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Praga no futebol

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Não adianta somos um povo apaixonado pelo futebol. Aliás, perdidamente apaixonado, justificando-se a tal história da pátria de chuteiras.

Não me lembro da Copa de 54. O Brasil perdeu para fortíssima Hungria de Puskas e voltou para casa. Creio que o primeiro jogo de seleção de que me recordo – tinha então 6 anos de idade - foi o do Brasil com a Inglaterra, em 1956. O jogo foi transmitido pelo rádio e meu irmão ouviu a narração. Foi o tal jogo em que o “velhinho” Stanley Mathews, de 40 anos, fez o diabo com o Nilton santos, lateral esquerdo do escrete que, mais tarde, ficaria conhecido como a “Enciclopédia do Futebol Brasileiro”. O Brasil perdeu por 4 a 2, jogando no estádio de Wembley completamente lotado. O técnico era Flávio Costa, o mesmo do vexame de 50 no Maracanã.

Depois disso vieram as glórias. Campeão em 58 e 62, tricampeão em 70 e por aí foi até o pentacampeonato. Então os deuses parecem ter se cansado de nosso futebol. Participações medianas em copas, excetuando-se as competições de 82 e 86 que perdemos, mas seriam nossas.

O fato é de alguns anos a este a coisa toda assumiu ares de maldição. Os deuses parecem não só ter-nos virado a face como amaldiçoado. Uma grande praga, enorme, talvez tenha siso mesmo lançada sobre o futebol brasileiro que, da noite para o dia, parece estremecer diante de seus antigos fregueses. Na Copa de 2014 realizada no país estampou-se ao mundo a maior vergonha da história de nosso futebol, maior até que a derrota para o Uruguai, no Maracanã, em 50. A seleção da Alemanha humilhou aos nacionais, simplesmente irreconhecíveis, sob o placar de 7 a 1. Poucas vezes se verificou maior silêncio em nossas ruas. O país entrou em transe que demorou a passar.

Mas, praga é praga. Quando pega atinge todos os níveis. Agora ela pesa sobre a seleção olímpica do Brasil que desencanta ao não conseguir vencer seleções de países sem qualquer tradição futebolística. Ontem, diante do Iraque, deu-se mais um passo nessa sequência de tristes apresentações. Empatar por zero a zero com o Iraque, cá entre nós, é o fim do mundo.

Mas se temos bons jogadores, se temos tradição, por que isso aconteceu? Meus caros, a culpa só pode ser dos deuses. De algum modo a glória de nosso futebol deve tê-los incomodado. Talvez por colocá-los em segundo plano, encobrindo-lhes o natural brilho.

A solução? Bem, feiticeiros não faltam no país. Quem sabe um trabalho realizado nos terreiros, de norte a sul, resolva o problema. É hora de convocar pais-de-santo que, em esforço conjunto, poderão reverter a atual situação.

Você não acredita nisso? Então vá se preparando. A seleção principal corre risco de não se classificar nas eliminatórias para a próxima copa. E a olímpica está, nesse momento, correndo ladeira abaixo. Talvez, um grande esforço geral, muita mandinga, ajude a convencer os deuses que ficaram de mal com o nosso futebol. Porque esperar pelas pernas de nossos jogadores e suas chuteiras…