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Além do palco

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O que se vê no dia-a-dia é o espetáculo que se desenrola ao redor. Peça escrita com finalidade de tornar os espectadores crédulos e confiantes. Você trabalha, diverte-se quando pode, fornica às vezes, sustenta sua família etc. Ainda bem que sua vida depende de um sistema confiável no qual as regras do jogo são garantidas e o bem-estar comum é preservado. Para produzir bem você precisa acreditar nisso. Confiar é a palavra mágica. Daí que legisladores, autoridades e gente que manda se empenhem em produzir contextos nos quais o cidadão tenha a ilusão de que tudo vai bem, a vida caminha.

De repente a falha. Os organizadores do espetáculo erram no ponto. O pano de fundo rasga-se e os espectadores passam a ver o que se passa além do palco. Peças de montagem antes ocultas surgem diante de olhos estarrecidos. A grande farsa é descoberta. Revela-se que as regras que comandam a sua vida são diferentes das seguidas pelos organizadores do mundo. Falcatruas emergem e chegam à luz. Desvios de somas fantásticas de dinheiro, incomparáveis com o que você consegue à custa de muito suor. Então o mundo roda de cabeça para baixo. O sistema no qual você confia é falso. Suas convicções sobre certo e errado embaralham-se. Em meio à descoberta do banditismo geral o homem comum sente-se atordoado. O mal vence o bem e ponto final.

Mensalão, Petrolão, escândalo da FIFA… Onde fica o homem comum em meio a esse turbilhão de banditismo engravatado que espolia a sociedade e a fere de morte? Mas é preciso acreditar em alguma coisa porque senão a vida perde o sentido. A crise será temporária, não? O homem é um ser bom e tudo tem remédio, não?

Assim correm os dias.

Escrito por Ayrton Marcondes

9 junho, 2015 às 12:54 pm

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Quem quer pode…

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… quem não quer manda. Se nenhuma das duas hipóteses servir ao problema em questão, o jeito é …

Não sei quanto a você, mas já me aproximo da saturação nesse imenso rolo político, econômico e social que estarrece a pátria verde-amarela. Nenhuma solução à vista. Ninguém diz algo que realmente encaminhe o imbróglio para os lados da solução. Cada um tem a sua verdade e a verdade de cada um parece não servir aos outros. Afora a teia de mentiras, negações, corrupção inimaginável, descalabro político e falta de governança.

Fala o Brasil: onde foi que eu errei? Não terei entregado o meu vasto território a um povo que não o mereceria? Será que o meu pecado vem das origens, desde o descobrimento? Aquele Cabral que me deflorou era mesmo o cara certo?

Ninguém sabe. Na reunião anual das terras do mundo o Brasil se vê em maus lençóis. Não tem como se explicar. Chega a ouvir gracinhas de minúsculas terras africanas que aproveitam a desgraça alheia para se vangloriarem. Terra por terra o Brasil está em desvantagem. Coisa intolerável para um território quase continental.

Nós que andamos sobre esta terra, nós que a pisamos não temos feito a nossa parte. Pois o que hoje está em falta no país é aquele tal de estadista. Estadista! O tal sujeito que quando quer pode, quando não quer sabe mandar. O tal sujeito com olhos que veem léguas adiante e sabe muito bem o que quer.

A crise do Brasil só se resolve tendo à frente um verdadeiro estadista.

Navio sem comando naufraga na primeira tempestade.

Panelaço

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Ontem li Ferreira Gullar desculpando-se por tornar sempre ao assunto política brasileira. Justificava-se o poeta, dizendo ser impossível ignorar o que se passa no país.

Não dá mesmo. Você até pode fazer força para se alienar, mas aí para no posto para abastecer o carro, faz compras no supermercado, paga o plano de saúde e a escola do filho etc. A realidade bate à porta, melhor dizendo, no bolso. E garante-se que as coisas tendem a piorar e muito.

Enquanto isso a Lava Jato vai comendo pelas beiradas, correndo em direção ao centro. A tal lista do Janot deixou a classe política de joelhos. Um bando de acusados de se locupletar com propinas cedidas por empreiteiras teve seus nomes acolhidos no Supremo Tribunal Federal. Seguem-se, agora, os inquéritos.

Os acusados protestam. O vice-governador da Bahia produziu a seguinte pérola: “estou cagando e andando, no bom português, na cabeça desses cornos todos”. Depois desculpou-se da ofensa à sociedade. No fundo todo mundo está mesmo é tremendo. Ouvi no rádio que existem provas contundentes. No que vai dar só saberemos no futuro.

No momento ninguém fala bem do Brasil. Dá tristeza ver o que se publica sobre o país no exterior. Pintam o pior dos cenários. O escândalo da Petrobrás feriu fundo a credibilidade do governo e do país.

E o governo, atônito, se emprega em negar o tamanho da crise. Culpa a economia exterior e tudo o que puder ser apontado como fator desencadeante do que está aí. Enfim, não se assume.

Por tudo isso as pessoas protestaram ontem durante a fala da presidente na televisão. Panelaço. Viramos a Argentina.

O que assusta é a ausência de perspectiva. Não se acredita que da noite para o dia o trem volte aos trilhos. O Brasil exuberante encontra sua imagem algo deformado no espelho da história.

Vai passar, temos que acreditar.