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Ano trágico

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Em seu comentário sobre o desparecimento do jornalista Ricardo Boechat o também jornalista Jorge Pontual se referiu ao fato de, ao acordar de manhã, perguntar-se: qual é a tragédia de hoje?

Não há como negar: o ano de 2019 começa muito mal. Tragédias se repetem sem nenhum pudor. A toda hora nossa atenção é chamada para acontecimentos infaustos e inesperados. Não foi assim com o rompimento da barragem de Brumadinho na qual se contam mais de 300 pessoas entre mortos e desaparecidos?

Pois, para o nosso gosto já estava demais. Mas, eis que no centro de treinamento do Flamengo há um incêndio no qual desaparecem dez jovens, levados pelas chamas.

Entretanto, isso não parecia ser suficiente. Ano vingativo esse 19. Ano que parece zombar dos humanos, impondo a eles sucessivos reveses. Não é que se seguiu a grande tempestade no Rio, na qual muitas vidas foram perdidas? E o massacre numa favela com a consumação de dez mortes?

Então o ano já consumira sua cota de desastres. Daqui para a frente um ano maravilhoso. Mas, não! Eis que um acidente de helicóptero rouba a vida de Ricardo Boechat, um dos mais destacados jornalistas do país. Essa perda, irreparável, produz grande comoção pública.

Então, basta. É preciso colocar um ponto final nessa desabrida sequência de péssimas notícias. O ano deve ser colocado em seu lugar, sequência de dias amenos nos quais possamos viver sem maiores desconfortos.

Mas, seria uma sina histórica a repetição de tragédias em datas pré-determinadas? Não parece ser. Numa rápida consulta aos eventos ocorridos em 1919 destaca-se, no Brasil, a morte do presidente eleito Rodrigues Alves, vitimado pela gripe espanhola. Aliás, essa epidemia de gripe resultou na morte de 20 milhões de pessoas em todo o mundo. No mais, em 1919 foi assinado o Trato de Versalhes no qual a Alemanha foi punida pelos prejuízos da Grande Guerra, terminado em 18. Segundo John Maynard Keynes a dívida então imposta à Alemanha teria siso o fermento para a futura ascensão de Hitler que desaguaria na Segunda Guerra Mundial.

As consequências às tragédias de 2019 continuam em aberto. A lama do desastre de Brumadinho segue pelo Rio Paraopeba, ameaçando a distribuição de água potável a cidades localizadas em seu trajeto. As famílias que perderam entes queridos com o rompimento da barragem continuam em situação constrangedora. Por outro lado, as responsabilidades sobre o incêndio ocorrido no centro de treinamento do Flamengo continuam em aberto.

O que pedimos? Um pouco de bondade. Que o ano que segue nos seja benfazejo, livrando-nos de tantos dissabores. Mas, para isso, é preciso que os homens se entendam. Desse entendimento depende não só a prosperidade, mas, também, a felicidade dos seres humanos.

Tragédias

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Tsunamis, erupções vulcânicas, rompimento de barragens, grandes incêndios, naufrágios, quedas de aeronaves… A fragilidade humana é o que, acima de tudo, mais se destaca por ocasião desses infaustos acontecimentos.

Ocorrido o desastre passa-se à busca de sobreviventes. Entram em ação as coberturas jornalísticas que, a cada instante, informam o crescente número de vítimas. Números esses, aliás, que nos figuram impessoais. Afinal, quem seria mesmo aquele torneiro mecânico que sucumbiu sob a lama do rompimento da barragem de Brumadinho? Quem era ele? Quem chora por este homem cuja vida se perdeu para sempre? Que tipo de justiça se fará por esse gigantesco crime cujas notícias nos abalam tanto?

Estar lá, no lugar errado, na hora errada. Há alguns parece terem atendido ao chamado da fatalidade. Não foi esse o caso da jovem médica que, de folga, foi chamada ao trabalho justamente no dia em que encontraria a morte?

A força que move e arrasta tudo o que encontra pela frente nos grandes desastres nos faz pasmos. Tudo o que o homem levou tempo para construir desaparece num segundo. A casa submersa na lama, da qual se avistam apenas restos do telhado, figura-se como testemunho da vitória do imponderável.

Mas, existem culpados. Inicia-se a caça às responsabilidades. Especialistas vêm a público para advertir sobre a possibilidade de que ao desastre de Brumadinho outros poderão seguir. Critica-se a brandura da legislação que permite tão poucos cuidados com estruturas potencialmente aptas para provocar enorme as fatalidades.

Acabam de chegar de Israel homens que vieram para ajudar na localização de sobreviventes e vítimas. Os próximos dias nada mais serão que período de informes quase sempre negativos sobre pessoas desaparecidas.

O rompimento da barragem de Brumadinho segue-se ao terrível desastre de Marina, ocorrido três anos antes. De nada adiante comentar que nada se aprendeu com o acontecimento anterior. Agora é daqui para a frente. Com responsabilidade e respeito pelas vidas humanas.