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Brasileiros

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No tempo em que a Argentina era ” A Argentina” os argentinos faziam jus à fama de serem arrogantes e insuportáveis. Argentino é um italiano que fala espanhol e pensa que é britânico - diz-se. Fato é que povos dos países vizinhos ainda hoje não devotam grande simpatia por eles. Há 20 anos participei de um city tour em Los Angeles. No ônibus só argentinos que, além de me ignorarem, viraram para os lados quando eu lhes dirigia a palavra. Um menino não escondeu a repulsa ao me olhar e perguntou ao pai: é brasileiro?

Mas, o tempo passa, o tempo voa. Amo Buenos Aires onde sou muito bem tratado todas as vezes que apareço por lá. E não são poucas. Gente boa esses argentinos, solícitos etc e tal.

E os brasileiros? Ah, os brasileiros. Verdade que não dá para caracterizar bem “o brasileiro” dado que os tais mais de 200 milhões espalham-se num vasto território e atendem a peculiaridades regionais. De que a fama no exterior não é boa todo mundo sabe. Acham que vestimos penas e usamos arcos e flexas. País das putas e do futebol. Está mudando, mas há quem contribua para a fama ruim.

Se você estiver no exterior a coIsa mais fácil do mundo é reconhecer a presença de brasileiros. Sabem aquele lugar onde todo mundo está falando baixo e entram pessoas quase gritando, na maior intimidade? Então, são brasileiros. Um rapaz me contou estar numa passagem de ano novo num bar em Sidney, Austrália. Na meia-noite as pessoas se levantaram, alegres, cumprimentaram-se, ergueram taças, brindaram. De repente, uma convulsão: rapazes e moças em pé sobre uma grande mesa, sapateando para horror dos australianos. Brasileiros.

Aconteceu num belo restaurante de Montevideo. Estávamos já à mesa, pessoas jantando e conversando baixo de modo que em conjunto as vozes eram pouco mais que um murmúrio. Entretanto, numa das mesas havia um sujeito, acompanhado por duas moças. De cada cinco palavras que ele proferia, seis eram palavrões. Realizava-se ali um festival de porra, pauta-que-o-pariu, filho-da-pauta e outros impropérios, ditos em voz alta durante conversa amigável. Se o tipo ouvia algo que o surpreendia logo partia para o pauta-que… e emendava com os porra e por aí seguia em frente. Isso para desespero dos presentes, todos eles uruguaios. Até que uma senhora se moveu, dirigiu-se ao idiota e o mandou calar a boca. Ele ainda tentou protestar. Ela imperativa. Ficou nisso.

A melhor coisa que talvez tenhamos, nós os brasileiros, é ser expansivos. Mas há que se cuidar dos níveis de expansividade. Tem hora, gente boa, que o jeito é se mancar.