Fim de ano at Blog Ayrton Marcondes

Fim de ano

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Domingo, antevéspera de um novo ano. 2013 vêm aí. Hora de deixar para trás o que não foi bom no ano que finda e propor-se a uma vida melhor no que começa. Li nos jornais pedidos de muita gente para o ano novo. Há quem rogue por mais segurança, um pedreiro sonha com salário melhor. Uma mulher que mora de aluguel diz que seria feliz se conseguisse uma casa dela. Não são pedidos de presentes de natal: são sonhos de vidas melhores.

Com tanta gente pedindo achei de bom tom também pedir alguma coisa. Foi aí que me deparei com a questão: afinal, o que eu gostaria de pedir numa hora dessas, ainda que não houvesse chance do meu pedido vir a ser atendido?

Pensando bem, pedidos são feitos em relação a acontecimentos futuros. Quero que isso e aquilo me aconteça e ponto final, depois resta esperar que a conjunção dos astros venha a favorecer a realização dos sonhos.  Pois descobri que não quero pedir nada para o ano vindouro. O que eu queria mesmo é poder mudar o passado. Se não mudar pelo menos retornar a ele, quem sabe consertando alguns mal feitos - toda gente tem lá os seus errinhos de que se arrepende, não? Mas, não vou aqui começar a falar sobre os meus erros porque são tantos e o espaço é curto. Entretanto, como dizia o poeta, se eu pudesse e o meu dinheiro desse, gostaria muito de pedir perdão àquela moça que quase levei ao altar, mas fiquei no quase. Ela sofreu tanto… Mas que fazer se me faltou naquela hora não a força, mas a convicção, a certeza de que aquela seria a união a fazer para toda a vida, senão parte dela? Tive um amigo - já falecido em circunstância pra lá de trágica - que me dizia muitas vezes acordar de madrugada e cobrir o rosto de vergonha pela mulher que abandonara na porta da igreja. Não chego a tanto, mas…

O que eu gostaria mesmo de pedir eram alguns minutos, uns minutinhos, para me reencontrar com pessoas de quem gostava tanto e já se foram dessa vida. Que me dessem de presente alguns instantes com a minha mãe, não ela já doente e velha, mas a minha mãe dos meus tempos de rapaz. Só mais tarde percebemos o quanto tínhamos a dizer a pessoas a quem amamos e, no entanto, não dissemos. É na falta absoluta, morte sedimentada e passada, que percebemos os diálogos interrompidos, aqueles que não tivemos e que daríamos a vida para que se tornassem possíveis.

Pediria, ainda, que eu fosse mais uma vez menino e viajasse no bonde da Estrada de Ferro Campos do Jordão, vestindo o velho uniforme cáqui e sem ter a menor noção do que me aconteceria mais tarde.

Vou parar por aqui, não sem antes pedir por uma festa de santo padroeiro na qual se comia e bebia a vontade na casa do festeiro e isso por três dias seguidos. Mas, o mundo não é mais assim, o passado não retorna, os mortos estão bem mortos, e pedidos são, como já disse, feitos em relação a acontecimentos futuros.

Sendo assim , que venha um bom ano de 2013.

Escrito por Ayrton Marcondes

30 dezembro, 2012 às 8:18 pm

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