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Mísseis iranianos na Venezuela

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Em sua edição de hoje o jornal La Nacion, de Buenos Aires, informa que o presidente Hugo Chaves fez acordo com o presidente iraniano, Mahamoud Ahmadinejad, para a instalação de uma base de mísseis iranianos na Venezuela. O governo venezuelano nega, mas, La Nacion informa ter recebido confirmação através de um militar da Venezuela.

A notícia também se refere a aspectos conhecidos da personalidade de Hugo Chaves que sempre toma como modelo a Fidel Castro. Desta vez o presidente busca repetir o episódio da instalação de mísseis russos em Cuba, questão que, na época, deixou o governo dos EUA em grandes dificuldades e próximo de uma guerra nuclear.

Já faz tempo que Hugo Chaves age a seu modo, perigosamente, perseguindo adversários políticos, restringindo a liberdade de imprensa e devastando a economia da Venezuela. Infelizmente o governo brasileiro tem sido muito condescendente com Chaves, havendo quem afirme ter havido, por parte do presidente venezuelano, manipulação do ex-presidente Lula. Manipulação ou não, o fato é que resquícios do pensamento esquerdista no Brasil – hoje representado por personalidades no poder - guarda singular atração pela rebeldia, seja de quem for, contra a grande potência do norte.

De resto, todo mundo sabe a que sempre vieram e vem os EUA com suas políticas de dominação, hoje em certo declínio, mas ainda muito atuantes em todo o mundo. Em todo caso, não se justificam atitudes isoladas de governos e governantes que coloquem em risco a segurança do continente. Informa-se que a base de mísseis na Venezuela terá localização estratégica para atingir os EUA e, ainda, que engenheiros iranianos já estão na região, preparando o terreno para a instalação da base.

A ver como reagirá desta vez o governo brasileiro, sempre lento e condescendente - caso seja confirmada a notícia publicada por La Nation.

A imprensa brasileira e a crise em Honduras

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Há que se respeitar a cautela da imprensa em relação a assuntos em desenvolvimento e ainda não perfeitamente configurados. Mas não deixa de ser estranho o comportamento da imprensa brasileira em relação ao caso Zelaya.

Ora, desde o começo essa crise apresentava direção certa, exceto quanto aos rumos de sua solução. O surgimento de Manuel Zelaya dentro da embaixada brasileira em Honduras e acompanhado por vários seguidores foi muito estranho; as negativas oficiais do Brasil em relação ao fato mais estranhas ainda - o sempre esperto e manipulador Hugo Cháves sabia de tudo antes; a ocupação da embaixada pelo presidente deposto que de lá passou a conclamar seus concidadãos à revolta era mais que previsível; a negativa do governo brasileiro em negociar com os golpistas estranhíssima dado que o mesmo não se faz com Cuba etc. Isso sem levar em consideração que o presidente do  Brasil foi, a certa altura, chamado de mentiroso pelos golpistas hondurenhos.

Vai daí que no episódio de Honduras o papel da imprensa brasileira seria o de prontamente alertar sobre os influxos da crise internacional em relação aos interesses do Brasil. É o que ela está fazendo agora, finalmente, em letras garrafais e com vários artigos tratando do assunto.

Pode-se dizer que, até então, a imprensa do país portou-se timidamente. Foi preciso que a situação se aclarasse, enfim que tudo desse no que tinha que dar, para que, calcada em certezas, a imprensa enfim se pronunciasse mais agudamente.

Zelaya na Embaixada - Brasil Hondurenho

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Manuel Zelaya está vivendo no Brasil Hondurenho. Você que, como eu, não entende nada de Direito e Relações Internacionais deve estar se perguntando porque o Brasil se meteu – ou foi metido - nessa encrenca.

Existem algumas versões. A primeira delas é ufanista, baseando-se no fato de que a escolha da embaixada brasileira por Zelaya é sinal de que o Brasil foi prestigiado enquanto país neutro e líder da região; a segunda é a de que o Brasil não tinha a menor idéia sobre as intenções de Zelaya de abrigar-se na embaixada brasileira, onde caiu de pára-quedas; a terceira é a de que tudo aconteceu seguindo combinações entre altos escalões do governo brasileiro e Zelaya. Vai saber…

Mas, para você que, como eu, tornou-se um cara desconfiado, essa coisa toda não cheira muito bem, afinal tudo que tem Hugo Cháves por perto… Veja que o Brasil considera Zelaya presidente de Honduras e não reconhece o governo do presidente interino que atualmente chefia o país. Veja, também, que Zelaya está na embaixada como presidente de Honduras e não como asilado político, fato que, segundo entendidos, é ilegal. O Brasil está protegendo um presidente deposto em seu próprio país; e o governo interino acusa Zelaya de estar incitando os seus seguidores à revolta.

Infeliz Zelaya não está. Isso pode ser visto em fotos dele, dentro da embaixada verde-amarela, cercado por seguidores.

Ontem cortaram temporariamente luz e água da embaixada que é protegida por um único guarda, aliás grande candidato a herói nacional caso resista sozinho a alguma invasão do pátrio solo brasileiro em Honduras.

O que vai acontecer? Melhor consultar os búzios. Entretanto, é improvável que o atual governo hondurenho venha a invadir a embaixada do Brasil dado que isso afetaria gravemente as relações entre os países. Se fosse arriscar um palpite diria que o mais fácil será a invasão da embaixada pelo “povo” que não pode ser contido pelas tropas do governo. Uma fatalidade, portanto. Fatalidade que poderia levar Zelaya à rua onde seria preso, já que contra ele existe uma ordem de prisão em Honduras.

Mas, não levem a sério esses palpites e previsões. São baseadas num filme a que assisti e sou dos tais caras que acreditam piamente no fato de que a ficção só existe para, mais cedo ou mais tarde, se tornar realidade.

Censura e perseguição: de volta aos velhos tempos

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A América Latina sempre foi um território experimental. Aqui as teorias políticas dos países mais ricos e desenvolvidos estabeleceram formas de dominação que se arraigaram na cultura dos povos. Foi desse modo que os nativos passaram de dominados a dominantes estabelecendo-se hierarquias locais ideologicamente comprometidas. De tal situação emergiram governantes, ora caudilhos, ora populistas, quase nunca democráticos, mas que rezaram e rezam numa mesma cartilha de conhecimentos obtidos à meia boca e dirigidos à preservação do poder.

A triste história da América Latina consiste no revezamento de líderes que acenam com propostas democráticas, mas não por inteiro. Isso quando decididamente optam por linhas ditatoriais preservadas através de mecanismos repressivos que incluem a censura, a tortura, a restrição de liberdades individuais e todo um arsenal de medidas bem conhecidas e já vividas pelos povos do hemisfério sul.

Talvez seja possível dizer que Deus, caso exista, não tem tempo para cuidar dos destinos da América Latina. Ou terá Ele, em seu divino cansaço, delegado o controle do continente a algum arcanjo distraído que, tendo outros afazeres, vai deixando para depois a verificação do que acontece no nosso continente.

Se assim for, é preciso avisar ao responsável celeste pela América latina, que a coisa aqui está brava. Acontece que foram necessários muitos anos para que a democracia e a liberdade retornassem aos países do continente. Daí que mesmo não se podendo dizer que está tudo bem, não temos notícias sobre presos políticos, torturas etc. Existem sim, ainda, alguns grupos extremistas como as FARC, que mais parecem continuar existindo por não se encontrar fórmula para que retornem à legalidade. O fato é que, permanecendo na ilegalidade, comportam-se em acordo com o figurino de ações que delas se esperam, mantendo alguns presos e assim por diante.

Mas, o que importa mesmo dizer é que sabemos quanto custa a liberdade e a democracia, já que vivemos sem elas no passado. Isso é mais ou menos como passar fome: mesmo em períodos de abundância quem já teve fome teme passar de novo pela mesma situação.  

O fato é que, nos dias atuais, existem razões para temermos pela não continuidade da liberdade hoje existente. Pode parecer praga, mas a verdade é que neste momento histórico os países sul-americanos de maior projeção estão sendo governados por pessoas que vão tomando gosto pelo poder e passaram a agir nos moldes de governos anteriores aos quais eles mesmos combateram.

É desse modo que antigas sinalizações de perigo reaparecem, avisando-nos que o regime sob o qual vivemos corre sérios riscos. Todo mundo conhece bem a história da centralização do poder, das medidas restritivas tomadas segundo o interesse de grupos dominantes e da prática da mordaça de que se servem os detentores do poder quando passam a confundir seus interesses pessoais com os interesses de Estado. Esses sinais são muito perigosos, são como nuvens negras que anunciam chuvas que de fato acabam desabando.

Não por acaso as coisas acontecem simultaneamente, fazendo-nos lembrar de tempos que o melhor seria esquecer. No Brasil a cúpula que governa o país entrega-se a desvarios de poder, entre eles a corrupção e agora a censura ao jornal “O Estado de São Paulo”; na Venezuela, Hugo Chaves fecha canais de televisão opositores ao seu governo, ataca jornais etc; na Argentina o jornal “El Clarín” recebe a visita de mais de cem fiscais da Receita Federal numa evidente retaliação do governo a críticas que vem recebendo.

Pode ser que alguém discorde achando que não existem motivos para preocupação, mas a América Latina é a América Latina, ela tem um passado terrível e Deus ou o arcanjo por Ele nomeado parecem não estar muito atentos ao dia-a-dia do continente.