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Baby Boomers

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Pois é, sou um boomer.  Se você não sabe boomers são os caras nascidos entre 1943 e 1960. Geração boomer, portanto, que sucedeu á geração silenciosa (de 1925 a 1942) e foi sucedida pelas gerações X (de 1961 a 1981), Y (de 1982 a 2000) e Z (de 2000 até hoje).

Cada geração tem as suas marcas, melhor dizendo características padrões. Os  boomers nasceram no auge da Guerra Fria e viram a  conquista da Lua; seus perfis são indicados como liberais, contestadores e espiritualizados;  o cinema dos boomers é o dos anos 60 e a era a do LSD. Então não adianta resistir a ser classificado em grupo ou o que seja porque você simplesmente não pode fugir aos estereótipos da época em que nasceu.

Entretanto, confesso que não me sinto inteiramente boomer. Mesmo deixando de lado o discutível jeito de ser – contestador, liberal, espiritualizado – o fato é que me sinto comprometido com a geração anterior à minha, bastando lembrar a minha inclinação mais pelo rock que pela música do Beatles, esses posteriores à era de Elvis Presley. Bem entendido, isso naquela época porque mais tarde passei a adorar os Beatles. Mas, isso já é outra história. Agora, de jeito nenhum eu me enquadraria na geração X constituída por pessoas caracterizadas como individualistas e pouco idealistas.

Bem, não sei bem para que serve essa caracterização como boomer ou como pertencente a qualquer geração.  Concordo que cresci num mundo pós-guerra em que o Brasil era pouco mais que nada entre as nações do mundo. Do que me lembro é da total submissão aos interesses dos EUA que faziam e desfaziam na América Latina. Quando eu era rapaz os artigos importantes do jornal “O Estado de São Paulo” eram assinados pelo James Reston, jornalista norte-americano, por aí pode se formar ideia de como as coisas se passavam então (escrevo isso e me dou conta de que só muito recentemente a colonização norte-americana começou a perder força).

A Guerra Fria foi o que foi. Naturalmente torcíamos pelo “nosso bloco” de vez que o comunismo nos era apresentado como o pior dos mundos. Isso até tomarmos consciência, rapazes que éramos, de que as coisas não eram bem do jeito que falavam. De todo modo os russos eram assustadores e Nikita Krushov um líder fanfarrão que metia medo. A toda hora se falava em guerra nuclear que acabaria com o mundo e isso, naturalmente, por culpa dos russos. Surgiam os norte-americanos como os salvadores da humanidade, dos “nossos” interesses.

Boomer que é boomer sabe disso e viu com interesse a corrida espacial, vibrando com a chegada dos americanos à Lua. Mas, no que toca aos assuntos internos a minha geração foi mesmo é tolhida de opinião devido ao regime militar pós-64. Odiávamos o regime sem ter muita noção de como participar para que ele um dia terminasse. Falávamos em voz baixa sobre política porque era perigoso, de repente você poderia ser confundido com algum extremista.

Tenho para mim que a minha geração foi politicamente tolhida daí essa crise no mundo político que hoje se observa. Grande parte dos boomers desviou sua atenção para atividades fora da política e o país perdeu uma geração de futuros líderes. Acho que se quisermos mesmo caracterizar os boomers brasileiros, o caminho é bem diferente dessa padronização proposta. Os boomers brasileiros são os caras que não influíram devidamente na formação do país, tolhidos que foram da iniciação política na época em que frequentavam os bancos escolares.