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O ódio

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Em tempos de ódio explícito pergunta-se como vamos sair dessa.

Vivendo no Brasil contata-se que nossa história é pontuada por períodos nos quais a força e o ódio prevaleceram. A Revolução Federalista, acontecida no Sul durante os primeiros anos republicanos, notabilizou-se por atos de extrema violência. Inesquecível a morte do almirante Saldanha da Gama em Campo Osório. O almirante que frequentara os mais referendados salões do mundo encontrara a morte numa batalha em terra. Um marinheiro a cavalo, lutando nos Pampas, como se disse. Entretanto, aos adversários não bastara a morte do oponente. Seu cadáver foi mutilado e atirado de um barranco.

Nos dias atuais presenciam-se atos de grande violência e malignidade. Mata-se pelo prazer de matar. Ao meliante que assalta pouco importa a vida daquele que aborda. É como se a consciência tivesse deixado de existir, a fraternidade jamais houvera e o desrespeito pelo ser humano inexistisse. Mata-se. Pronto.

Mas o que mais chama a atenção é o recrudescimento do ódio que se impõe nas relações humanas. A paciência deixa de existir. Os erros, mesmo pequenos, tornam-se motivo para reações violentas. O denuncismo se agiganta. Trata-se de um eu contra o mundo que se alastra.

Surpreende que reações desproporcionais às causas que as motivaram não estejam restritas a camadas populacionais que teriam mais motivos para se insurgir em busca de soluções para suas dificuldades. Frequenta as relações humanas, em todas as classes, o ódio latente talvez alimentado pelo radicalismo político que no momento divide o país. A todo custo será preciso perseguir e eliminar homens e ideias que não casem com as dos grupos dominantes.

É de se pensar sobre o legado que será deixado às próximas gerações, nascidas em período tão convulso. Quem e como serão os homens de um futuro próximo? Um olhar sobre as crianças, pensando no futuro, talvez contribuísse para o resgate da urbanidade perdida entre os homens.