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Coisas inúteis

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Não adianta: espaço em casa serve para acumular coisas desnecessárias, quase sempre inúteis. Tralhas e tralhas são juntadas com a desculpa de que um dia voltarão a servir. Isso quando não há o envolvimento de um amor cego por um objeto completamente descartável – ocorre muito em relação a roupas fora de moda.

inutilidadesTambém acontece de coisas se acumularem devido à preguiça que temos de nos livrar delas. Para mim o maior trauma relaciona-se com o papel. Muita gente não se dá conta, mas é absolutamente incrível a intromissão do papel em nossas vidas. Nem falo do acúmulo de jornais e revistas dos quais nos descartamos, exceto aquelas páginas arrancadas por conterem assuntos que talvez um dia venham a ser úteis. É assim que se formam pilhas e gavetas ficam lotadas. Isso dura até que se torna obrigatória a eliminação de parte desse material. A esse ponto entra-se na fase de enorme preguiça de mexer com aquilo tudo até que um dia boa parte acaba indo para o lixo por saturação, falta de espaço e de paciência, sei lá. Obviamente, sem conferência do que se está jogando fora.

Não pretendo me alongar muito sobre esse assunto, mas não posso deixar de lado o caso dos eletrônicos. Meus amigos e amigas, ainda que fiquemos restritos só aos últimos anos, vocês já se deram conta da quantidade de aparelhos e artefatos eletrônicos que perderam a função e não servem para mais nada? Lembra-se daquele bom radinho que você ganhou de presente há alguns anos? Pois ele não tem CD player, não toca MP3 e o som é mais que inaceitável. Esse velho companheiro foi substituído aí na sua casa por algum aparelhamento muito superior, sugerido por um desses livrinhos de ofertas de produtos enviados pelo correio. Na verdade os tais livrinhos são uma verdadeira desgraça porque existe o crédito e tudo parece muito barato já que dividem o valor da compra em dez vezes sem juros. Vai daí que o radinho está lá encostado para nunca mais ser ligado na tomada…

E que dizer da parafernália utilizada em computação? Meu Deus, isso é demais. Em pouco tempo os computadores que tínhamos não servem mais porque não são capazes de rodar os novos sistemas operacionais. Os processadores são lentos demais e o jeito foi comprar máquinas novas de modo que as antigas, ainda funcionando, não servem. E não nos esqueçamos dos monitores. Que coisa, hem? Aquele maravilhoso monitor de tubo, 17 polegadas, pelo qual você pagou tão caro, foi substituído por um de tela plana, LCD, que não ocupa espaço e tem imagem muito melhor. O velho monitor talvez ainda esteja aí na sua casa, sob a desculpa de que, se o outro pifar, você não ficará na mão.

E as televisões? Não dá para terminar sem falar delas. Aquela maravilhosa TV de tubo, 36 polegadas, artigo de primeira, simplesmente foi para o espaço. De repente o mercado foi inundado pelas TVs de plasma e LCD, enormes, com entrada HDMI e direito a FULL HD. De modo que a antiga, a velha e boa TV de tubo, ainda funcionando muito bem, está aí num canto à espera que você se decida a doá-la porque ninguém mais compra uma dessas usada.

Não vou falar sobre roupas, máquinas fotográficas, filmadoras, picapes para reprodução de long-plays, panelas, ferros elétricos e outros produtos substituídos por artigos mais modernos e eficientes. O meu tema é a lentidão com que nos desfazemos daquilo que já não usamos porque, assim parece, ou fazem parte da família ou temos pena de jogar fora.

Se você estiver numa situação como essa, se não for avarento e só por pena não conseguir se desfazer de coisas agora inúteis, apele para a sabedoria popular. Existe uma espécie de ditado que diz que quando nos livramos de algo que já não nos serve, abrimos espaço para a chegada de coisas novas Segundo se diz isso funciona não só com objetos, mas até com o nosso modo de ser e o direcionamento das nossas vidas. Ainda que você não acredite nisso é uma boa fingir que acredita porque poderá se livrar de muita coisa, sem culpa. Faça uma grande faxina, despache aquilo que já não interessa, quem sabe até o amor perdido que teima em não sair do seu coração. Faça isso: de repente coisas novas virão, talvez até um novo amor.

A vida é boa por isso, também porque podemos inventar e até fingir que acreditamos em possibilidades que de repente, misteriosamente, se realizam.