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O dólar

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Nos anos 70 e 80 o assunto era a dívida externa. O país devia bilhões de dólares e não tinha como pagar. Terminado o governo militar, já no governo FHC, as reservas brasileiras passaram a se equilibrar até superaram a dívida nos anos seguintes. A dívida ainda existe, mas quase não se fala sobre ela. O tema do dia é o PIB baixo e a desvalorização do real frente ao dólar.

Crises mundiais, queda nas bolsas de valores, ameaças de epidemias, tudo influi na variação do câmbio. E o dólar atinge patamares exorbitantes. Está-se na margem do cinco para um.

Além das enormes consequências no meio dos negócios fala-se bastante sobre dificuldades enfrentadas por brasileiros no exterior. De repente lá fora ficou tudo muito caro. Um comediante relata que pagaram, ele e a mulher, oitenta dólares por uma refeição trivial. O troco a que tinha direito seriam vinte dólares, mas havia a taxa de serviços. Na piada ele conta sobre a garçonete que perguntou a ele se queria o troco. Mas, se o troco, vinte dólares, seriam cem reais…

Houve tempo, depois do fim do fim do governo militar, em que o dólar foi pareado a um para um com nossa moeda. Ir ao exterior, EUA por exemplo, era uma delícia. Então tudo parecia muito barato aos brasileiros. Hoje tudo é muito diferente. Uma migo acaba de voltar de Nova York e me relatou que lá se sentiu pobre. Olhe que ele está bem de vida. Disse a ele que parasse de chorar sem motivo. Mas, o que ele estava mesmo era indignado com a desvalorização do real. Contou-me que saiu com amigos americanos para um jantar em restaurante de nível médio, nada chique etc. Eram seis pessoas. Pratos individuais. De bebidas foram duas garrafas de vinho e duas doses de uísque. A conta veio salgada: 650 dólares. Isso vezes 4,5 chega a quase três mil reais. Entretanto, para os americanos, o custo foi de cem dólares por pessoa. Aqui seriam perto de quinhentos reais por cabeça, um absurdo…

De nada valeu usar com o meu amigo a conhecida máxima: quem converte não se diverte. A disparidade pesa e suas consequências sociais em nosso país vão muito além do relatado sofrimento de turistas ocasionais.

Falo sobre o assunto após ter lido artigo de jornalista no qual relata suas experiências ao tempo de sua juventude. Fala ele sobre viagens ao exterior, pouco dinheiro no bolso, hospedando-se em hotéis muito baratos, fazendo uso de transporte público e fazendo refeições triviais. Conheceu a Europa assim e diz que hoje em dia isso se tornou impossível aos jovens, fato que lamenta.

Inflação e custo nas empresas são efeitos da alta do dólar, afetando o dia-a-dia da população. Segundo consta não existe no horizonte perspectiva de que essa situação regrida, pelo menos em pouco tempo.