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Dinheiro e felicidade

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Um homem afirma ao amigo: dinheiro não traz felicidade. Ao que o amigo retruca: então eu não quero ser feliz.

Agora um professor da Universidade de Michigan publica pesquisa na qual conclui que dinheiro traz, sim, felicidade. Segundo o professor aumento de 10% na renda já condiciona melhora na qualidade de vida e traz felicidade. Outro professor afirma que também importa a forma como o dinheiro é obtido.

No momento o país atravessa grande crise na qual são detalhados vultosos desvios de dinheiro público. Negociatas com subornos e propinas vêm a público, estarrecendo aqueles que lutam no dia-a-dia pela sobrevivência. Tão desmedidas são as ações de gatunos que se locupletam com dinheiros, aliás de enorme utilidade no combate à miséria no país, que a população clama contra a impunidade. Demonstra a reação popular o recente pleito eleitoral no qual caciques políticos não conseguiram se reeleger.

Quando se fala em desvios, roubos de toda sorte, sempre impressiona o montante do dinheiro surrupiado. Não dá para entender, por exemplo, porque determinada pessoa mantém em contas pessoais externas fortunas de alguns milhões de dólares. Afinal, de que vale ter tanto dinheiro se é impossível gastá-lo em sua totalidade?

Estima-se que o total de propinas investigadas pela Operação Lava- Jato seja de cerca de 10 bilhões de reais. Só o ex-diretor da Petrobrás devolveu 70 milhões aos cofres públicos. Mas, pergunta-se: para que o ex-diretor precisaria de 70 milhões? Ter esse dinheiro na conta proporcionaria ele mais felicidade que a quantia de, digamos, 5 milhões?

Há pouco tempo o ex-governador do Rio, preso e condenado por desvios, confessou não ter sabido se conter diante de tanto poder. Ele admitiu ter movimentado 500 milhões de doações eleitorais. Dessas afirma ter retido 20 milhões para uso pessoal. Confessa ter-se perdido na promiscuidade das doações eleitorais.

Talvez aqueles que viveram sob os auspícios de tão grandes fortunas tenham experimentado períodos de felicidade. No caso do ex-governador tornou-se notório jantar em restaurante muito chique de Paris, acompanhado de seus companheiros de governo. E a aquisição de fortuna em joias…

Não imagino em que categoria se enquadram essas felicidades episódicas quando o assunto em tela é a felicidade advinda do dinheiro, como propõem os estudiosos norte-americanos. Ente nós o que se pode dizer é que, pelo menos em relação a casos conhecidos, a roubalheira não deu certo. Safaram-se aqueles que optaram pela delação premiada. Outros ainda tentam se explicar, como o caso do político que mantinha num apartamento, em Salvador, caixas em cujo interior foram encontrados mais de 50 milhões de reais em espécie. Será que isso o fazia feliz?