2011 abril at Blog Ayrton Marcondes

Arquivo para abril, 2011

Sydney, Austrália

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Amigo, se você não sabe se vale a pena ou não conhecer a Austrália pode deixar de lado a sua dúvida. Vale e muito, no mínimo para entrar em contato com outra cultura e modo de ser, ainda que bastante diferentes daqueles a que você está habituado. Afinal, não é todo dia que você vai a um bar e corre o risco de receber uma recusa ao tentar tomar mais um chope porque acham que você já bebeu demais e está ficando bêbado. O problema é que se você se embebedar e algo acontecer - vir a ser atropelado, por exemplo – toda a responsabilidade passa a ser das pessoas que venderam as bebidas.  Mais: é bem possível que no mesmo bar vossa possa comer gratuitamente alguma coisa para que não beba de estômago vazio.

Há lugares no mundo que não fazem jus ao que deles se diz. Sidney, a maior cidade da Austrália, não pertence a essa categoria. De fato, a cidade reserva inúmeras surpresas aos seus visitantes, muitas delas não contidas nos guias turísticos. Para quem duvida que se embrenhe numa das trilhas próximas à praia de Manly e alcance lugares com vistas realmente espetaculares do Oceano Pacífico e a costa australiana.

Sydney é a Opera House, a Harbour Bridge, o Botanic Gardens, a George Street, o maravilhoso Darling Harbour e muito mais. O importante é conhecer esses lugares com olhos menos de turista abismado e mais com os de quem verifica o que se conseguiu construir num país com apenas duzentos anos de existência. Vista sob esse ângulo a Austrália não deixa de ser um lugar surpreendente e Sydney torna-se referência essencial para quem deseja compreender o país.

Para falar apenas de uma, entre as muitas atrações de Sydney está o Darling Harbour, um grande complexo de entretenimento. Ali, além da grande beleza do lugar, o visitante encontra museus, restaurantes, bares, o Sydney Sea Aquarium  e o Wildlife Wordl. O Aquarium é realmente muito bom, oferecendo a oportunidade de ver de perto inúmeras espécies aquáticas.   No Wildlife o visitante tem a oportunidade de conhecer de perto espécies características da região como os cangurus e os coalas. Ok, você já viu esses animais em fotografias, mas não deixa de ser emocionante ver um coala ao vivo e a cores, dormindo , agarrado a um galho de árvore.

Em tudo o que se vê persiste um clima de “outro lado do mundo” com características próprias e inconfundíveis. A todo o momento não há como não se comparar a Austrália com a nação de origem do visitante, seja pela extrema ordem e certo exagero de cuidados com o que quer que seja. No caso de brasileiros não há como negar certo impacto diante da diferença observada no modo de ser do povo e o espírito de organização imperante.

Sydney é uma ótima opção turística para quem deseja conhecer algo de novo e diferente. Pode-se estranhar que nada funcione após as onze da noite, que não se possa comer e beber na praia ou que existam mãos para pedestres nas calçadas. Questão de hábitos, nada além disso. Você pode ser uma pessoa muito exigente em matéria de observar coisas novas, mas ainda assim vai gostar de Sydney.

Ah, a cor das águas do Pacífico é de um azul diferente, incrível. Parece que a toda manhã um pintor espalha tintas sobre as águas, antes que o Sol apareça, só para fazer festa aos olhos das pessoas.

Autobiografias

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Há quem tenha muito a contar sobre si mesmos daí as autobiografias serem benvindas. Lemos biografias e autobiografias porque nos interessa saber a opinião ou o ponto de vista de personalidades marcantes que, de uma forma ou de outra, interferiram em nossas vidas muitas vezes afetando o nosso modo de pensar. No caso de autobiografias existe um acordo tácito entre leitores e o autor: espera-se dele a verdade, que não minta ou exagere. Sem isso as autobiografias carecem de sentido e revelam-se um engodo desnecessário. Que fique bem claro: autobiografias não pertencem ao gênero da ficção.

Existem pessoas, em geral celebridades eleitas pela mídia, que publicam autobiografias que parecem servir a elas para exorcizar os seus demônios. Trata-se de confissões públicas, muitas vezes lavagem de roupa suja de um passado que se quer a todo custo apagar. Em alguns casos essas autobiografias também funcionam como acerto de contas com pessoas que, de um ou outro modo, prejudicaram o biógrafo que delas se vinga publicamente, expondo os seus podres. Para o inferno aqueles que merecem nele estar, esse parece ser o real motivo que leva algumas pessoas a escrever sobre si mesmas sem esquecer-se de dinamitar alguns de seus desafetos.

“All That Is Bitter & Sweet” é o título da autobiografia da atriz Ashely Judd que acaba de ser lançada nos EUA. No livro a atriz confessa que sofreu abusos sexuais em sua infância. Relata, com detalhes, que um amigo da família a fez sentar-se no colo dele e introduziu a língua em sua boca. Também conta que sua família usava maconha regularmente e que seu pai consumia alucinógenos. A mentira era comum na família: a mãe da atriz, lenda da música country, mentiu ao marido sobre sua paternidade em relação a uma irmã de Ashley: ele não sabia que a outra menina não era filha dele.

Sabe-se que confissões desse gênero encontram ávidos consumidores, pessoas que se comprazem em saber que por detrás da aparência limpa de uma celebridade existe um mundo oculto de podridão que iguala os famosos aos mortais comuns. Entretanto, é o caso de se perguntar a quem realmente interessa uma história dessas. Pois, a resposta é bem simples: interessa à Ashley Judd que não só se vinga de seus familiares e amigos próximos como se liberta da pesada carga que carregou até agora, ela que tem 42 anos de idade.

Estranho o caminho escolhido por certas pessoas para o ajuste de contas com o seu passado. No caso de Judd certo grau de despudor abre as comportas de sua alma que se revela aos seus leitores. Mas, também há que se pensar no custo e benefício do ato a que Ashley Judd se impôs. Convenhamos que uma biografia da atriz, sem essa pitada de nonsense, dificilmente vingaria no mercado editorial. É a força da miséria, pois, que projeta a atriz e seu livro, fazendo de ambos objeto de observações, como essas aqui grafadas.

Questão de nacionalidade

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Imagine um lugar onde as coisas se passem de modo diferente daquele ao qual você está acostumado. Em primeiro lugar destaque-se o silêncio, pessoas falando baixo, cada um na sua e tratando os seus semelhantes com muita cortesia. A isso se acrescente uma ordem natural em tudo: carros parando para que os pedestres atravessem ruas, ruas muito limpas, nada de trombadinhas, nada de ambulantes abordando motoristas no sinal fechado, nada de mendigos implorando esmolas e crianças maltrapilhas correndo por toda parte. E mais: nenhum perigo de ser atingido por uma bala perdida, criminalidade praticamente inexistente, possibilidade de andar livremente pelas ruas carregando valores sem ser assaltado ou morto.

Pensou nisso? Pois é, parece irreal, né? Entretanto, acredite, existem lugares assim e a Austrália é um deles, pelo menos nas grandes cidades. A verdade é que num lugar como esse tudo parece muito estranho para quem está acostumado à loucura que é a vida cotidiana no Brasil. Imagine tomar um ônibus no qual as pessoas só faltam dar flores ao motorista e os bancos são estofados, tão limpos de dar nos nervos, afora a perfeita ordem com que os passageiros sobem e descem no coletivo e o fato de não se ouvir mais que os sussurros das conversas entre as pessoas.

Pois é. Explicações existem entre elas a tradição cultural, a riqueza do país, a densidade populacional, diferenças regionais dentro de um mesmo país, a economia e o desenvolvimento, o nível educacional etc. Entretanto, para dizer a verdade, ao temperamento efusivo dos latinos, toda a ordem de lugares como as principais cidades australianas parecem, para dizer o mínimo, estranhas. Trata-se de um maravilhoso sem emoção, de cores lindas e perfeitas que não chegam a ser arte. Talvez se possa dizer que a Austrália é um mundo com o qual sonhamos, mas com o qual nos estranhamos ao vê-lo tornar-se real.

Dirão que comentários assim só podem partir de terceiros mundistas. Pode ser. Mas que no final das contas de vez em quando fazem falta o nosso odiado batuque e aquele cacho de frutas na cabeçada Carmem Miranda. Amigo pode ser brega, mas aquela droga toda pelo menos de vez em quando faz falta, ainda que seja para que a gente possa abrir a janela e gritar: para com essa porcaria de barulho.

Escrito por Ayrton Marcondes

7 abril, 2011 às 6:14 am

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Vida de parlamentar

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Será implicância? O fato é que a turma anda de olho no deputado Tiririca. Lê-se que ele empregou humoristas do Programa “A Praça é nossa”. O detalhe é que os dois humoristas receberão R$ 8000,00 mensais, cada um, e ficarão em São Paulo, nada fazendo na  capital federal.

Também se lê que o deputado Tiririca pagou um resort, em Fortaleza, com dinheiro público. Destaca-se que o resort se localiza a 3000 km do reduto eleitoral do deputado. Mais: noticia-se que a Sony foi condenada a pagar uma indenização de pouco mais de R$ 1 milhão por ter vendido um disco de Tiririca que contém a música “Veja os cabelos dela” cantada pelo deputado. Considerou-se racista a letra da música daí a condenação da gravadora. Jornalistas estranham não se responsabilizar Tiririca pela gravação.

O deputado Jair Bolsonaro está sendo acusado de homofobia e racismo por declarações feitas no programa CQC. Perguntado por Preta Gil como agiria se o filho se apaixonasse por uma negra ele respondeu:

 “Isso nem passa pela minha cabeça. Eles tiveram uma boa educação, com um pai presente. Então, nem corro esse risco”.

Agora todo mundo quer processar Bolsonaro que, de resto, gosta de polêmicas. Mas, no caso de Tiririca vale perguntar se não estão embirrados com ele. Deputado mais votado do país em um Estado que não é o seu de origem, palhaço de profissão, acusado de ser analfabeto funcional, por isso e muito mais Tiririca é notícia. O interessante é que todo mundo sabe o que esperar dele. Obviamente, trata-se de alguém fora de seu nicho, que demorará a entender as limitações impostas pelo cargo que ocupa. Não é ocaso de defendê-lo, afinal trata-se de dinheiro público. Entretanto, nesse caso, parece que, se culpa existe, pertence aos eleitores que puseram Tiririca em Brasília. Ao votar nele, seja por simpatia, descaso ou protesto, os eleitores fizeram uso de seus direitos inalienáveis de escolha.  Agora resta ver no que vai dar. Tiririca é uma caixa de surpresas, prato perfeito para a mídia que anda à caça de notícias, melhor ainda se forem espalhafatosas.

Vida de parlamentar não é fácil não, meu amigo, ainda mais se o camarada for despreparado.   A coisa só é boa para os profissionais do ramo que não se metem em bobagens como pagar R$ 600,00 em um resort com dinheiro público. Para esses os golpes são grandes, milionários e deles nem sempre recebemos notícias. Veja aí o retorno à ativa da turma do mensalão. Já se anda dizendo que os acusados, agora ocupando cargos importantes, darão a volta por cima. Aí é só esperar gente que deu golpe grande apontar o dedo para a nação dizendo-se injustamente acusados. A nós restará, caso aconteça mesmo, uma revisão no conceito de Justiça.