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De culpados a injustiçados

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A ação penal 470 continua em evidência, levando o atual presidente do STF e relator do processo a dizer que ninguém aguenta mais e já é mais que hora de seguir em frente.

Não falaria sobre isso não fosse a impossibilidade de serem ignorados os discursos de políticos condenados pelo STF justamente no processo 470. De repente os que foram julgados culpados se dizem vítimas de perseguição. Ou seja, injustiçados. Culpam a imprensa pela hedionda campanha realizada e chega-se a dizer que historiadores do futuro ficarão perplexos quando se debruçarem sobre os acontecimentos das primeiras décadas do século 21. Isso acontecerá porque eles não encontrarão na imprensa eco dos notáveis avanços sociais devidos justamente ao trabalho dos políticos ora perseguidos.

Não será necessário repetir aqui o que dizem os que se postam como injustiçados nem aquilo que se escreve sobre as falcatruas de que foram acusados e por elas condenados. Talvez não seja demais apenas lembrar que a condenação aconteceu no STF, mais alta corte do país, composta, em sua maioria, por magistrados indicados durante o governo do partido a quem pertencem os condenados. Mas, o que estarrece é a postura, o sorriso estampado de inocência dos que sobem ao cadafalso para serem punidos por crimes que não praticaram.

O problema é que novas ocorrências continuam a vir à luz, fazendo-nos crer que o governo central fechou os olhos, nos últimos anos, a favorecimentos, indicações, desvios fabulosos e toda sorte de manipulações nas quais o erário público foi utilizado em benefício de interesses pessoais.

A serem ouvidos os culpados, tudo isso não passa de campanha, julgamento político, tentativas sórdidas de manchar reputações ilibadas de pessoas a quem o país deve a maior parte dos avanços que ora se apresentam.

O que fica no ar, a pergunta que não quer calar, a pergunta inocente é: será que algum dos condenados acredita mesmo ser inocente? Se a locomotiva dos atos for a de que os fins justificam os meios talvez seja possível que a sensação de injustiça realmente exista na mente das pessoas punidas no julgamento do processo 470. Afinal, como se sabe, cada um é livre para acreditar naquilo que quiser.