos.

Não dá para falar em natal e Dia de Reis sem relembrar pessoas da família que a muito se foram deste mundo. Posso vê-los, na distância do tempo, seguindo os ritos em que acreditavam. Então a vida talvez parecesse a eles infindável. Não havia prenúncios de morte num ambiente caracterizado pela boa saúde e força para seguir em frente. Eis que aí estão suas faces, suas vozes perdidas que me alcançam aqui nesse ano que começa. E dizer que se foram, não existem mais. Deles restam pálidas lembranças às quais raramente volto, em ocasiões como essa.

Inaugura-se o novo ano e nada abemos sobre as surpresas que nos são reservadas. Cabe-nos imitar nossos antecessores, acreditando na vida infindável e sem prenúncios de tragédias. Um dia, no futuro, alguém talvez se lembre de nós e escreva coisas muito semelhantes a essas que compõem esse texto. Alguém se lembrará de nossas vozes?