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O VOO AF 447

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Não há como passar ao largo das notícias sobre o acidente aéreo ocorrido dias trás com um avião da Air France. O assunto é tratado à exaustão em todos os meios de comunicação acrescentando-se, a cada hora, pronunciamentos sobre as razões do acidente, busca de sobreviventes, destroços e sinais captados por radares.

A pior parte de tudo isso acontece quando a até então massa indefinida de possíveis mortos começa a se personalizar. De repente, aqui e ali, os nomes de uma lista transformam-se em pessoas, vemos suas fotos e conhecidos falam sobre elas. Um casal viajava em férias, um engenheiro ia para receber um prêmio, um assessor de governo viajava a serviço e levava a esposa para a lua-de-mel que não puderam ter dois anos antes.

Devagar nos damos conta de que estão a falar sobre gente como nós e começamos a partilhar da dor dos parentes e amigos. O que de início figurava-se como acontecimento distante e que pouco tinha a ver com a nossa rotina atinge-nos mais fortemente e nos perguntamos o porquê disso tudo, e se alguém que amamos estivesse a bordo, e se tivesse acontecido comigo e assim por diante.

Em casos assim me assombram os tais últimos segundos, o curto e imenso período entre o desencadeamento da catástrofe e a consumação final da morte. Imagino a incredulidade diante do irreversível, talvez a esperança de que por milagre tudo volte ao normal, enfim as coisas que possivelmente passam pela cabeça das pessoas em seus instantes finais de vida, se é que lhes é dado um último momento de racionalidade em meio à catástrofe.

Mais de duzentas pessoas desaparecem para sempre, tragicamente. Acontecimentos dessa ordem depõem contra a noção que temos sobre a racionalidade do que fazemos. Mas a vida continua plena de inquietações que se renovam as quais, felizmente ou não, nos ajudarão a deixar para trás tão horrível tragédia.

Escrito por Ayrton Marcondes

3 junho, 2009 às 12:55 pm

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