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O 1º de abril

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Num 1º de abril o Coelho espalhou que o “seo” Olímpio morrera porque engolira a dentadura e se engasgara. Contou com detalhes os últimos momentos do velho, a dificuldade em respirar e o sufoco que terminara em roubar-lhe a vida.

Como as outras pessoas corri até a casa do “seo” Olímpio. Estava ele na calçada, defronte a casa, explicando às pessoas que estava vivo e bem vivo. Referia-se ao Coelho dedicando ao rapazote um punhado de palavrões. Mas, no fim acabava rindo, desculpando-se por não estar morto e ter fraudado a expectativa das pessoas que acorreram a casa dele para ver o cadáver.

Houve um jogo do São Paulo realizado na Europa no qual o tricolor foi impiedosamente goleado para desespero de sua fiel torcida. Os noventa minutos da partida foram transmitidos pelo rádio e só quando o juiz apitou ao fim do segundo tempo o locutor explicou que tratava-se de um trote, uma celebração do Dia da Mentira que é o 1º de abril. Imagine a revolta da torcida por ter ouvido a transmissão de um jogo que na verdade não aconteceu.

Ontem foi 1º de abril e que eu saiba não se contaram mentiras. O mundo está muito mudado e as pessoas talvez já não se permitam o desfrute de mentir por brincadeira. Culpa dessa louca e violenta vida que vai perdendo a graça com o acúmulo de obrigações e responsabilidades.

Em 31 de março de 1964 o presidente João Goulart foi deposto e os militares tomaram o poder no Brasil. Ouvimos a notícia pelo rádio no dia seguinte e houve quem dissesse que se tratava de uma mentira de 1º de abril. A mentira durou 21 anos, muita coisa aconteceu e até hoje o país não conseguiu fechar o arquivo do período de ditadura militar tantas são as coisas pendentes.

Escrito por Ayrton Marcondes

2 abril, 2013 às 11:16 am

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Postado em Cotidiano

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