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Economia e corrupção

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De economia o que você entende mesmo é a relação entre o seu salário e as despesas do mês. É nessa corda bamba que a sua vida se passa, com direito a momentos de tensão quando os custos variam e o seu salário continua fixo, esperando aquele reajuste anual que custa a chegar. O problema é que o tal reajuste, quando vem, em geral está defasado em relação á elevação dos preços provocada pela inflação que, dizem e repetem, está sob controle.

Aliás, falar é tudo o que os entendidos fazem, enfiando goela abaixo das pessoas lições e lições de economês. E como essa gente fala grosso! Então, não é um disparate que um mortal comum como você, assalariado, ouça no jornal da noite da televisão uns caras falarem em cifras na casa de bilhões e trilhões? Que história é essa de que o rebaixamento dos EUA de triplo A para AA+ faz caírem as bolsas do mundo e a Petrobrás mais a Vale do Rio Doce perdem, num só dia, um total somado de quase 45 bilhões? E aquela foto das crianças morrendo de fome na Somália, desnutridas de dar dó, por que não param com essa jogatina desenfreada e usam um pouco da grana para mandar umas comidinhas para aqueles pobres descarnados?

Aí vem um carinha dizer que o mundo é cheio de contrastes e nada se pode fazer contra isso. O homem não saberia o que fazer com a igualdade absoluta, então é preciso que exista o contraste, quem mesmo disse essa besteira dias atrás?

Pois é. Mas você não deve e não pode ficar nervoso. Você já tem problemas demais, a saúde da sua mulher, a escola dos filhos, o plano de saúde, o aluguel e outro tanto de coisas a pagar. Então, para que você fique tranquilo, as autoridades do país aparecem na TV dizendo que estamos preparados para resistir à crise mundial daí que não devemos parar de consumir pois o consumo movimenta riquezas e mantém vivo o sistema financeiro. E também há essa história de que, para a nossa sorte, somos exportadores de commodities e o mundo sempre vai precisar delas, principalmente os países asiáticos. A sua participação durante a crise está, portanto, decidida: basta ficar tranquilo e consumir. Esse é o papel do cidadão, do brasileiro que acredita no seu país e nas pessoas que o governam.

Até esse ponto as coisas até estariam bem paradas, não fosse essa história de corrupção que teima em não acabar. Todo dia alguém é demitido no governo por acusação de corrupção. Só nos dois últimos dias descobriram um lobista no Ministério da Agricultura e um rombo no Turismo. O Ministério do Turismo é o sexto a estar envolvido em casos de corrupção nos últimos dois meses -  prenderam 37 pessoas do Turismo, entre elas o nº 2 da pasta. Mas, calma, o ano ainda não acabou e existem muito ministérios que de repente nos surpreenderão com notícias funestas sobre corrupção.

No fim das contas o melhor é tocar a vida e fingir que nada está acontecendo. Também não adianta tentar entender porque os Estados Unidos foram rebaixados e tanta gente veio a público para dizer que a agência que fez o rebaixamento errou na conta. Mas, se ela errou, se todo mundo diz isso, por que a crise? Ah, a desconfiança, a movimentação dos investidores, a valorização do ouro, do dólar, dos títulos. Tá bom, deixa quieto.

No fim das contas, para o cidadão a questão é outra, é a de não saber em quem acreditar. À falta de baliza segura o negócio é imaginar o Brasil como uma espécie de Arca de Noé que vai flutuar enquanto o mundo inteiro estiver afundando.

Exagero? Pode ser, mas não se paga nada para fazer parte do bloco “me engana que eu gosto”.