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O fim do mundo vem aí

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Uma amiga chilena me conta que familiares dela estão se preparando para a grande hecatombe que se abaterá sobre a Terra no próximo dia 21. Preparam-se para um novo e grande terremoto, maior que o último que causou grande destruição em terras chilenas. O mundo deve acabar, mas, caso as coisas fiquem apenas em destruição, o jeito é  armazenar água e comida para os terríveis dias que se seguirão. É o que estão fazendo por lá.

Minha amiga diz que não acredita no fim do mundo, para ela o calendário maia está sendo mal interpretado. Mas garante que o alinhamento de corpos celestes gerará muita energia e, em algumas situações, as consequências poderão ser graves. Peço um exemplo e ela me diz que doentes deverão se proteger porque qualquer excesso poderá resultar em morte. No dia 21 as pessoas devem evitar confrontos, discussões e ações ousadas porque a energia se abaterá negativamente sobre elas e os resultados disso são imprevisíveis.

Há quem acredite em fenômenos que ultrapassam a nossa de compreensão tais como os poderes e efeitos decorrentes do uso da magia negra. Pais-de-santo ganham a vida no exercício diário de trabalhos realizados para melhorar ou piorar a vida de alguém. Quiromantes e outras praticantes de leituras de búzios e cartas advinham o destino daqueles que os procuram. De todo modo o fato é que algumas pessoas são mais impressionáveis que outras e jamais saberemos ao certo se tudo isso realmente existe e funciona ou se trata de pura bobagem.

Acontece que certas pessoas são sensíveis a fatos extraordinários daí sobre elas as sugestões terem efeito marcante. Em menino morei em cidadezinha de população não superior a mil almas. Naquele tempo a energia elétrica era falha, as ruas não tinham calçamento e a vida transcorria com grande simplicidade. Obviamente não dispúnhamos de acesso a canais de televisão e a internet talvez ainda fosse um sonho isolado na cabeça de uns poucos inventores. Entretanto, havia o correio, lento, mas que possibilitava a troca de informações entre pessoas. Foi através dele que um pobre homem, morador da zona rural, certo dia recebeu uma carta que transtornou a sua vida.

Era muito cedo quando o homem bateu à porta de minha casa, procurando pelo meu pai que, na ocasião, estava viajando. Ao saber da ausência de meu pai o homem estendeu-me a carta que trazia. Quando a li constatei que se tratava de uma corrente, cujo texto informava a quem a recebesse que se não enviasse dez cópias a outras pessoas algo de terrível aconteceria.  Só então reparei que o homem tremia de nervoso como se a partir daquele momento uma tragédia rondasse a si e aos seus. Daí que ele me implorou pela reprodução das tais dez cópias para que fossem enviadas pelo correio a pessoas que ele conhecia.

Desnecessário dizer que nem imaginávamos o que viria a ser um xérox. Alias, nem mesmo um computador. O jeito era usar a máquina de escrever na qual, letra por letra, datilografei por dez vezes o texto da maldita corrente - havia uma exigência de que as cópias não podiam ser manuscritas.

Jamais me esqueci desse homem simples transtornado por uma corrente. De nada adiantaram minhas tentativas de dissuadi-lo da empreitada dado que correntes não passavam de grande bobagem, coisa de quem não tem o que fazer. Ao final ele me deu um dinheiro e lá se foi sorridente em direção ao correio para enviar as cartas.