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Questão de nacionalidade

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Imagine um lugar onde as coisas se passem de modo diferente daquele ao qual você está acostumado. Em primeiro lugar destaque-se o silêncio, pessoas falando baixo, cada um na sua e tratando os seus semelhantes com muita cortesia. A isso se acrescente uma ordem natural em tudo: carros parando para que os pedestres atravessem ruas, ruas muito limpas, nada de trombadinhas, nada de ambulantes abordando motoristas no sinal fechado, nada de mendigos implorando esmolas e crianças maltrapilhas correndo por toda parte. E mais: nenhum perigo de ser atingido por uma bala perdida, criminalidade praticamente inexistente, possibilidade de andar livremente pelas ruas carregando valores sem ser assaltado ou morto.

Pensou nisso? Pois é, parece irreal, né? Entretanto, acredite, existem lugares assim e a Austrália é um deles, pelo menos nas grandes cidades. A verdade é que num lugar como esse tudo parece muito estranho para quem está acostumado à loucura que é a vida cotidiana no Brasil. Imagine tomar um ônibus no qual as pessoas só faltam dar flores ao motorista e os bancos são estofados, tão limpos de dar nos nervos, afora a perfeita ordem com que os passageiros sobem e descem no coletivo e o fato de não se ouvir mais que os sussurros das conversas entre as pessoas.

Pois é. Explicações existem entre elas a tradição cultural, a riqueza do país, a densidade populacional, diferenças regionais dentro de um mesmo país, a economia e o desenvolvimento, o nível educacional etc. Entretanto, para dizer a verdade, ao temperamento efusivo dos latinos, toda a ordem de lugares como as principais cidades australianas parecem, para dizer o mínimo, estranhas. Trata-se de um maravilhoso sem emoção, de cores lindas e perfeitas que não chegam a ser arte. Talvez se possa dizer que a Austrália é um mundo com o qual sonhamos, mas com o qual nos estranhamos ao vê-lo tornar-se real.

Dirão que comentários assim só podem partir de terceiros mundistas. Pode ser. Mas que no final das contas de vez em quando fazem falta o nosso odiado batuque e aquele cacho de frutas na cabeçada Carmem Miranda. Amigo pode ser brega, mas aquela droga toda pelo menos de vez em quando faz falta, ainda que seja para que a gente possa abrir a janela e gritar: para com essa porcaria de barulho.

Escrito por Ayrton Marcondes

7 abril, 2011 às 6:14 am

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Postado em Cotidiano

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