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A imprensa brasileira e a crise em Honduras

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Há que se respeitar a cautela da imprensa em relação a assuntos em desenvolvimento e ainda não perfeitamente configurados. Mas não deixa de ser estranho o comportamento da imprensa brasileira em relação ao caso Zelaya.

Ora, desde o começo essa crise apresentava direção certa, exceto quanto aos rumos de sua solução. O surgimento de Manuel Zelaya dentro da embaixada brasileira em Honduras e acompanhado por vários seguidores foi muito estranho; as negativas oficiais do Brasil em relação ao fato mais estranhas ainda - o sempre esperto e manipulador Hugo Cháves sabia de tudo antes; a ocupação da embaixada pelo presidente deposto que de lá passou a conclamar seus concidadãos à revolta era mais que previsível; a negativa do governo brasileiro em negociar com os golpistas estranhíssima dado que o mesmo não se faz com Cuba etc. Isso sem levar em consideração que o presidente do  Brasil foi, a certa altura, chamado de mentiroso pelos golpistas hondurenhos.

Vai daí que no episódio de Honduras o papel da imprensa brasileira seria o de prontamente alertar sobre os influxos da crise internacional em relação aos interesses do Brasil. É o que ela está fazendo agora, finalmente, em letras garrafais e com vários artigos tratando do assunto.

Pode-se dizer que, até então, a imprensa do país portou-se timidamente. Foi preciso que a situação se aclarasse, enfim que tudo desse no que tinha que dar, para que, calcada em certezas, a imprensa enfim se pronunciasse mais agudamente.

Zelaya na Embaixada - Brasil Hondurenho

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Manuel Zelaya está vivendo no Brasil Hondurenho. Você que, como eu, não entende nada de Direito e Relações Internacionais deve estar se perguntando porque o Brasil se meteu – ou foi metido - nessa encrenca.

Existem algumas versões. A primeira delas é ufanista, baseando-se no fato de que a escolha da embaixada brasileira por Zelaya é sinal de que o Brasil foi prestigiado enquanto país neutro e líder da região; a segunda é a de que o Brasil não tinha a menor idéia sobre as intenções de Zelaya de abrigar-se na embaixada brasileira, onde caiu de pára-quedas; a terceira é a de que tudo aconteceu seguindo combinações entre altos escalões do governo brasileiro e Zelaya. Vai saber…

Mas, para você que, como eu, tornou-se um cara desconfiado, essa coisa toda não cheira muito bem, afinal tudo que tem Hugo Cháves por perto… Veja que o Brasil considera Zelaya presidente de Honduras e não reconhece o governo do presidente interino que atualmente chefia o país. Veja, também, que Zelaya está na embaixada como presidente de Honduras e não como asilado político, fato que, segundo entendidos, é ilegal. O Brasil está protegendo um presidente deposto em seu próprio país; e o governo interino acusa Zelaya de estar incitando os seus seguidores à revolta.

Infeliz Zelaya não está. Isso pode ser visto em fotos dele, dentro da embaixada verde-amarela, cercado por seguidores.

Ontem cortaram temporariamente luz e água da embaixada que é protegida por um único guarda, aliás grande candidato a herói nacional caso resista sozinho a alguma invasão do pátrio solo brasileiro em Honduras.

O que vai acontecer? Melhor consultar os búzios. Entretanto, é improvável que o atual governo hondurenho venha a invadir a embaixada do Brasil dado que isso afetaria gravemente as relações entre os países. Se fosse arriscar um palpite diria que o mais fácil será a invasão da embaixada pelo “povo” que não pode ser contido pelas tropas do governo. Uma fatalidade, portanto. Fatalidade que poderia levar Zelaya à rua onde seria preso, já que contra ele existe uma ordem de prisão em Honduras.

Mas, não levem a sério esses palpites e previsões. São baseadas num filme a que assisti e sou dos tais caras que acreditam piamente no fato de que a ficção só existe para, mais cedo ou mais tarde, se tornar realidade.