2013 março at Blog Ayrton Marcondes

Arquivo para março, 2013

Dominguinhos

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No início da década de 90 passei uns tempos no sertão da Bahia. Quando desembarquei no aeroporto de Salvador não fazia ideia do que me esperava. De cara apaixonei-me pela capital que conheci a bordo de um ônibus circular. A descida desde a Praça Castro Alves à Cidade Baixa com a visão do mar e barcos ancorados ao lado do Mercado Modelo está entre os momentos mais emocionantes da minha vida.

Anoitecia quando tomei um ônibus na estação rodoviária rumo ao sertão. Meu destino era a cidade de Euclides da Cunha, antiga Cumbe, local por onde passaram as tropas do governo federal durante a Guerra de Canudos, em 1897.

Naquela época não existiam as estradas federais que hoje permitem deslocamentos mais rápidos na região sertaneja. De todo modo passei algumas horas dentro de um ônibus no qual viajavam pessoas do interior, em geral carregadas de compras feitas na cidade. Além do que muitos passageiros desciam durante o trajeto enquanto outros os substituíam. Na medida em que avançávamos as coisas tomavam rumo diferente, inclusive com o embarque de pessoas trazendo pequenos animais.

Não sei como será hoje a rodoviária de Euclides da Cunha. Naquela época pareceu-me um lugar isolado, distante da cidade, na verdade com ares de abandonado. Mas, ali encontrei um táxi no qual relutei em entrar porque faltava a ele uma das portas…

Quando o táxi chegou à cidade não pude conter o meu espanto. Uma grande festa ali se realizava. Numa praça, sobre um palco, apresentavam-se vários artistas de renome, entre eles o incrível sanfoneiro Dominguinhos.

Depois de deixar as minhas coisas no hotelzinho - meu quarto não era coberto fato que me explicaram porque ali nunca chovia - saí à rua porque não conseguiria mesmo dormir com toda aquela barulheira. Pois foi justamente o momento em que Dominguinhos começou a se apresentar. Devo dizer que se existe identidade entre um músico e o seu povo esse justamente é o caso de Dominguinhos. Ao começar a tocar e cantar ele, herdeiro de Gonzaga, estabeleceu um pacto com o público subitamente imantado a ele. De repente desapareceram a pobreza do lugar, a seca, os infortúnios daquele gente que se unia fraternamente ao som de uma música que a eles pertencia, interpretada por um dos seus. Tornava-se comovente observar nas faces do público a alegria, a gratidão por aqueles momentos nos quais se tornara possível conviver com um ídolo cuja arte a todos apetecia.

Dominguinhos é artista de primeira linha, em seu gênero musical insuperável no palco. Grande voz e invejável domínio de seu instrumento fazem dele um ícone da música brasileira. No dia seguinte um amigo apresentou-me ao Dominguinhos com quem troquei rápidas palavras. Homem simples, perfil de sertanejo, figura por demais agradável.

Hoje o filho de Dominguinhos divulga que o estado de coma em que o pai se encontra é irreversível. Segundo o filho o músico nascido em Garanhuns está, pois, por nos abandonar, deixando um imenso vazio nos quadros da arte nacional. Perda irreparável para a música e seus milhares de fãs.

Brincadeiras perigosas

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Estávamos na 2ª série do ginásio que corresponde ao atual 6º ano do Ensino Fundamental. Em nossa classe havia um japonês que morava num sítio e sempre trazia coisas de lá pra que víssemos. Certo dia, durante aula de uma professora, houve um grande sururu porque, sem mais sem menos, surgiu uma cobra entre as carteiras. Cobra d´água, verde e muito rápida que espalhou pânico fazendo a molecada correr pra todo lado e a professora gritar desesperadamente. No meio da confusão um aluno não se moveu um só milímetro de sua carteira: o japonês. Graça dele acredite. No sítio do japa - soubemos depois - haviam cobras como aquela, não-venenosas, e ele achou muito engraçado capturar uma delas e soltá-la na sala de aula.

Se bem me lembro, a situação se complicou muito para o japonês de cujo nome não me lembro. Vieram do sítio o pai e o tio que na base de muitas ponderações acabaram conseguindo que o menino não fosse expulso do ginásio estadual. Nem é preciso dizer que a punição da escola nem de longe se comparou à imposta pela família. Aqueles japoneses eram gente muito séria, imigrantes que se esforçavam na lavoura de plantio de frutas. Sei que depois do rumoroso fato o meu colega japonês parece ter entrado nos trilhos tanto que atualmente - segundo me disseram antigos colegas - é proprietário de uma grande empresa exportadora.

Lembrei-me disso ao ler que numa escola de Minas Gerais três alunos deram aos colegas bolinhas de um fruto que todos comeram. Pouco depois todos os alunos que haviam comido o fruto começaram a se coçar. Tão grande foi a coceira que mais de 100 crianças tiveram que ser levadas ao hospital da cidade onde foram medicadas. Essas crianças atualmente cursam os 6º e 7º anos do Ensino Fundamental e a diretora da escola pretende fazer uma reunião com os pais para discutir a situação.

Hoje em dia as coisas tem-se complicado. No caso de Minas é bem possível que os meninos que trouxeram as frutas não atinassem com a extensão do dano que causariam. Mas, e se alguma das crianças ficasse gravemente doente ou morresse?  Em outros casos que têm sido noticiados os estudantes envolvidos são maiores e suas ações muitas vezes causam grandes problemas. Há quem ligue a crescente violência no mundo estudantil ao hábito de jogos eletrônicos nos quais se mata por matar. É longa a história dos temíveis trotes aplicados a calouros em faculdades com consequências tantas vezes desastrosas. Aliás, hoje mesmo se noticia que uma menina de 14 anos pode ter comprometida a sua visão do olho direito em consequência de trote sofrido na frente de uma escola no Rio Grande do Sul. Ela foi atingida no olho por um ovo lançado contra ela e do grave ferimento pode resultar glaucoma ou catarata.

Dirão que quem atirou o ovo não tinha a intenção de ferir. De fato, alunos que fazem aniversário muitas vezes são festejados pelos colegas com a quebradeira de ovos lançados sobre eles. Mas, nada justifica a violência, ainda que sem intenção e ferir.

Um aluno de 33 anos matou, nesta semana, sua professora de 27 anos porque se apaixonou por ela e não foi correspondido. Matou a moça a facadas e colocou fim ao seu desencanto. Crime bárbaro, injustificável, ao qual se somam pequenas e grandes ocorrências que a todo custo devem ser evitadas.

Habemos papam

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Quem diria, o novo papa é argentino. Não dá pra esconder que torcíamos pelo nosso D. Odilo. Daí que fica engraçado ouvir as opiniões de representantes da igreja no Brasil, elogiando os membros do Conclave pela escolha de um cardeal latino-americano.

Naturalmente as piadas já começaram a partir da que diz que agora está confirmado: Deus não é brasileiro. Até que pode ser bem por aí, afinal o Brasil tem o maior número de católicos do mundo, então porque a Argentina, justamente a Argentina? Agora só falta ganharem aqui a Copa de 14 e aí estaremos mesmo por baixo. Mas que fazer se quem escolhe o papa é o Espírito Santo que guia os votos dos cardeais?

Agora, eu gostaria de saber da votação de D. Odilo. O cardeal brasileiro oferecia, entre outras vantagens, o fato de ter 63 anos de idade, portanto ser bem mais jovem que o cardeal argentino. Mas, o Vaticano não publica resultados de eleições. O voto é secreto e o resultado um mistério, exceto pela divulgação do vencedor. Mas, que fazer se o que manda é a tradição e a regra do jogo é cumprida?

Conversa mole de lado que esse Francisco I seja um bom papa. Estou na fase da vida onde não sei o que dizer sobre a existência de Deus. Hoje se publica o primeiro resultado obtido pelas 66 antenas em solo chileno cuja finalidade é a observação do Cosmos. Descobriu-se vestígios da de água em estrelas situadas a 12 bilhões de anos daqui. Isso quer dizer que esses dados obtidos representam o que existia naqueles corpos celestes há 12 bilhões de anos. Então o universo, hoje com 15 bilhões de anos de existência, não passava de um bebê recém-nascido. Haveria um Deus por trás dessa incrível criação?

Sendo impossível provar a existência de Deus fico com Kant na sua Crítica da Razão Prática na qual ele diz existir gente que precisa de ter no que acreditar. Como sou um desses que precisam…

Falam bem e mal do novo papa. Comenta-se sobre sua isenção durante o regime ditatorial na Argentina. Destacam-se suas qualidades pessoais, simplicidade e apoio aos pobres. Começa quente o tempo de Francisco I que tem pela frente a difícil missão de apaziguar a igreja e conduzir os mais de 1 bilhão de fiéis que professam a fé católica.

Vida em Marte

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Você viu as fotos de Marte tiradas pelo jipe-robô Curiosity? São fantásticas e nos trazem imagens reais do ambiente marciano. O planeta vermelho surge como imensa gleba de terra desabitada. Vales, montanhas, planícies, crateras, vulcões e canais compõem um ambiente de aspecto desértico, sugerindo que ali jamais tenha existido vida tal como a conhecemos.

Entretanto, eis que ontem divulgou-se a descoberta pelo Curiosity de uma rocha na qual foram encontrados elementos necessários à existência de micróbios disso concluindo-se que Marte já foi habitável.

O Curiosity não é a primeira sonda a descer em Marte. Desde a década de 60 do século passado sondas têm enviado informações sobre o planeta. Acontece que o Curiosty possui recursos mais avançados e ainda deverá enviar muitas informações importantes sobre o planeta.

O Marte inóspito que vemos nas fotografias transfere-nos imagens de desolação. Vento, poeira e pedras compõem um ambiente realmente desolador. Contrasta, infelizmente, com toda a expectativa gerada pela ficção em torno do planeta. Em nossa imaginação Marte é um lugar onde existe uma civilização avançada, sendo os marcianos povo aguerrido e sempre pronto a entrar em guerra com a Terra. O sonho dos marcianos é a conquista da Terra e os heróis terráqueos, para nossa sorte, sempre conseguem impedi-los. Em torno dessa ilusória situação desenvolvem-se filmes, histórias em quadrinhos, séries de TV que sempre atraem a atenção do público. E não custa lembrar da famosa transmissão radiofônica realizada pelo ator Orson Welles que espalhou pânico na população dos EUA com a leitura do livro “A Guerra dos Mundos”. O fato deu-se em 1938 e muitas pessoas abandonaram suas casas, fugindo porque os marcianos estavam chegando.

Não custa confessar que somos loucos por Marte e sempre esperamos alguma grande novidade a respeito de lá. Quem sabe dia desses não se divulga a descoberta de vestígios da existência de vida inteligente no quarto planeta do sistema solar. Seria a confirmação de nossas expectativas ficcionais e alavancaria a imaginação de muitos criadores de histórias que tanto nos deliciam.

Sondando o futuro

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Ultimamente tem-se especulado bastante sobre o que nos reservam os avanços tecnológicos num futuro não muito distante. Espera-se - não sem razão - que a tecnologia tenha progressos equivalentes aos observados nos últimos 30 anos. Se assim for pode-se esperar por grandes novidades a começar pela maior integração da aparelhagem eletrônica com o próprio corpo. Há quem diga que não muito longe a transmissão de hologramas pessoais se tornará banal. Você poderá comparecer a locais onde não está apenas enviando o seu holograma.

As feiras mundiais de tecnologia têm trazido ao conhecimento do público avanços espetaculares. Televisões com capacidade de resolução muito altas têm sido apresentadas para delírio dos espectadores diante da incrível qualidade das imagens. Artefatos tecnológicos avançados têm proliferado sendo úteis em várias áreas como, por exemplo, a medicina. De há muito são comuns cirurgias realizadas por videolaparoscopia, substituindo procedimentos invasivos do organismo e abreviando os períodos de alta no pós-operatório. Novas técnicas de diagnóstico realizadas com aparelhagem sofisticada têm permitido a cura de doenças. Transmissões com qualidade digital pelas televisões já não chamam a atenção porque corriqueiras. Muita gente possui em suas casas aparelhos reprodutores com recursos de imagens em 3D e podem assistir a filmes produzidos com esse tipo de tecnologia. Telefones que fazem de tudo são comuns hoje em dia, sendo que a cada dia as fábricas onde são produzidos lançam novos modelos com recursos mais apurados. Estima-se que os telefones em breve passarão a servir como identidade de seus proprietários.

Não custa dizer que os exemplos acima nem mesmo representam o que há de mais evoluído em matéria de tecnologia nos dias atuais. Tornaram-se rotineiros embora, infelizmente, ainda não sendo acessíveis a grande parte da população. Entretanto, ressalte-se o fato de como as novidades tecnológicas são incorporadas ao cotidiano passando-nos a impressão de que sempre tivessem existido.

Pouca gente se dá conta de que não faz tanto tempo assim não existiam telefones celulares. Na década de 80 do século passado telefone residencial ainda era um luxo pelo qual se esperava às vezes por um ano ou mais para vir a ser instalado pelas companhias telefônicas. Em 1995 comprei uma linha telefônica de um partícular em São Paulo e paguei caro por ela. Ligações feitas da rua só através de orelhões, sendo que muitas vezes enfrentavam-se filas até a chegada da nossa vez. Hoje em dia os celulares tornam possível a comunicação instantânea a partir de qualquer lugar. E que dizer dos computadores? Quem imaginaria a facilidade de uso de um tablet e as infinitas possibilidades oferecidas pela internet? Lembram-se da velocidade de 52K, via telefone, para acesso da internet? E a necessidade de um provedor de acesso local que facilitava as sempre demoradíssimas conexões?

É justamente por ter presenciado a verdadeira revolução tecnológica observada nos últimos anos e a velocidade com que ela tem acontecido que passamos a olhar para o futuro perguntando-nos sobre o que há de vir. Sinceramente, eu me sinto bem servido pela tecnologia toda vez que uso o meu ultrapassado modelo de computador. Ele é ótimo, muitas e muitas, infinitas vezes melhor que aquele PC XT que funcionava com o sistema DOS. Não tínhamos telas gráficas, o Windows ainda era um sonho e havia que se conhecer os comandos em DOS para manipular arquivos gravados em disquetes flexíveis de 5 ¼. Como o futuro era ainda promessa distante achávamos aquilo muito bom, talvez o máximo. Daí que imagino como será o mundo se daqui a 30 anos alguém comentar sobre o que hoje existe, dizendo que “naquela época, em 2013, nós achávamos os recursos tecnológicos então disponíveis simplesmente o máximo”.

Não é preciso um Super-Homem

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Entre os heróis que sempre admirei o Super-Homem ocupa lugar especial. O cara é capaz de voar nisso tornando real o sonho de milhares de seres humanos. Quantas vezes observamos com alguma inveja o voo dos pássaros, a rapidez com que se deslocam de um lugar a outro? Pois o Super-Homem se iguala aos pássaros. A essa qualidade acrescenta sua formidável força. Não foi ele quem fez o tempo voltar, fazendo a Terra girar ao contrário? Pois o Super-Homem tudo pode porque ele é de fato “super”, um herói de verdade cuja única fraqueza é a possibilidade de contato com a kryptonita, material que esgota as suas forças.

Mas, o Super-Homem só é “super” porque ele não é da Terra. Seu pai, Jor-EL, conseguiu tirá-lo de Krypton momentos antes desse planeta explodir, colocando fim na civilização kryptoniana. E a nave que trazia o menino foi cair justamente no quintal do casal Kent que o criou e deu a ele o nome de Clarck Kent.

Todo mundo conhece essa história e seus desdobramentos em milhares de tiras de gibis e filmes que arrastaram multidões aos cinemas para divertir-se com as aventuras do herói. Aliás, um herói perfeito e como deva ser, inclusive com a citada fraqueza que serve à exploração de seus inimigos entre os quais se destaca o inominável Lex Luthor.

O Super-Homem é um indivíduo medularmente bom, desses cujas ações visam apenas o bem. Ele protege o mundo, interfere em catástrofes, evita acidentes, combate tenazmente o crime. Mas, por que gostamos tanto dele, por que ficamos sentados em cinemas, olhos pregados na tela, assistindo a uma trama que sabemos irreal?

Acontece que o Super-Homem encarna a solução impossível para graves problemas contra os quais nada conseguimos. Daí deixarmo-nos levar por histórias nas quais o mundo é salvo e nossas vidas transcorram em segurança.

É a violência diária, estúpida e fora de controle que nos faz sonhar com o aparecimento de um super-herói capaz de devolver as coisas aos seus devidos lugares. Um super-herói capaz de vencer o crime e colocar os criminosos atrás das grades e por muito tempo. Entretanto, sendo isso impossível o jeito é torcer para que as nossas leis sejam mudadas e gente muito perigosa não seja favorecida por benefícios que os devolvam às ruas em pouco tempo. Só assim a guerra civil em andamento nas nossas ruas poderá ter fim e os cidadãos usufruirão de seus direitos e liberdades.

Se é impossível que tenhamos o Super-Homem pelo menos devemos exigir daqueles em quem votamos mudanças nas leis acarretando punições severas para criminosos responsáveis por tanta dor no seio de nossas famílias.

A Guerra da Coreia

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Lembro-me bem das longas conversas entre as pessoas mais velhas da minha família. Sentavam-se à mesa para um longo e calmo café enquanto trocavam impressões sobre aquele mundo do final dos anos 50 do século passado. Então os EUA e a Rússia já se digladiavam nas tertúlias da Guerra Fria e o mundo polarizado ressentia-se dos acontecimentos gerados pelas duas grandes forças. Aquele Brasil considerado quintal da América do Norte não contava quase nada no plano internacional. Os jornais que chegavam em casa, como “O Estado de São Paulo” reproduziam artigos de famosos colunistas norte-americanos como James Reston e C. L. Sulzberger. Na grande e insolúvel disputa mundial pendíamos para o “lado de cá” quer dizer dos americanos até porque a lavagem cerebral contra o comunismo era permanente.

Dessas conversas que tantas vezes ouvi sem entender direito, lembro-me bem das referências à Guerra da Coreia que, na opinião de todos, dera início à disputa entre os dois blocos antagônicos. EUA e União Soviética, aliados na Segunda Guerra, entraram em disputa no território da Coreia, fazendo antever que a mesma situação se repetiria em várias outras partes do mundo. Os russos e a China apoiavam a Coreia do Norte que invadiu o sul conquistando a capital Seul. Ao que reagiram os EUA enviando-se tropas da ONU para retomar a cidade o que de fato aconteceu. A guerra durou três anos só terminado em 1953 e deixou atrás de si esse imbróglio até hoje não resolvido entre as duas Coreias: a do norte comunista e a do sul capitalista e em grande desenvolvimento.

O isolamento e sanções aplicadas à Coreia do Norte têm provocado reações daquele país, destacando-se a tentativa de produção de armas atômicas. Estima-se que os coreanos do norte se já não possuem mísseis atômicos estão muito próximos de obtê-los, fato considerado perigosíssimo. Receia-se que pelo modo como as coisas se passam na Coreia do Norte o país não tenha receio de atacar seus inimigos, enviando mísseis nucleares contra eles.

Nesta semana o governo da Coreia do Norte declarou ter abandonado o acordo de cessar fogo realizado com a Coreia do Sul. Diante da possibilidade de serem atacados os coreanos do sul declaram que diante de qualquer ação varrerão do mapa os coreanos do norte. Eis aí pintada com cores muito vivas a possibilidade de início de um conflito de proporções inimagináveis, não sendo absurdo pensar-se na possibilidade do envolvimento das grandes potências mundiais interessadas no andamento do possível conflito.

Mas, imagino o que diriam aquelas pessoas que conversavam nos anos 50 sobre os problemas mundiais. Qual seria a opinião delas sobre a iminência de um novo ataque da Coreia do Norte à Coreia do Sul? Talvez dissessem que afinal de contas o mundo do século 21 não é diferente do mundo do século 20. Afinal, os homens são os mesmos, com as paixões e diferenças de sempre, valorizando o poder e disputas por ele. De modo que aquelas pessoas, hoje todas mortas, poderiam continuar as suas longas conversas, falando sobre ontem com a atualidade do que hoje se passa no mundo.

Há quem discorde disso, mas muita gente concorda que o mundo muda enquanto o homem permanece o mesmo em todas as épocas.

Braços esticados nas ruas

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Há dois anos estive na Austrália e vi como motoristas e pedestres e comportam no trânsito. Nas ruas de Sidney prevalece acordo mútuo em relação à sinalização: pedestre que coloca o pé na faixa atravessa sem perigo porque os carros param. Obviamente, nas ruas centrais da cidade onde o trânsito é carregado os sinais são obedecidos por ambas as partes. Mas há civilidade.

Acho loucura o que se passa hoje em dia em relação ao direito de pedestres atravessarem em faixas nas ruas onde não existem semáforos. Em especial pessoas idosas simplesmente esticam os seus braços e avançam, contando com que o gesto sirva para que os carros parem. No percurso entre minha casa e o local de trabalho passo todo dia por duas faixas onde não há semáforos. Dá aflição ver aquelas pessoas simplesmente se projetando para o meio da rua enquanto os veículos ainda estão em movimento.

Não sei se existem estatísticas sobre atropelamentos nas faixas para pedestres. Mais perigo que os carros oferecem as motos cujos condutores dirigem quase sempre com velocidades excessivas. Na cidade onde moro há uma quantidade sempre crescente de motos nas ruas sendo que os muitos condutores delas não parecem ter o treinamento adequado para se comportar bem no trânsito. Não são raros os acidentes envolvendo motos. Ano passado um amigo perdeu a mulher atropelada por uma moto num cruzamento.

Em boa hora a tolerância zero em relação ao álcool foi decretada. Estatísticas mostram a ligação entre o consumo de álcool e acidentes no trânsito. Por outro lado o grande aumento do número de veículos nas ruas das cidades tem tornado verdadeira tortura o deslocamento das pessoas. Melhoras no transporte público são necessárias, mas sabe-se lá quando acontecerão.

Hoje de manhã vi uma senhora idosa esticar o braço e partir num verdadeiro voo cego através da faixa de travessia. Um motoqueiro não parou e desviou-se dela, por pouco escapando de atropelá-la. Cena terrível, aflitiva, absurda.

Fazem-se necessárias campanhas permanentes de educação para o trânsito. O problema é que fala-se muito quando alguma regra é mudada, depois não se ouve falar mais dela. Que tal uma campanha para mais uma vez lembrar a motoristas e pedestres sobre o funcionamento das faixas em ruas sem semáforos?

Hugo Chávez

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Há quem esteja botando a boca no falecido Hugo Chávez. O corpo ainda quente do presidente da Venezuela recebe flores e bofetadas. Chávez morre, portanto, como viveu: adorado por grande parte de seu povo, mitificado e, por outro lado criticado e combatido. Mas uma coisa não se pode negar a ele: presença midiática exemplar, características incontestes de líder e grande manipulador de multidões.

Chávez foi versão atualizada de grandes figuras populistas da América Latina como Perón e Vargas. Como os dois, Chávez nunca morrerá de verdade. Se no Brasil Vargas enfrenta alguma solução de continuidade, na Argentina Perón ainda está na boca do povo. Líderes populistas, ditadores, mas amados pelo povo sempre disposto a ver neles quase que verdadeiros santos. Vargas embora massacrado pelos seus detratores, acusado, suicidou-se, mas arrastrou o povo ao seu túmulo e parece tê-lo mantido preso a si até hoje.

Não vá se negar que esse Hugo Chávez que acaba de morrer não contava com a simpatia dos brasileiros. Espalhafatoso, crítico ferrenho dos EUA, acusado de ingerências e obtenção de acordos favoráveis a seu país Chávez sempre foi visto aqui como incômodo devido à sua interessada amizade com a esquerda governista. Demais, suas amizades com os chamados párias do mundo confundia a opinião. Era amigo do peito de Fidel Castro, fraterno com o odiável Ahmadinejad e nem o falecido Gadafi deixou de ser próximo dele. Inteligente, esperto, Chávez queria a proximidade com o Oriente Médio, pensando ressuscitar a velha OPEP.

Chávez entra para a história como personagem controvertido. Presidente eleito quatro vezes em seu país graças a uma mudança na Constituição deslocou os lucros da venda do petróleo para tirar da pobreza milhares de pessoas. De outro lado a Venezuela, país com enormes recursos petrolíferos ressente-se da falta de investimentos, convive com inflação alta e até escassez de gêneros. Obviamente, a oposição se bate contra isso, mas não chega a ser expressiva diante da força de Chávez que pune seus inimigos, fecha meios de comunicação hostis e manda em tudo a seu modo. Era assim até agora.

Se até agora era assim pergunta-se como será daqui pra frente. Chávez deixa para o seu lugar o Maduro que todo mundo acha que vencerá as próximas eleições. Mas, Maduro não parece nem de longe ter as aptidões de Chávez. Pouco antes de anunciar a morte de Chávez Maduro tentou ligá-la a ação dos grandes inimigos do norte, os EUA. De que modo os EUA interferiram no câncer que matou Chávez não se faz a menor ideia.

De todo modo Hugo Chávez deixa um vazio nesse mundo no qual pouca gente chama a atenção. Não deixava de ser interessante vê-lo a convencer a gente tupiniquim a apoiá-lo, favorecendo os interesses da Venezuela.

O governo brasileiro decretou luto oficial por três dias em homenagem a Hugo Chávez. Onze países fizeram o mesmo e a morte do presidente provoca comoção em várias partes do mundo.

O novo Batman

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Sou fã incondicional do homem morcego. Menino e rapaz devorei todos os gibis e notícias sobre Batman e suas aventuras contra grandes vilões como o Coringa. Batman, Robin, Mulher-Gato, o Comissário Gordon e Gothan City sempre fizeram parte do meu imaginário que tantas vezes me leva a pensar neles como reais. De fato existe em algum lugar uma cidade chamada Gothan City onde o milionário Bruce Wayne se transforma no Batman e sai em seu batmóvel para enfrentar o crime.

Achei simplesmente fantástico o último filme - Batman, o cavaleiro das trevas ressurge – com Christian Bale no papel do herói, sempre sob a tutela de seu mordomo Alfred. Aquele Batman envelhecido que retorna à ativa, contrariando os conselhos de Alfred que diz a ele que já não é o mesmo de antes, é espetacular.

Na vida real vez ou outra aparece algum Batman. Lembro-me de um menino que ganhou uma roupinha de Batman e virou super-herói assim que se viu dentro dela. Tanto que ato contínuo foi até a janela do apartamento onde morava e se jogou. Por sorte morava ele no primeiro andar e sua queda foi amortecida pela grama alta do jardim. O voo custou ao Batman mirim uma fratura no braço e algumas escoriações. Sobreviveu e não sei por onde ele anda hoje em dia, vacinado que foi contra ideias de superpoderes.

Nesta semana divulgou-se na internet uma foto que correu o mundo. No Reino Unido um homem, fantasiado de Batman, entregou à polícia um sujeito acusado de fraudes. Após simplesmente dizer que trouxera o bandido para entregá-lo sumiu sem que fosse reconhecido. Sobre esse Batman recaiu toda a magia do justiceiro dos filmes fato que conferiu ao seu ato grande repercussão. Um Batman de verdade - ou mais de um - é tudo o que precisamos.

Mas, infelizmente, também esse Batman revelou-se uma fraude. Descoberta a sua identidade revelou ele que, na verdade, era um amigo do acusado e combinara com ele entregá-lo à polícia fantasiado de Batman.

Mistério resolvido voltamos à estaca zero, talvez sonhando com que dia desses o sinal do Batman seja projetado nos céus de nossa cidade e, de repente, o homem morcego surja entre nós para combater o crime.