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As marias-chuteiras e Neymar

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Mulheres histéricas agarradas a uma grade.  A expressão nas faces delas é de dor e desespero. Não, não se trata de jovens que presenciam cena violenta, de mães separadas a força de seus filhos, de mulheres protestando contra algo que feriu duramente a sensibilidade delas: na verdade são fãs do jogador Neymar, no momento da chegada da seleção brasileira a Belém onde jogará contra a Argentina.

A foto está em sites da internet acompanhada de um texto explicativo que inclui “frenesi”  “lágrimas” e “sinfonia de gritos histéricos”. A coisa foi tal que a rua do hotel onde se hospedam os craques brasileiros teve que ser temporariamente fechada. As meninas seguravam cartazes e, segundo a reportagem, num deles estava escrito em relação a Neymar: “Ai, ai, se eu te pego. Delícia!”.

O Neymar? Pois é, o Neymar. Rapaz… Acrescente-se que o jogador Luís Fabiano concedeu uma entrevista à revista VIP na qual afirmou que as mulheres europeias são mais ousadas que as brasileiras. Segundo Fabiano: “Dizem que as brasileiras são mais calientes. Mas lá (na Europa) elas querem beijo na boca na cara dura. Todos os dias as meninas estavam na saída do treino. Na chuva, no frio…”.

Confesso que eu não atentara para o termo “maria-chuteira”. Desconsolado pela minha ignorância fui consultar a Wikipédia e encontrei o seguinte: “Maria-chuteira é o estereótipo relacionado às mulheres que são notórias por manterem relacionamentos amorosos com jogadores de futebol”. Seguem vários empregos do termo e uma espécie de busca da origem dele. Assim, fica-se sabendo que a Globo tinha personagem chamada maria-chuteira e que o termo é utilizado em locuções esportivas. Mais: Maria Paula, a atriz de “Casseta e Planeta”, tinha entre seus papéis o de maria-chuteira. Do que me lembrei ao ler sem, contudo, imaginar que o termo tinha se disseminado e caracterizava as torcedoras mais ousadas.

Bem se diz que a Língua é viva e é alterada com frequência através da inclusão de novas palavras e desuso de outras. No Brasil sempre existiu uma exacerbada criatividade para palavras que retratam situações de momento. Não sei se entre outros povos a gíria tem fecundidade igual à que existe nesta terra em que, como garantiu Caminha, tudo dá.

Após longo inverno afastado dos gramados Luís Fabiano finalmente estreará contra o Flamengo no próximo domingo, isso para delírio das hostes tricolores. Quanto ao Neymar, bem, ele é o cara da hora. Está em todas mesmo que não haja nenhuma. Entre outras mil nesta pátria Brasil o Neymar vira fenômeno no  You Tube, explodindo como hit de funqueiros. Vejam bem: “virar fenômeno no You Tube, explodindo como hit de funqueiros”, definitivamente não faz parte do meu repertório que já estava todo atrapalhado com o significado de maria-chuteira. Mas, deixem para lá.

E vocês viram o treino da seleção em Belém? Centenas de mocinhas, doidinhas da silva, gritando freneticamente cada vez que o Neymar pegava na bola. Nem era preciso o rapaz fazer uma jogada: bastava a ele encostar o pé na pelota e lá vinha a gritaria histérica. Neymar virou mania, ídolo num tempo de escassas modas capazes de flexionar os joelhos das adoradoras de plantão.

Meninos eu não esperava chegar a ver, mas vi.