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Fim de carreira

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Sabe-se que, para os bens sucedidos, o esporte funciona como mina de ouro. Atletas famosos em vários esportes aposentam-se possuindo polpudas contas bancárias e outros bens. Ficamos boquiabertos quando temos acesso a fortunas amealhadas por alguns ícones do esporte.

Não é o que acontece com a maioria, sabe-se disso. Ser vitorioso em modalidades competitivas exige não só talento como conjunção de fatores que incluem oportunidades e, não raramente, boas doses de sorte. O fato é que muita gente bem dotada para o esporte acaba não se dando bem. Um amigo tem um filho que nasceu para jogar futebol. Nos tempos de colégio o rapaz destacava-se demais. Chegou ao aspirante de times grandes e mesmo vestiu a camisa do time principal num único jogo. Mas, parou nisso. O técnico da ocasião punha reparos no estilo do rapaz etc. Hoje, já aos cinquenta anos de idade, trabalha como engenheiro numa grande empresa.

Há casos de jogadores de futebol que ganharam muito dinheiro e conseguiriam arruinar seu patrimônio. Imóveis, veículos caros e mulheres de ocasião associam-se a trajetórias cujo final é quase sempre melancólico. Não faz muito conhecido jogador aposentado declarou-se insolvente, relatando ter gastado montanhas de dinheiro numa vida totalmente desregrada.

Personalidades do esporte chamam a atenção e arrastam atrás de si legiões fãs. A glória e a facilidade de ganhar dinheiro podem comprometer o modo de avaliar a realidade por pessoas tantas vezes oriundas de núcleos familiares empobrecidos. E dá no que dá.

O boxe internacional movimenta grandes quantias. Numa luta pelo título mundial em categorias de relevo há boxeadores que chegam a receber cerca de um milhão de dólares. Um milhão por doze rounds… Pelo que é de se imaginar que aqueles que circulam nesses altos meios tenham, após se afastarem dos ringues, tudo o que se pode ter em termos de vida confortável e bem sucedida.

Daí o estranhamento em relação ao que hora se divulga sobre esse fenômeno do boxe que foi Evander Holyfield. Peso pesado e campeão mundial, lutou ele contra os melhores de seu tempo, destacando-se os combates contra Mike Tyson. Em torno de Holyfield estabeleceu-se a legenda que só acompanha aqueles que de fato alcançaram o limite da perfeição em suas atuações.

Estima-se que, ao longo de sua carreira Evander Holyfield tenha chegado a amealhar a fortuna de 1,5 bilhão de dólares. Entretanto, no momento, mora num apartamento de dois quartos e consta estar ruim das finanças.

Mas, como o grande pugilista do passado pode perder tão grande fortuna? O fato é que Holyfield morava numa casa de mais de cem cômodos, tinha inúmeros carros…Pai de doze filhos Holyfield parece não ter se dado conta de que um dia o dinheiro pode acabar. Considere-se, nesse caso, que para dar fim a 1,5 bilhões de dólares foi preciso gastar cerca de 200 mil dólares por dia, durante 23 anos…

Evander Holyfield tem 57 anos e já não pode lutar.

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O tema é recorrente, mas não deixa de impressionar. Trata-se do encerramento de carreira de jogadores de futebol. Chega o tempo de parar e, em geral, a decisão vai sendo adiada, até que o desgaste físico se torna irreversível.

Talvez nenhuma atividade seja tão maldosa com os seres humanos quanto o esporte profissional. Grandes ídolos, habituados à badalação, quando não idolatria do público, da noite para o dia transformam-se em página virada, sendo condenados ao ostracismo. Afora uns poucos que, por uma razão ou outra, depois de parar conquistam algum espaço na mídia a maioria retorna ao convívio dos mortais comuns, longe dos holofotes.

O esporte profissional que agracia os melhores com fama e muito dinheiro é também um devorador de homens. A glória que se apoia em dotes físicos sucumbe na velocidade do envelhecimento. As exceções glorificadas como Pelé - o eterno ídolo - e alguns outros não passam de casos isolados.

Escrevo sobre isso após ler que David Beckham, agora com 37 anos e há cinco meses parado por conta de uma contusão, está de volta ao futebol. Beckham, um dos maiores jogadores de futebol, teve o seu ápice em 1999 quando conquistou vários títulos e recebeu premiações pelo seu desempenho. Outro jogador que tem chamado muita atenção pela proximidade do fim de sua carreira é o artilheiro Ronaldo, idolatrado pela torcida corintiana.

É verdade que nesta vida tudo tem um fim, o tempo não volta etc. Imagino que o período de transição que separa atletas do término de suas carreiras seja muito difícil. A situação envolve uma precoce, mas bem papável sensação de velhice precoce, de perda da força, talvez até de aniquilamento naqueles que não se preparam para a despedida.

O esporte profissional de que tanto gostamos e nos diverte reserva aos seus praticantes uma espécie de acerto de contas com o tempo que passa. Mas nem por isso deixa de ser belo, emocionante, um grande show que não pode parar ainda que ao preço do constante renovamento das suas peças.