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Protesto de torcedor

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Certamente não existe ramo de atividade no qual o profissional possa fugir tão facilmente de suas responsabilidades quanto o futebol. Jogadores podem atirar ao lixo as esperanças de milhares de torcedores, fazendo o  que lhes dá na telha em determinado momento. E isso sob as luzes e olhares de milhares de torcedores presentes aos jogos, afora a multidão de espectadores que assistem às partidas pela televisão.

O nome do pecado cometido por alguns jogadores é a soberba. Há, sim, os mais esquentados, aqueles que na febre do jogo perdem a cabeça e cometem deslizes que prejudicam as equipes em que jogam. Mas, também há o caso dos medalhões, os tais que se colocam acima da média e querem, a todo custo, fazer valer sua condição de celebridades dentro do esporte.

Quem assistiu ao jogo do São Paulo contra o Atlético realizado ontem teve a oportunidade de constatar os níveis a que chegam atitudes irresponsáveis que trazem prejuízo não só ao clube, mas, também, à imensa massa de torcedores que pagam ingressos caros e se deslocam de suas casas aos estádios para acompanhar os times de seus corações.

A atitude do jogador Lúcio, experiente zagueiro de cujo currículo consta longa trajetória em clubes europeus de renome e a defesa da seleção nacional do Brasil em copas do mundo, pertence à categoria dos atos injustificáveis. Profissional de tão alto nível jamais poderia se dar ao desfrute de cavar uma expulsão num momento em que o time em que joga atuava de modo brilhante, sufocando o adversário e levando à loucura a sua torcida. Vale lembrar que Lúcio é reincidente em expulsões.

No jogo de ontem o São Paulo pagou o preço pela falta de verdadeiro profissionalismo de alguns de seus mais destacados jogadores. Além do Lúcio expulso ressentiu-se a equipe da ausência de seu centroavante Luís Fabiano o qual cumpre a suspensão de quatro jogos por tirar satisfações com um juiz após um jogo ter terminado. Infelizmente, na partida contra o Atlético, o jovem substituto, Ademilson, perdeu uma sequencia de gols praticamente feitos os quais certamente teriam outro destino caso o titular estivesse em campo.

Não custa dizer que os profissionais em questão recebem salários altíssimos quando comparados aos percebidos por quase toda a população brasileira. Entretanto, coração de torcedor é mesmo coração de torcedor daí necessidade imperiosa de protestar contra atitudes, talvez impensadas, que tanta tristeza e revolta nos trazem.

O que se espera a partir de agora é que a diretoria do São Paulo FC tome as atitudes convenientes em relação aos seus pressionais, quem sabe desligando-os definitivamente de seu elenco de jogadores de futebol. É o que, sinceramente, se espera.

Ao meu tio Edésio - notícias sobre o futebol

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Escrevo para dar noticias sobre o seu esporte favorito: o futebol.

Em primeiro lugar vou falar sobre o seu time do coração, o São Paulo, que o senhor em momento inspirado apelidou de “Colosso”. Pois o Colosso vai mais ou menos bem, obrigado. Depois de ganhar pela sexta vez o Campeonato Brasileiro, o Colosso se acomodou e deu para perder competições. Foi assim com o Campeonato Paulista e a Taça Libertadores da América. Agora o Colosso está na disputa do Campeonato Brasileiro, mas com tantos altos e baixos que o melhor é não acreditar muito que ele possa vir a ser campeão.

Na verdade, tio, o futebol mudou muito de uns anos para cá. Cada vez mais um grande negócio, o futebol de hoje globalizou-se no pior sentido do termo: os bons jogadores atuam fora de seus países e só se reúnem para jogar pelas seleções nacionais. Posso garantir que o senhor acharia realmente incrível o fato de a Seleção Brasileira entrar em campo, hoje em dia, sem nenhum jogador atuando no Brasil. Pois isso acontece muitas vezes dado que os jogadores estão mais para caixeiros-viajantes de sua arte que atletas de futebol.

Tudo muito diferente, tio, dos bons tempos em que sabíamos as escalações dos times e quem jogava nessa ou naquela posição. E olhe que isso tem afetado até mesmo o amor à camisa: acredite o senhor que, na última Copa do Mundo, o Brasil foi desclassificado e os jogadores saíram de campo como se tivessem participado de um jogo de várzea, alguns muito sorridentes. Atrás deles um país inteiro torcendo e sofrendo. Tio, eu não me envergonho de confessar: quando vi aquilo me senti um grande idiota por ter torcido pelo Brasil. Pode uma coisa dessas?

Mas, voltemos ao Colosso. O grande clube está envolvido com a realização da Copa do Mundo de 2014 que acontecerá aqui no Brasil. O senhor deve se lembrar bem do Morumbi, o campo sagrado dos tricolores. Lembra-se, também, da dureza que foi o período de construção do estádio durante o qual o senhor e outros tricolores fanáticos sofreram muito porque o Colosso não tinha dinheiro para montar um bom time. Anos e anos de luta e sofrimento da torcida resultaram na posse de um grande estádio, orgulho da cidade de São Paulo e palco de jogos memoráveis. Pois agora, o Morumbi é o estádio mais cotado para a realização de jogos da futura Copa do Mundo na cidade de São Paulo.

Entretanto, meu caro tio, não é que um tal Joseph Blatter, presidente da FIFA, deu de falar mal do  Morumbi, dizendo que não serve para a Copa e outras barbaridades? O mais triste é que tem muita gente de outros estados vibrando, o que é inaceitável – trata-se da velha rivalidade. A verdade é que Blatter rebaixou o estádio que tem o apoio do governo do Estado e da prefeitura da capital. Tem gente por aí falando em lobby de outros estados contra São Paulo. No final das contas o que a FIFA diz é que o estádio não tem condições de abrigar 65 mil pessoas e assim por diante. Os dirigentes do Colosso discordam, afirmando que o clube fará a sua lição de casa e atenderá às exigências da FIFA até a realização da Copa.

Aliás, tio, não custa nada contar para o senhor alguma coisa sobre a FIFA. Imagine que essa entidade negociou com “alguém” do governo - que ninguém diz quem é - a isenção total de impostos para patrocinadores, fornecedores, enfim todas as empresas ligadas à realização da Copa do Mundo. Trata-se de muito dinheiro, uma enormidade de negócios. Só que agora o pessoal da Receita Federal, que pelo jeito acaba de saber disso, está se opondo a esse absurdo. Ainda bem.  Imagine o senhor que todos nós aqui damos um duro desgraçado e o governo do país nos impõe uma das mais altas taxas de impostos do mundo. Ai vem para cá essa turma toda e, na cara dura, é favorecida. Pode? O senhor não acha um absurdo?

Pois é. Mas, tio Edésio, isso não é tudo. Veja que tamanha desfaçatez baseia-se numa exigência da FIFA para a realização da Copa no Brasil, exigência essa que foi aceita por “algum negociador” que certamente não agiu sozinho. Esse(s) negociador(res) deve(m) ter até um chefe, tio, embora nisso as coisas não tenham mudado porque “neste pais” ninguém sabe de nada quando a podridão vem à tona.

O que espanta é que a FIFA, presidida pelo tal Blatter (o Havelange deles), não é um negócio pequeno, muito pelo contrário. A entidade movimenta por ano cerca de metade do PIB da Argentina, país que faz parte do G-20, o grupo de países que conversa sobre a economia do mundo. É dinheiro prá caramba que a FIFA movimenta, muito mais que o PIB anual de inúmeros países.

Diante disso tudo, a alegria que resta é a de dar a louca nos jogadores e o Colosso vencer o campeonato deste ano. Se acontecer, prometo escrever contando tudo para que o senhor comemore aí.

Tio Edésio eu raramente escrevo cartas, o senhor sabe como é isso.  Mas hoje me deu vontade de enviar essas mal traçadas.  O senhor nos deixou há muito tempo e o mundo em que vivemos está bem diferente daquele que o senhor conheceu. Mas, não se preocupe: continuo o mesmo cara de sempre, talvez um pouco fora de moda por acreditar em valores que têm sido esquecidos por boa parte das pessoas.

Essas são as notícias aqui da terra que eu queria passar para o senhor que, tenho certeza, continua sendo um grande apaixonado pelo futebol.

Um grande abraço e muita saudade.