membros da comissão para CPI têm pendências com a Justiça at Blog Ayrton Marcondes

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Julgadores e julgados

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Você acha que alguém que tem pendências com a Justiça pode - ou deve - julgar ou apurar ações de alguém acusado de algum tipo de delito? É provável que a sua opinião coincida com a da maioria das pessoas que acham que não. É de bom senso supor que aquele que julga ou apura contravenções nada deva à Justiça, ou seja, trata-se de pessoa de reputação ilibada pelo menos até que surja alguma prova contrária a isso.

Mas, infelizmente, as coisas não seguem conforme a opinião geral e o bom senso. No momento o país vive mais um dos momentos de inflexão em relação à classe política. Em pauta as misteriosas ações de Carlinhos Cachoeira que, assim parece, comanda vasta rede de negócios relacionados à lavagem de dinheiro. Gravações telefônicas feitas pela Polícia Federal revelam a participação de muita gente de colarinho branco nos negócios de Cachoeira. É daqueles fatos que só não nos estarrecem porque nós, brasileiros, já estamos acostumados a notícias sobre a corrupção que neste país há muito deixou de ser endêmica e passou  à condição de epidêmica.

Tal é o estardalhaço que as revelações sobre os negócios de Cachoeira têm causado que não foi possível abafar o caso, instalando-se uma CPI cujos resultados são temidos até pelo governo federal. Se Carlinhos Cachoeira resolver abrir a boca, coisa improvável, aí então o país pode tremer.

Mas, o que chama a atenção na CPI do caso Cachoeira é a composição da equipe escolhida para executá-la. Dos 32 integrantes da comissão escolhida pelo menos 17 têm pendências com a Justiça. Processos criminais, crimes eleitorais, acusações de corrupção e outros deslizes fazem parte da história de muitos dos indicados para a comissão.

Eis ai mais um caso que não nos estarrece porque estamos acostumados a todo tipo de exercício permitido pelas confabulações entre os membros da classe política. Do que se depreende que esteve muitíssimo enganada a norte-americana Hilary Clinton ao declarar, dias atrás, que o atual governo federal estabeleceu um marco no combate à corrupção. Aqui entre nós, o problema é que no Brasil torna-se cada vez mais difícil separar o trigo do joio, o bom do mau político, o corrupto e o que não age corruptamente. No fim das contas prevalecem os tais interesses maiores das agremiações políticas e só os casos realmente indefensáveis apontados pela imprensa acabam recebendo algum tipo de punição.

Mas, como foi dito, estamos acostumados a tudo isso.