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As três mulheres de Antibes

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William Somerset Maugham (1874-1965) foi um escritor inglês de grande sucesso. De sua obra fazem parte romances e contos, alguns deles utizados como enredo em produções cinematográficas. Maugham foi,também,dramaturgo sendo várias de suas peças encenadas com grande êxito. Entre os romances que escreveu destacam- se “O fio da navalha” e Servidão humana”. Ao tempo em que viveu a obra do escritor foi traduzida para várias línguas, inclusive o português, daí ser comum o contato dos leitores brasileiros com seus livros. Maugham também notabilizou-se como “escritor de viagens” dado que percorreu várias áreas do Império Britânico nas quais teve contato com usos e costumes. Dizía-se um contador de histórias o que de fato foi, embora não contasse com a aprovação dos críticos. O fato é que a obra de Maugham floresceu numa época em que se agigantavam os modernistas experimentais como James Joyce, Virgínia Woolf e William Faulkner.

Em meados da década de 70 do século passado ouvi de um colega de trabalho comentário sobre a obra de Maugham. Dizia ele que o escritor que se tornara popular em todo o mundo já não era mais lido passados poucos anos de sua morte. Com o que concordaram os presentes, todos eles antigos leitores de Maugham. Também eu li vários livros do escritor inglês. Curiosamente lembrei-me nesta semana de um livro dele intitulado “As três mulheres de Antibes”. Nessa história Maugham usa o seu habitual sarcasmo para relatar o acordo entre três amigas obesas para realizarem ao mesmo tempo um regime de emagrecimento. Cada uma delas vigiaria as outras e seria considerada traição às amigas romper unilateralmente com o regime.

Maugham descreve as dificuldades de cada uma para seguir em frente com a proposta realizada, inclusive as tentações provocadas por alimentos de que gostam. A história termina quando uma das mulheres surpreende outra comendo escondido. Após repreendê-la não consegue resistir: junta-se à amiga e passa a se deliciar com os quitutes. O mesmo acontece com a terceira. No final as três obesas comem muito e descreve- se que estavam muito felizes.

Está na ordem do dia o culto à forma do corpo e a febre de regimes de emagrecimento. Revistas semanais e mensais trazem informações sobre alimentos, sugerem regimes e realçam a importância de manter a forma. De fato a manutenção da saúde é muito importante, para ela concorrendo cuidados com os alimentos que ingerimos.  A obesidade é condição que preocupa em termos de saúde geral da população. Entretanto, não deixa de ser importante lembrar que em casos de obesidade faz-se necessário acompanhamento profissional para que os que fazem regimes não se deixem levar pelas tentações provocadas por alimentos proibidos.

O caso das três mulheres de Antibes ilustra bem como as coisas se passam com pessoas obesas que carecem de estímulo e orientação para perderem peso.

Somerset Maugham

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Há alguns anos um amigo comentava que já não se lia Somerset Maugham no Brasil. E acrescentava:

- Como se leu Somerset Maugham por aqui.

William Somerset Maugham (1874-1965), romancista e dramaturgo, teve grande sucesso em sua carreira, sendo conhecido em quase todo o mundo. Órfão de pai e mãe quando ainda muito jovem teve por tutor um tio que o travava com excessiva severidade. Depois de trabalhar por curto período num escritório de contabilidade frequentou, durante cinco anos, o curso de medicina, não chegando a se formar.

Maugham produziu vasta obra. Suas peças tiveram grande sucesso e seus romances foram traduzidos para várias línguas. Além disso, alguns de seus romances foram adaptados para o cinema. Escreveu, também, contos, alguns deles de grande sucesso. Maugham foi, essencialmente, um contador de histórias, muitas delas extraídas de situações reais. O sofrimento presenciado durante os anos em que estudou medicina e as inúmeras viagens que fez aos confins do Império Britânico permitiram a ele contato com costumes e realidades diferentes que aparecem em seus livros. Mordaz, Maugham utilizava linguagem que muitos críticos consideravam pobre. Estilo direto, raciocínio claro e pouco lirismo davam aos seus livros aquilo que levou Gore Vidal a classificar como grande envolvimento dos leitores a par com uso de clichês e incapacidade de contar qualquer cosia de modo original.

A minha geração leu muito Somerset  Maugham. Com frequência as obras do escritor eram traduzidas para o português, daí a oportunidade do público brasileiro em tomar contato com romances e contos quem marcaram época. Em particular, lembro-me bem de livros como “O Fio da Navalha”, “Servidão Humana” e “O Pecado de Liza”. Também me eram caros um romance chamado “A Carta”, verdadeiro exercício narrativo e as coletâneas de contos “As três mulheres de Antibes” e “Histórias dos Mares do Sul”.

Posso dizer que li esses livros há muito tempo, com grande interesse e sem preocupações críticas. São histórias fortes das quais não me esqueci, daí poder dizer que tiveram grande participação na formação do meu interesse pela literatura. A bem da verdade não sei que efeito teria sobre mim hoje em dia a prosa de Somerset Maugham. Mas, não custa averiguar e farei isso assim quem tiver oportunidade.

Como me lembrei de Somerset Maugham? Ah, li nos jornais que ele, assim como outros escritores, foi espião do Serviço Secreto Britânico durante o primeiro conflito mundial.  De sua experiência como espião surgiram contos, três deles utilizado em filmes por Alfred Hitchcock.