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O fuzil de Michael Jackson

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Há quem diga que Michael Jackson não morreu e aguarda-se seu retorno. Ao morrer o ídolo pop deixou órfãos milhares de fãs que não se conformam com seu desaparecimento. Aliás, sobre as circunstâncias da morte de Jackson ainda permanecem algumas sombras sejam elas reais ou inventadas.

Em vida Jackson foi o que foi. Astro de primeira grandeza era um sujeito para lá de esquisito. Mas, quando incorporado em sua arte de intérprete e exímio dançarino não deixava de ser simplesmente fantástico. Enlouquecia seus admiradores e arrastava atrás de si legiões de verdadeiros fanáticos. As acusações que a ele fizeram relacionadas à pedofilia nunca foram comprovadas. Jackson adorava crianças e parece que vida afora nunca deixou de ser ele próprio uma criança.

Em sua conturbada passagem pelo Brasil, onde veio para gravar um clip, Michael Jackson esteve no Rio onde dançou na plataforma da favela situada no morro de Dona Marta. O momento foi eternizado através de uma estátua do cantor que se tornou atração turística na comunidade local.

Mas, é o Rio. Como se sabe a cidade maravilhosa - e ponha-se maravilhosa nisso - atravessa, talvez, o pior momento de sua história. Sitiada pela violência, assistindo a inúmeros assassinatos que se repetem no dia-a-dia, a cidade oferece ao mundo um triste espetáculo de perda da cidadania. Ninguém parece estar seguro no Rio onde facções criminosas dominam o tráfico de drogas e matam, quase sempre impunemente, cidadãos, policiais e mesmo os próprios traficantes. Fotos de bandidos portando armas potentes não são incomuns nos jornais. Muitas vezes até meninos são flagrados portando armamento pesado.

Em meio a essa triste situação eis que nem Michael Jackson é poupado. Está nos meios de comunicação uma foto de sua estátua na qual aparece um fuzil pendurado ao seu pescoço. A arma de grosso calibre na estátua viralizou nas redes sociais e repercutiu em toda parte.

Agora a polícia informa que, após ação realizada na Favela de Santa Marta, suspeita-se que o fuzil tenha sido colocado na estátua por traficantes. Não respeitaram os bandidos o símbolo da visita do cantor ao local. Michael Jackson estivera ali em 1996 e, no local, gravara cenas do clipe da música “They Don´t Care About Us”.

Emburrados

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Sabe aquele filho que, depois de receber uma bronca, fica num canto, calado e se recusa a comer? Então, esse aí é o cara quem chamamos de emburrado. Para tirá-lo dessa condição só uma nova bronca ou, simplesmente, ignorá-lo.

Mas, existe outro tipo de emburrado, gente que se queima com coisas ou medidas de que não gosta. Está acontecendo agora no Rio de Janeiro: segundo o Secretário de Segurança os traficantes estão praticando crimes como forma de reação à pacificação de favelas e transferência de presos. Estão emburrados: pronto. Tão emburrados que queimam carros, jogam granadas e atiram com armas de grande alcance.

Enquanto os bandidos estão de bico, a população vive o seu cotidiano de incertezas. O cidadão sai de casa de manhã e não sabe se volta. A insegurança é total, absurda, incontrolável. Existe um poder paralelo no Rio que se dá ao desfrute de ficar emburrado e sair por aí cometendo crimes como forma de retaliação.

Meus camaradas, o nome do que está acontecendo no Rio é guerra. Podem colocar panos quentes, dizer que se está conseguindo muito e que o esforço para conter a criminalidade é enorme. Tudo bem. Mas a guerra continua e o Rio, com toda a sua beleza, vai ficando mais para Afeganistão que Brasil.

Nós que amamos tanto o Rio sofremos com isso. Sofre-se de longe pela boa gente carioca que se vê no meio dessa balbúrdia. Crimes terríveis acontecem em nome da supremacia de facções ligadas ao tráfico. Agora, nova componente acrescenta-se a essa triste história: o crime dos emburrados. Pode?

Não sei não, mas a violência explícita perdura há tanto no Rio que é difícil acreditar que um dia a cidade retorne à paz e normalidade. Mas, não custa torcer.