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A “privada do futuro”

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Conta-se que um famoso escritor do século 18 detestava fazer cocô. Para evitar o ato poupava-se de comer, ingerindo o mínimo de alimentos necessários à sua sobrevivência. Caso diferente, mas próximo, é o de situações de bulimia nas quais as pessoas provocam o vômito imediatamente após a ingestão de comida.

“Quatro em cada dez pessoas não têm lugar para fazer cocô - isso são 2,6 bilhões de pessoas”. Quem escreveu isso foi Bill Gates que doou US$ 400 mil para oito universidades desenvolverem novas tecnologias para a privada do século 21.

A notícia pode ser lida no jornal “Folha de São Paulo” na edição de ontem. A preocupação de Gates, cofundador da Microsoft e sempre o primeiro na lista dos homens mais ricos do mundo, me fez lembrar as famosas “casinhas” ainda hoje existentes nos interiores desse vasto Brasil. Em geral feitas de madeira elas se localizam a certa distância dos casebres e ali as pessoas se aliviam, de cócoras, num buraco feito no chão, a chamada fossa. O grande problema é que as fezes acabam contaminando o solo e podem contaminar a água, facilitando a transmissão de doenças.

Assim, o dinheiro de Gates foi bem aplicado e surgiram os vencedores do “Desafio Reinvente a Privada” que visava “obter as melhores soluções sustentáveis e baratas para os problemas sanitários de países em desenvolvimento”, como se lê na notícia do jornal. O primeiro lugar ficou com o Instituto de Tecnologia da Califórnia que construiu um vaso sanitário acionado com energia solar gerando eletricidade e hidrogênio.

Diante disso tomo coragem para dizer que esse problema sempre me preocupou. Quando estudante fiz um trabalhinho cujo título era “A Máquina de Fazer e Transformar Cocô” que apresentei a meus colegas de classe. Não me recordo bem dos detalhes, mas a ideia era a construção de banheiros em lugares públicos, conectando as descargas para que as fezes fossem levadas a locais onde seriam transformadas e reaproveitadas. Bem, os meus colegas não levaram a sério a proposta e riram-se a valer fato que, aliás, era o que eu esperava. Na verdade fiz aquilo por tratar-se de algo diferente, embora tivesse em mente que o problema da deposição e encaminhamento das fezes era e é de suma importância. Daí que saúdo Bill Gates por mais essa sua iniciativa. Homem riquíssimo e poderoso destaca-se ele pelo interesse e auxílio a programas que visam a melhoria da qualidade de vida em todas as regiões do planeta. Entretanto, não custa lembrar que o vaso sanitário do século 21 só poderá ser bem utilizado em lugares que possuam redes de esgoto e ai ficamos diante de um grande problema, bastando lembrar que, no Brasil, cerca de 30 milhões de pessoas que vivem em grandes cidades não têm acesso à coleta de esgoto. Esse dado foi divulgado ontem pelo Instituto Trata Brasil e a GO Associados. Se isso acontece em grandes cidades pode-se imaginar a situação fora delas.