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O problema do mal em Star Trek

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Das muitas interfaces propostas pelo último Star Trek destaca-se a da prática do mal. Como em outras situações, no filme o mal fica por conta de um vilão qualificado para a execução de seus atos pérfidos.

Vilões constituem-se em parte fundamental de muitas das tramas que lemos ou assistimos. Vilões identificam-se com o mal que praticam, esmeram-se ao praticá-lo, demonstram prazer quando atingem seus objetivos e mostram-se insensíveis diante do sofrimento daqueles a quem ofendem. Só a necessidade de prevalência do bem explica o insucesso dos vilões na maioria das narrativas. A vitória do bem surge como acordo tácito para que nos sintamos bem e reconfortados após refregas nas quais o mal triunfou transitoriamente. A ordem é restabelecida e podemos dormir em paz, confiando na justiça.

Não por acaso em Star Trek o vilão chama-se Nero filiando-se à prole de incendiários gerada pelo imperador que colocou fogo em Roma. Para o exercício da maldade Nero serve-se de ferramentas absurdamente formidáveis como um mecanismo capaz de gerar buracos negros fazendo desaparecer planetas inteiros. É assim que os seis bilhões de habitantes do planeta Volcano desaparecem, após o que Nero prepara-se para fazer o mesmo com a Terra.

Entretanto, o odioso Nero tem lá as suas razões e nisso diferencia-se dos vilões que praticam o mal pelo simples impulso de praticá-lo: em outra época seu planeta – Romolus - foi tragado por um buraco negro graças a uma falha de Spok, um híbrido interplanetário filho de pai volcano e mãe terrestre. Bilhões de pessoas de Romulus desapareceram daí a vingança do vilão ao destruir o planeta Volcano, a terra de Spock.  Contra Nero posiciona-se a Força Estelar da qual faz parte a nave Enterprise que tem entre os seus membros justamente o cientista Spock.

A personagem de Nero é construída com requintes de maldade necessários ao perfil de um vilão. Ódio, violência e intempestividade associam-se no vilão que captura, mas não mata Spock, mantendo-o vivo para que assista ao desaparecimento de Volcano.

Analisando-se o contexto da narrativa de Star Trek chega-se à conclusão de que Nero não corresponde ao que se espera de um vilão convincente. Se o ódio e a vingança guiam as suas ações, se ele faz desaparecer seis bilhões de volcanos, também é verdade que seus atos são precedidos pela grande catástrofe que eliminou todos os habitantes de Romolus. Seu sonho de reunir os poucos que restaram de sua raça e reconstituir a civilização onde um dia viveu não mais será possível. Resta-lhe a destruição, o exercício do mal de vez que, isolado e sem seu planeta, inexistem razões para a prática do bem, esse o perfil que a ele infundiram os seus criadores.

Star Trek estrutura-se em ritmo frenético. Os apaixonados por histórias em quadrinhos, séries e ficção científica gostarão muito do filme. Os avanços tecnológicos ainda não alcançados, viagens rapidíssimas através de dobras espaciais, naves imensas, armas poderosíssimas e mesmo os efeitos especiais utilizados harmonizam-se com a trama desenvolvida.

Star Trek é uma excelente diversão!

Escrito por Ayrton Marcondes

5 junho, 2009 às 3:14 pm

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Postado em Cotidiano

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