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Em quem votar?

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Correm céleres as opiniões sobre a escolha do novo presidente. O assunto empolga. Os dois candidatos contam com taxas de rejeição altíssimas. Em torno de ambos se cerra um clima de desconfiança. Quanto mais se discute mais as cosias ficam confusas. De um lado a herança do maior caso de corrupção já registrado na história do país. O receio de que continuemos a ser roubados empalha a candidatura do candidato do PT. De outro o receio do autoritarismo, do fascismo e nova ditadura. Generais que possivelmente ocuparão ministérios no futuro governo não escondem suas intenções quanto à “normalização” da vida pública no país.

Entre dois fogos, a pergunta: em quem votar? Confesso meu receio em relação ao autoritarismo. Em 1964 eu era um estudante do curso colegial, atualmente Ensino Médio. Estava na primeira série do colegial quando o golpe de 64 aconteceu. Naquela ocasião morava em Itu e, vez ou outra, frequentava o clube da cidade, sempre levado por um amigo. Entretanto, não era sócio. Na verdade, a minha entrada ficava na dependência de uma cortesia do clube a meu tio que ocupava cargo importante na magistratura da cidade.

Ocorre que dois dias depois do golpe fui ao clube com o meu amigo. Barrado na entrada, fui conduzido à sala do presidente do clube, um coronel. Durante bom tempo ficamos, eu e o amigo, em pé no canto da sala, esperando que o presidente se dignasse a atender-nos. Até que, em certo momento, ousei dirigir-me ao homem. Fui recebido com uma saraivada de palavras duríssimas. Ouvi um discurso sobre a necessidade de acabar com privilégios. Ao que praticamente me vi expulso do lugar. Iniciava-se uma nova era.

O problema maior do autoritarismo é o fato de despertar, mesmo em membros da mais baixa hierarquia, a sensação de que não só possuem muito poder como estão imbuídos da missão de reprimir e consertar tudo. Isso eu não entendia na época, mas tive muitas oportunidades de presenciar com o passar dos anos.

Inimaginável o retorno ao governo daqueles que traíram a confiança que neles depositamos, locupletando-se em negociatas que envolveram somas absurdas de dinheiro. Também inimaginável a entrega do governo a um grupo cujo discurso a cada momento dá mostra de suas intenções nem sempre democráticas.

Então, em quem votar?

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Aproximam-se as eleições municipais. No próximo dia 7 de outubro os brasileiros irão às urnas para escolher prefeitos e vereadores que constituirão as Câmaras Municipais. Sendo o voto obrigatório em nosso país ninguém poderá se furtar ao dever de votar, sendo necessário justificar-se em cartório em caso de não comparecimento.

Até as eleições os brasileiros terão tempo suficiente para analisar as propostas dos candidatos e escolher aqueles que receberão a confiança de seus votos. Trata-se de um período muito útil para a prática do civismo, ponderando os eleitores sobre os problemas das cidades onde vivem e a melhor forma de solucioná-los. O que se busca é a melhoria da qualidade de vida, mais segurança, oportunidades de trabalho, assistência à saúde, boas escolas, cuidados com a água e o esgoto e por ai vai. Entretanto, é justamente ao refletir sobre as necessidades públicas e o modo de saná-las que o eleitor se defronta com dúvidas tremendas ligadas à escolha dos candidatos em que votará. Mas, por que a escolha é difícil?

Muitos fatores podem ser citados para responder à pergunta anterior. O caminho mais fácil talvez seja  justamente o de se prestar atenção à propaganda eleitoral atualmente em curso nos meios de comunicação. A verdade é que, excetuando-se alguns casos realmente bizarros, verifica-se que praticamente 100% dos postulantes a cargos públicos falam a mesma coisa, prometendo muito, até mesmo coisas que jamais serão realizadas por inexequíveis. Melhorias na educação e na saúde fazem parte, por exemplo, da quase totalidade das propostas embora na maioria das vezes quem assim propõe não seja capaz de detalhar os meios para que isso seja realizado. E que dizer das visitas de candidatos a bairros onde vivem populações menos favorecidas aos quais certamente eles não voltarão depois de eleitos? É muito fácil falar diretamente aos pobres no sentido de aliciá-los com promessas em troca de votos. Calçamento de ruas de terra, introdução de rede de esgoto, legalização de terrenos onde já existem casinhas construídas sem posse de escrituras, iluminação pública a jato, construção de pronto-socorro na periferia, tudo isso é prometido a cada quatro anos por ocasião de eleições sem que pouca coisa ou mesmo nada seja levado em frente.

Os candidatos com maiores probabilidades de serem eleitos em geral são os de sempre, os mesmos de antes que pouco fizeram em gestões anteriores e, muito provavelmente, não farão grande coisa caso retornem ao poder. Os mais novos em geral mostram despreparo para a coisa pública e não empolgam. Talvez por isso o dia 7 de outubro mais pareça aos eleitores um momento de cumprir a obrigação imposta que de escolher pessoas nas quais confiam para ocupar cargos públicos tão importantes.

Mas, não que se perca a esperança. O brasileiro é otimista e quem sabe desta vez as coisas se passarão de modo diferente. Bons políticos serão eleitos, a corrupção será banida do país e os municípios receberão impulsos de crescimento e aprimoramento nos anos que virão. Afinal, é assim que se constroem nações fortes nas quais a qualidade de vida é um bem ao alcance de todos.

Resta votar bem e esperar.