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Neil Armstrong

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Eu estava em Tremembé-SP naqueles 20 de julho de 1969. Não me lembro da hora exata, mas pessoas reuniam-se na sala com os olhos pregados na televisão, aguardando a transmissão da chegada do homem à Lua.

De certo modo aquilo que veríamos tinha tudo para parecer inacreditável. A Lua de queijo, morada de São Jorge, bom e comportado satélite da Terra o qual víamos todas as noites no céu enfim receberia um representante da humanidade. E foi assim que pudemos presenciar na televisão as imagens em branco e preto que mostraram, em tempo real, o momento em que Neil Armstrong entrou para a História ao ser o primeiro homem a pisar na Lua.

Caramba, não era pouco. Havia naquelas imagens uma mensagem de transcendência, de atravessar fronteira e romper barreira considerada impossível. Pura magia. Naquele momento Armstrong representava a espécie e cada ser humano da Terra que, com ele, devassava o espaço sideral. Feito grandioso, monumental, raro num mundo em que a tecnologia nem de longe era o que é hoje, mas, ainda assim, lograva-se tão notável conquista. Vitória da ciência que caia como uma luva para os interesses da  propaganda norte-americana.

Talvez aos jovens de hoje, habituados com os espetaculares avanços tecnológicos, o feito da missão Apollo 11 pareça menor e não tenha lá tanto significado. Não têm eles - nem poderiam ter - a visão do tempo passado e a experiência vivida naqueles idos de 1969, época em que o mundo andava às voltas com a Guerra Fria e o Brasil imerso em situação de subdesenvolvimento. Pois foi no contexto de um momento histórico difícil e complexo que Neil Armstrong pisou na Lua e ascendeu à condição de herói do povo norte-americano.

Neil Armstrong morreu ontem aos 82 anos de idade e está sendo reverenciado como herói pelo seu povo. Jornais e a mídia eletrônica publicam detalhes sobre a vida do astronauta que comandou a missão Apollo 11.

A imagem que guardamos de Armstrong é a dos momentos em que esteve na Lua.  Então eu era um rapaz e assistia à transmissão, pela televisão, ao lado de um senhor idoso de quem ouvia relatos sobre o tempo em que fora o encarregado numa das grandes fazendas do industrial Francisco Matarazzo. Homem de outra época e já no fim da vida parecia a ele que a chegada do homem à Lua não passava de ficção, coisa de americanos.

O senhor de quem falo e as pessoas que comigo assistiram à chegada do homem à Lua estão mortas. Hoje Neil Armstrong morreu e em alguns anos ninguém que tenha visto aquela transmissão terá sobrevivido. Mas o feito persistirá, desfiando o tempo que passa, talvez ofuscado por conquistas de novos desafios, quem sabe a tão sonhada ida de homens a planetas distantes.