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O momento de grandeza

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Todo mundo pode ter o seu momento de grandeza na vida. Não é preciso ser “alguém” para se chegar a ele. A grandeza está ao alcance de todos não dependendo de sexo, cor, situação econômica etc. Isso observei durante enterro de pessoa próxima da família, homem já idoso e de poucas posses. O corpo foi velado na salinha da casa do morto o qual, infelizmente, pertencia a um tipo de religião na qual os fiéis se reúnem para o funeral de um dos seus. Infelizmente porque não só se reuniram na ocasião, como cantaram e cantaram, atordoando os miolos dos presentes.  Pois foi em meio àquela balbúrdia de gente urrando por todo lado que se deu um momento de rara grandeza: chegada a hora de fechar o caixão, o filho do morto aproximou-se e envolveu-o com um grande abraço de despedida. Com tal carinho abraçou o pai que levantou o corpo dele do caixão. Diante de tal cena os presentes não puderam esconder a emoção. Fez-se na sala profundo silêncio. Depois o filho acomodou o corpo do pai no interior do caixão e o ritual que acompanha a morte prosseguiu.

Hoje se comenta sobre a despedida do ministro Cezar Peluso do Supremo Tribunal Federal. Completa ele 70 anos de idade e a aposentadoria compulsória afasta-o do julgamento do mensalão ao qual preside. Nos últimos dias esperava-se o voto do ministro. Discutia-se se o voto dele seria em relação ao julgamento de todos os réus ou ficaria restrito aos casos abordados até agora.  

Peluso votou pela condenação dos cinco réus listados em crimes de corrupção e peculato no mensalão. Não deu voto geral em relação a todos os réus o que foi de muito bom senso. Além disso, demonstrou serenidade em suas palavras. Entre outras considerações afirmou que “nenhum juiz verdadeiramente digno de sua vocação condena ninguém por ódio. Nada me constrange mais do que condenar um réu em matéria penal”.

Cezar Peluso viveu um momento de grandeza ao despedir-se do STF com seu voto de condenação à corrupção e ao descalabro da impunidade no Brasil.