vereadora iraniana não assumirá o cargo por ser muito bonita at Blog Ayrton Marcondes

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Da beleza

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Afinal, é bom ou não ser bonito?

Dirão que ser belo(a) só pode ser muito bom. A beleza abre portas, cria oportunidades, encanta. Homens bonitos são estimados pelas mulheres, atraem a atenção feminina, chegam a ser disputados. Belas mulheres sempre foram um colírio para a comunidade masculina. Beleza de rosto associada a formas sensuais compõem figuras irresistíveis aos anseios da massa masculina. Não por acaso as revistas semanais e mensais expõem, nas suas capas, belas mulheres, embora se saiba que toda aquela perfeição não existe. Recorre-se à ajuda do amigo Photoshop para corrigir alguns detalhes que contrariam a perfeição que se pretende vender através das imagens. Daí muita gente dizer que mulher de verdade não é a gostosa da revista, mas aquela que se tem em casa, essa verdadeiramente natural e sem a perfeição garantida por programas de computador.

Entretanto, se beleza é fundamental ela nem sempre é tão bem recebida. Não se pode negar que a beleza desperta invejas e maldizeres, isso para não falar em assédios nem sempre benvindos. Quem não conhece pessoas bonitas que não são bem recebidas entre colegas de trabalho, justamente pela boa aparência? Alguém já escreveu que o feio não gosta do belo, não se dá bem com ele que, involuntariamente, desperta comparações. Não é este o caso de dois filhos de um mesmo casal, um muito bonito, o outro nem tanto? E não existe aquela pessoa que se aproxima das crianças e elogia muito a beleza de uma, simplesmente ignorando a presença da outra?

Entretanto, não há o que discutir: a beleza é bom atributo e sorte de quem é bonito. Mas, mesmo a afirmação anterior tem suas contrapartidas. Deixando de lado os princípios de avaliação sobre se alguém é bonito ou não, esquecendo-se das diferenças populacionais - o belo daqui, nem sempre é considerado belo lá – ainda assim alguém pode ser muito prejudicado justamente por sua beleza. Hoje se noticia que no Irã uma jovem venceu eleições para o cargo de vereadora, ficando em 14º lugar entre 163 candidatos. Entretanto, a moça não poderá assumir o cargo político apesar de ter sido eleita para ele: os votos dela foram anulados por ser ela… “bonita demais”. Isso mesmo: não querem uma mulher muito bonita circulando nos prédios públicos iranianos. Assim, sem mais, anulam-se os votos legalmente recebidos e o mundo continua girando como se nada tivesse acontecido.

Minha mãe tinha um jeito particular de analisar a beleza das pessoas. Quando alguém da família ia se casar e perguntava-se a ela se a pessoa com quem o parente contrairia matrimônio era bonita ela ficava entre “bonito(a)” e “um tipo de beleza” Esse “um tipo de beleza” era o modo gentil dela de dizer que cada pessoa tem o seu encanto, tanto que se arranjara com alguém para se casar.

Ainda acho que o tal “um tipo de beleza” figurava como eufemismo no discurso de minha mãe para não dizer que a pessoa era feia. Mas, nunca perguntei isso a ela.