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Crianças

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Você envelhece e vai se esquecendo de como são as crianças. Crianças exigem proximidade para que se entre no mundo delas. Mundo tantas vezes imaginário onde tudo é possível. Contamos aos pequenos histórias por vezes descabidas nas quais personagens fantásticas atuam sem o menor pudor. Situações impossíveis podem ser resolvidas pelo surgimento no enredo de uma pressurosa fadinha que, com sua varinha mágica, recoloca as coisas em seus devidos lugares. O mundo retorna à normalidade momentaneamente perdida pela ação de seres imaginários. Isso sem falar em algumas personagens do mal como o velho lobo que há gerações teima em jantar Chapeuzinho Vermelho e sua vovó.

São os netos que nos renovam a fé no mundo e o retorno ao mundo infantil. A certa altura da vida os filhos se tornaram adultos e aparecem os netos, continuidade de nossas existências. Vez ou outra observamos nessa gente pequena traços de nós mesmos. Algum gesto, quem sabe pequenas e quase imperceptíveis semelhanças físicas. Isso sem falar em temperamentos que parecem não se dar por vencidos nas trajetórias de gerações.

Conversar com crianças representa reabrir portas há muito fechadas ao longo das batalhas que enfrentamos no dia-a-dia. Os pequenos com suas inteligências e línguas tão falantes nos empolgam com simpatia e pureza de sentimentos. Talvez por isso nos causem tanta dor assistir às terríveis atribulações enfrentadas pelas crianças em todo o mundo.

Como aceitar crianças consumidas pela fome, pele e ossos exibidos em fotografias de acampamentos onde se juntam perseguidos de toda ordem, vítimas de guerras que nunca terminam, imigrantes que jogam suas vidas em barcos precários ao sabor da sorte e da voracidade das ondas marinhas? Como aceitar a legião de pedófilos a cada dia descobertos, esses monstros que submetem crianças aos mais nefastos procedimentos?

Se você anda cansado da vida, se sua fé nos homens está irremediavelmente abalada, a saída talvez seja migrar para o mundo infantil. A vida que nasce e floresce traz consigo a esperança de seres humanos melhores e de um mundo mais justo. Não receie entrar no universo imaginário das crianças, o mesmo que um dia também pertenceu a você e foi progressivamente substituído pela realidade que agora tanto o incomoda.

Em você ainda existe uma criança, acredite. Então liberte-a.