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Mulheres virgens

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Está na Revista Playboy deste mês a notícia de que a atleta norte-americana Lolo Jones , é virgem e pretende ficar assim até se casar. Segundo afirma a virgindade é um presente que pretende dar ao futuro marido quando vier a se casar. No momento a atleta de 29 anos de idade está solteira e prepara-se para as Olimpíadas de Londres. Diz ela que é mais difícil manter a virgindade do que treinar para a próxima competição mundial para qual é apontada como nome forte para conseguir o ouro na prova de 100 metros com barreiras.

Lolo Jones aponta como razão para manter a virgindade o desejo de vir a ter uma família sólida, diferente d o lar conturbado de seus pais. Conta, também, sobre sua infância difícil, na qual chegou a roubar comida congelada em supermercados para matar a fome.

Lolo Jones me fez voltar ao tempo em que cursava a faculdade. Então tínhamos uma professora assistente de uma das matérias, uma loira encorpada que estava longe de ser bonita, mas de aspecto agradável. Mulher muito séria auxiliava-nos em experiências no laboratório e, por vezes, substituía a professor titular da matéria em aulas teóricas.

Passamos um ano inteiro convivendo com ela sem que tenha ocorrido entre nós nada mais que as relações formais e habituais de professores e alunos. Isso durou até que organizamos um churrasco de despedida ao final do ano letivo para o qual ela foi convidada e compareceu. Muito na dela, como sempre, a professora manteve-se discreta até que, de repente sentou-se a uma mesa em que eu estava com amigos e começamos a conversar. Não sei dizer as razões pelas quais a partir daí ela transformou-se, creio que tenha bebido um pouco, coisa que talvez não fosse de seu hábito, mas que de todo modo soltou-lhe a língua. O fato é que papo vai, papo vem, declarou-se ela, enfaticamente, solteira e virgem aos 29 anos de idade. Entretanto, avisou-nos de que sua intenção era a de manter-se assim até completar os 30 anos, coisa que viria a ocorrer dentro de alguns meses. Caso até a data de seu próximo aniversário não tivesse se ligado a algum homem com a intenção se casar estava decidida a mandar a virgindade às favas com o primeiro que aparecesse.

Corria o início da década de 1970 e vivíamos numa época de silêncio imposta pelo regime militar que governava o país.  Éramos, então, rapazes novos, em início de curso superior e não habituados a ouvir confissões daquele teor, ainda mais de alguém que fora nossa professora naquele ano.

Essa história estaria terminada com o fim esperado de uma despedida para sempre ao fim da churrascada se, alguns anos depois, eu não tivesse me encontrado com um colega que também estivera sentado à mesma mesa, comigo, por ocasião da confissão da professora. Encontrei-o numa estação do metrô e, conversa vai, conversa vem, contou-me ele que se casara justamente com a professora. Tive enorme vontade de perguntar a ele se, por acaso, aquela estranha conversa na mesa do churrasco influíra na escolha dele para a parceira de toda a vida. Mas, não tive coragem. Depois que nos despedimos raciocinei que ele se casara com a professora anos depois de ela completar os 30 anos de idade. Teria ela mantido a virgindade ou cumprira a promessa de perdê-la com o primeiro que aparecesse após o seu trigésimo aniversário?

Perguntas inúteis, sem respostas possíveis, mas que despertam a curiosidade sobre o modo inesperado de ser das pessoas e as armadilhas que a vida nos prepara.



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