terrorismo at Blog Ayrton Marcondes

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Terrorismo

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Um estudante de 23 anos chega à praia.   Turistas aproveitam o sol da manhã acompanhados de familiares e amigos. Inesperadamente o rapaz retira do chapéu-de-sol a arma com a qual começa a atirar indiscriminadamente. No final consegue abater 39 pessoas e é morto pela polícia.

Simples assim. Em nome do radicalismo religioso o estudante mata e perde a própria vida. O Estado Islâmico (EI) assume a responsabilidade pelo atentado. A religião serve como escudo para a chacina.

Autoridades tunisianas declaram que o terrorismo feriu de morte o turismo no país. Centenas de turistas deixam a Tunísia enquanto outros cancelam viagens para lá. O EI logra atingir seu objetivo de desestabilização.

Incomoda saber que o estudante radical nada mais era que um cabeça a feita pelo extremismo. Incomoda saber que muitos jovens atendem ao apelo do EI incorporando-se ao grupo terrorista. Incomoda o desprezo pela vida.

O sacrifício humano faz parte da ideologia suicida. Sacrificar e ser sacrificado. Cumprir com arrojo uma missão sem volta.

Semana passada um rapaz de 19 anos entrou numa igreja nos EUA e durante uma hora assistiu ao culto realizado por uma comunidade negra. Depois levantou-se, sacou sua arma e executou nove pessoas. Fez isso em nome do racismo, pretendendo iniciar reação contra os negros da América. Agora o jovem norte-americano está preso. Divulgaram-se fotos dele com casaco nazista.

As pessoas tentam entender, mas ninguém entende. Familiares e vizinhos do rapaz que agiu na praia da Tunísia dizem não saber como ele se tornou terrorista. Entretanto, os atentados crescem. A fúria incontrolável espalha-se no mundo, devorando vidas e não se sabe como contê-la.

Há quem veja nisso tudo sinais de proximidade do apocalipse.

O paroxismo da barbárie

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São imagens estarrecedoras. Jihadistas do Estado Islâmico (EI) invadiram o Museu da Civilização Mossul, no Iraque. Munidos de marretas e talhadeiras destruíram, em poucos minutos, obras milenares assírias datadas dos séculos VIII e VII AC. A razão? Destruía-se porque os povos antigos adoravam ídolos ao invés de Alá. Essa interpretação radical do Islã permitiu aos invasores destruir obras de valor cultural e monetário inestimável, fato classificado como “intolerável” pelos especialistas.

Vale repetir: são imagens estarrecedoras. O vídeo de 5 minutos mostra a ação de bárbaros para quem o passado e as obras deixadas por povos ancestrais, documentos da cultura daqueles povos, não têm qualquer valor. Agem como funcionários de uma demolidora que se aplicam em derrubar paredes de prédios velhos. Há um momento em que um jihadistas destrói, sem amor nem piedade, uma maravilhosa obra presa à parede. Ele a arrebenta a marretadas, enterrando num segundo o trabalho realizado por mãos há muito desaparecidas. A cena mostra o homem no exercício do que tem de mais animalesco e insensato.

O EI é um movimento dissidente da Al Qaeda e atua no Iraque, na Líbia e na Síria. Governa-se a partir da sharia que é o código islâmico interpretado de maneira radical. Notabiliza-se por assassinatos em massa e mesmo contra cidadãos e reféns considerados inimigos do regime. Aliás, os brutais assassinatos de reféns, filmados e divulgados na mídia, constituem-se em mostras do que representa a ideologia e ação do EI.

O EI é ameaça a países europeus devido ao recrutamento de cidadãos no continente. Um dos executores de reféns foi recentemente reconhecido. Trata-se de um rapaz de menos de 30 anos que vivia em Londres, onde estudou.

Hoje em dia EI, Al Qaeda, Boko Haram e Taliban são movimentos extremamente ativos. Recrutando ocidentais, treinando militarmente crianças e espalhando terror no qual seus membros não se importam em perder a própria vida os grupos extremistas constituem-se em ameaças ao mundo civilizado contra os quais nenhum tipo de reação até agora revelou-se efetivo.

Terrorismo

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Quase 4 milhões de pessoas saíram às ruas de Paris numa gigantesca manifestação contra o terrorismo. Os dois terroristas que invadiram e mataram os cartunistas do jornal Charlie Hebdo foram caçados pela polícia, encontrados e mortos. O terrorista que invadiu um mercado e matou quatro reféns também está morto. A Al Qaida assume a responsabilidade pelas ações e promete mais. O mundo ocidental queda-se estarrecido. O islamismo é visto pela extrema direita como o grande inimigo. Teóricos apressam-se em separar o islamismo de ações terroristas executadas em nome dessa religião. A frase “Eu sou Charlie Hebdo” é repetida no mundo como sinônimo de repulsa aos ataques e defesa da liberdade de expressão. Surgem os “Eu não sou Charlie” dizendo-se contrários ao ato terrorista, mas lembrando que os cartunistas abusaram nas ofensas a Maomé e ao Islã. Comentaristas em vários países escrevem que nenhum jornal dos EUA, por exemplo, publicaria as charges do Charlie Hebdo. Um professor universitário escreve que o episódio ocorrido em Paris dá oportunidade a retrógrados da universidade saírem da toca, favoráveis que seriam ao ataque. Cartunistas em todo o mundo publicam charges em homenagem aos colegas chacinados. O que nem todo mundo confessa pode ser expresso numa só palavra: medo.

Há quem se lembre de citar o fato de que em países europeus estrangeiros não são benvistos. Muçulmanos pronunciam-se para lembrar que mesmo nascidos na França não recebem tratamento igual ao dispensado aos demais franceses. Na TV conhecido jornalista relata ter vivido 15 anos na Alemanha e explica o significado de ser estrangeiro naquele país. Um professor universitário lembra que os países europeus sempre trataram com violência suas colônias e cita como exemplo o caso da Argélia que pertenceu à França.

Nada justifica o ato terrorista contra os jornalistas do Charlie Hebdo. A ocasião, entretanto, desperta lembranças em relação à posição de estrangeiros no velho continente. Na primeira vez que fui a Paris, logo depois de desembarcar em Orly, saí do hotel para ver a cidade. No metrô comprei várias passagens que enfiei no bolso do paletó. Depois de passar pela catraca de uma estação, joguei fora a passagem usada. Minutos depois desembarquei em estação próxima à Torre Eifell. Já na rua fui abordado por policiais que me pediram a passagem do metrô. Em vão expliquei em inglês que a jogara fora. Ato contínuo fui colocado com o rosto voltado para uma parede onde permaneci, braços abertos, por mais de uma hora. Finalmente uma oficial mais graduada concedeu falar comigo em inglês. Ela me propôs ou ser preso ou pagar multa de 100 dólares. Paguei e, já liberado, li nos avisos do metrô sobre a obrigatoriedade de manter a passagem usada para comprovar não ter pulado a catraca. Mas, eu vinha de São Paulo onde as passagens usadas não serviam para nada, coisa que absolutamente não interessaria aos gendarmes.

Um relato como o que acabo de fazer nada tem a ver com os tristes episódios agora ocorridos na França. Entretanto, de algum modo me fazem pensar que talvez a relação com os estrangeiros naquele país deva ser repensada. Quando muçulmanos franceses saem de seu país para serem treinados por terroristas e depois retornam para cometer barbáries, algo está errado e precisa ser revisto. Atribuir atos de terroristas à irracionalidade, radicalismo religioso e mesmo lavagens cerebrais realizadas pela Al Qaida ida ou o Estado Islâmico talvez signifique olhar apenas para um dos lados do problema.

A euforia dos EUA

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Osama bin Laden está morto e sua morte coloca, finalmente, uma lápide sobre os acontecimentos daquele infausto 11 de setembro de 2001. Os longos anos de perseguição ao terrorista e as circunstâncias da invasão à mansão onde ele se escondia no Paquistão estão sendo, vagarosamente, esclarecidos pelo governo norte-americano. Por outro lado, o acontecimento desperta, em todo mundo, verdadeiro tsunami de comentários nem sempre concordantes. Aqui se discute o fato de que a verdadeira Justiça não foi feita em relação a bin Laden dado que o mais correto seria prendê-lo para posterior julgamento. Em outra parte fala-se sobre o que de fato representa a morte do grande terrorista de vez que seu discurso e métodos de ação não partem com ele. Há quem condene o fato do cadáver de Bin Laden ter sido jogado ao mar em desrespeito aos cuidados que os mulçumanos dedicam aos mortos. Entre tantos outros comentários destacam-se os que não descartam retaliações de terroristas aos EUA e ao Paquistão e mesmo os que não veem sentido algum nas comemorações do povo norte-americano que saiu às ruas após o anuncio da morte de Bin Laden. Para esses últimos não há o que comemorar: os EUA assassinaram friamente o terrorista, daí ser impossível endossar ato como esse ordenado por um governo.

Não é possível prever o futuro, mas é de se pensar na reação de um leitor das notícias de hoje, decorridos 80 anos do fato. Talvez então, o mundo tenha se tornado muito menor do que já é e ninguém consiga se esconder por tanto tempo, driblando os eficientes serviços de investigação de vários países. Ainda assim, torna-se possível imaginar que ao suposto leitor do futuro todo esse estardalhaço em relação à morte de Bin Laden careça de sentido. Afinal, por que os homens do passado empenharam-se tanto em relação ao desaparecimento de um criminoso? - poderá se perguntar o nosso futuro leitor.

Creio que, partindo desse raciocínio, o fato em si, a aprovação quase unânime da ação das forças dos EUA e as próprias comemorações possam ser explicadas, revelando-se o seu significado. Quase seria desnecessário dizer que os fatos envolvendo a personagem bin Laden têm a duração de dez anos. O terrorista tornou-se famoso no episódio de 11 de setembro e de lá para cá foi declarada a chamada “Guerra ao Terror” em nome da qual muitas barbaridades têm ocorrido. De certo modo a morte de bin Laden simula encerrar um grande capítulo nessa história de combate terrorismo. Momentaneamente, não importa o fato de que o terror não termina com a morte daquele que era conhecido como o Nº 1. Acrescente-se a isso a dor do povo norte- americano que, além de sofrer com a destruição de um de seus mais importantes ícones e a morte de cidadãos inocentes, desfruta, nesse exato momento, da sensação de vingança e justiça realizada. Não por acaso o The Washington Post estampou em sua primeira página a manchete “Justice has been done”, acompanhada do subtítulo: ”U.S. Forces kill Osama bin Laden”.

Ora, quase nada disso alcançará ao leitor do futuro que não assistiu às terríveis cenas dos choques de aviões contra as torres gêmeas no momento em que ocorreram. A emoção ligada aos fatos, infelizmente, não poderá alcançá-lo e sabe-se lá que impressão terá ele desse período da história do mundo.

Com esse arrazoado ouso discordar daqueles que condenam a momentânea euforia do povo norte-americano. Têm, lá, eles as suas razões para colocar para fora algo que estava entalado nas suas gargantas. A atitude crítica em relação à euforia mais parece à daquele leitor do futuro que ao qual faltarão os detalhes do calor da hora, do modo de ser de um povo no momento em que suas mais arraigadas convicções foram seriamente abaladas. Não é demais lembrarmo-nos de que o episódio de 11 de setembro serviu aos americanos do norte como revelação de algo que desconheciam, ou seja, do ódio a eles dedicado por outros povos pelas atitudes hegemônicas de seus governos, tantas vezes absurdas e, com terríveis consequências para os países periféricos.

Não sou americanófilo e não endosso assassinatos. Jamais acreditei em desfecho diferente para o caso bin Laden que, queira-se ou não, mais cedo ou mais tarde ia dar nisso. Confesso, entretanto, que diante da magnitude do ataque de 11 de setembro e das ações terroristas em todo o mundo não me vejo em situação de assumir posição crítica em relação à alegria que tomou conta do povo norte-americano nas últimas horas.

O peso da convicção

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Os regimes autoritários sugerem inúmeras interrogações. Afinal, durante a vigência deles estabelecem-se regras de exceção às quais são submetidas populações inteiras. Existem, sim, dissidências que não raramente apelam para a violência como forma de reação ao poder estabelecido. Os vários movimentos terroristas em geral nascem da revolta contra um Estado estabelecido, mas nem sempre de Direito.

O assunto é pertinente. Em várias partes do mundo vigoram governos autoritários que, através do uso da força, abafam resistências incômodas. Por uso da força entenda-se a repressão em todos os graus, em geral pautada pelo assassinato puro e simples daqueles que divergem dos governos.

Os exemplos são muitos e, para ficar apenas na vizinhança, aí estão os regimes ditatoriais latino-americanos de triste memória. Ontem mesmo um canal de televisão exibia a entrevista de uma dissidente argentina que afirmava não saber explicar como sobreviveu numa época em que seus companheiros eram anestesiados e jogados de aviões nas águas do Rio da Prata.

Uma das questões mais intrigantes sobre os regimes ditatoriais diz respeito ao modo como um pequeno grupo de pessoas que chega ao poder impõe a sua vontade, apoiando-se em escalões inferiores que obedecem, às vezes cegamente, as suas ordens.  É verdade que em meio a tais escalões existem pessoas que encontram nos regimes de exceção oportunidade para o exercício da própria bestialidade: trata-se de torturadores cujo perfil parece ser talhado para períodos em que a democracia não passa de utopia e anseio reprimido da população. Mas, e os que não torturam? Como se dá a adesão aos regimes de força que imperam em várias partes do mundo ao custo de martírio de seres humanos?

Certamente existem várias respostas. Recentemente ouvi algumas durante entrevista de um dissidente iraniano, radicado em Londres, que faz uso de todos os meios a ele disponíveis para combater o governo de Abadinejad. Segundo o dissidente o governo iraniano não se sustenta por convicção, mas pelo dinheiro: os vários escalões do governo e seus subalternos pertencem a uma estrutura no qual a adesão à ideologia na verdade não importa, valem os salários e benefícios. Outra razão seria a de que os meios de protesto da oposição iraniana (internet etc.) estão sob o controle do governo.

As ditaduras latino-americanas impressionavam pelo poder de repressão e manutenção da ordem imposta pela força. No caso do Brasil foi de fato marcante o modo como os movimentos terroristas não prosperaram dada a eficiência com que foram combatidos. A questão do longo domínio ditatorial certamente terá várias explicações, entre as quais se sobressaem as características do momento histórico em que ocorreu. Se as forças que apoiaram os governos de então o fizeram mais por convicções ideológicas que outros aspectos talvez seja difícil avaliar. Entretanto, impressionava-nos o zelo com que mesmo funcionários e militares dos escalões mais baixos executavam as determinações superiores. Acreditavam no regime ou eram apenas beneficiários?

A visita de Ahmadinejad

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Está para chegar ao Brasil, a convite do governo, o presidente do Irã. Ahmadinejad não tem, como se diz por aí, uma ficha boa: o homem comanda um país que vive às turras com a ONU em função de suas pesquisas direcionadas a tornar-se potência nuclear. As advertências da ONU e ameaças de retaliações por parte de outros países até o momento não têm abalado o governo iraniano que continua muito firme em seus propósitos.

Agora Ahmadinejad vem aí. Como sempre os brasileiros entregam-se aos seus afazeres e não estão dando muita bola para o assunto. Existem, sim, alguns projetos de protestos como a organização de uma exposição sobre o Holocausto no Congresso. Há, também, uma movimentação da comunidade judaica que se apressa em condenar o governo brasileiro por receber um homem que reconhecidamente pretende tirar Israel do mapa.

Entretanto, o maior problema em relação à visita do presidente iraniano é externo. Não nos damos muito conta disso, mas a verdade é que peritos em política internacional vislumbram, já há algum tempo, planos  de ação iranianos  para a região sul-americana. O fato é preocupante ainda mais se considerando as ligações entre Cháves e Ahmadinejad. Dadas as tantas vezes inexplicáveis ligações entre Chaves e Lula não será demais ponderar sobre a influência do presidente venezuelano em relação à visita de Ahmadinejad ao Brasil.

O Brasil está dando um passo que é reprovado por vários países, principalmente os seus vizinhos, fato que poderá acarretar prejuízos ao país em relação à pretensão de efetivamente liderar a região.

Evidentemente, as vozes mais altas que se opõe à visita de Ahmadinejad são as de descendentes israelistas. Em particular a grande colônia israelita da Argentina vem protestando por ter em Ahmadinejad o responsável pelos atentados terroristas contra a Embaixada de Israel, em Buenos Aires, anos atrás. Além disso, não se perdoa ao presidente iraniano o fato de negar a existência do Holocausto e ter nomeado ministro de seu governo uma pessoa procurada pela justiça argentina.

Não só na Argentina há protestos: o mesmo acontece no Perú, no Equador e em outros países.

A pergunta é: em se tratando da relação custo/benefício o que lucra o Brasil com a visita de Ahmadinejad? É bom ter em mente o projeto de liderança natural do Brasil na região e as dificuldades vivenciadas pelo Mercosul.

Até agora o governo não explicitou com clareza as vantagens comerciais que obterá tratando diretamente com o presidente iraniano. Note-se que não se está falando do Irã, mas de seu atual presidente que corre por fora na questão nuclear e, segundo se diz, estimula o ódio racial.

Por fim é preciso prestar atenção ao que se diz por aí: onde Ahmadinejad vai, lá vai encrenca.