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Desengavetando

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Existem acumuladores compulsivos. Vivem em meio a uma total bagunça, em muitos casos caracterizando-se a Síndrome de Diógenes. Essas pessoas mostram-se incapazes de se desfazer de qualquer coisa. Em casos extremos os lugares onde vivem assume o jeito de um lixão. Na televisão há um programa que trata de acumuladores compulsivos. Certas cenas são exasperantes. Como é possível alguém viver naquelas condições? Para quê?

Mas, falar dos outros é fácil. E você? Desengaveta com facilidade? Aquela camisa que não usa há muito e talvez nunca mais venha a usá-la, que tal desfazer-se dela? E as roupas de quando você pesava dez quilos a menos, até quando pretende deixá-las na gaveta?

O problema é criar certo amor nos próprios pertences. Verdade que, por vezes, é muito difícil desfazer-se de algumas coisas. Mesmo que inexista qualquer possibilidade de tornar a utilizá-las.

No meu caso isso se dá em relação a certos componentes eletrônicos. Superados por modelos mais recentes e eficazes não há porque mantê-los. Entretanto, na hora que jogá-los fora eis que vou deixando para depois. Muito depois. É o caso de um scanner daqueles que para ser configurado e funcionar gastavam-se algumas horas. O problema era o conflito com os IRQs aos quais estavam ligados outros componentes do sistema. Hoje em dia scanner tornou-se algo tão natural que não se dá a mínima para instalá-los. É o plug-and-play com o qual scanners, impressoras e demais componentes automaticamente se integram a sistemas computadorizados.

Mas, estou no assunto porque aconteceu-me de abrir um armário e nele encontrar uma antiga câmera fotográfica. Trata-se de um modelo digital, um dos primeiros que foram comercializados aqui. A maquininha, da marca Casio, era um estouro e vinha para substituir as câmeras que usavam filmes. Aquilo era inacreditável: nada mais de filmes na máquina, revelações etc. Agora criava-se um arquivo e podia-se ver a foto no computador. Imprimi-la em casa. Verdade que a Casio nem de longe chegava perto às câmeras digitais hoje disponíveis. Era lenta, número de fotos reduzido etc. Mas, representava o início de uma nova era.

O fato é que agora a Casio não passa de um pequeno trambolho, sem qualquer utilidade. O certo seria desvencilhar-me dela. Para que guardar algo com o que talvez nem mesmo venha a ter contato num futuro próximo?

Pois não tive coragem. Lembrei-me da Casio nas minhas mãos quando ela era grande novidade e da minha alegria em possui-la e utilizá-la. De modo que ela continua lá, bem guardadinha.

Serei eu um acumulador?

Escrito por Ayrton Marcondes

13 janeiro, 2020 às 6:15 pm

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