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Sobre o “carma”

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Não conheço bem a extensão do termo “carma”. Sei que no espiritismo considera-se “carma” situação na qual um espírito enfrenta as consequências de seus atos, passando-se uma ou mais reencarnações para que se reestabeleça o equilíbrio. Entretanto, o meu entendimento não passa de certo sentido popular no qual cada pessoa traz consigo seu “carma”, ou seja, espécie de predeterminação de contas a pagar ao longo da vida. Se alguém enfrenta situações complicadas então se diz que trata-se do “carma” dele. Acreditar-se ou não em “carma” é outra história.

Hoje pensei em “carma” ao conversar com um homem que me contou ser pai de dois filhos naturais e sete adotivos. Perguntei a ele o que o levou a adotar sete filhos, número que considerei exagerado. Disse-me ele ser espírita e fazer parte de organizações de atendimento a jovens. Demais, a adoção é comum na família dele. Contou-me que uma tia teve seis filhos naturais e adotou mais oito.

Se bem me lembro a adoção feita na base da simpatia era mais ou menos comum entre famílias no passado. Em casa de minha avó viviam mocinhas adotadas. Minha tia sempre manteve um pequeno exército de crianças e mocinhas que viviam na casa dela. Na verdade não se faziam adoções formais, no papel. Em geral tratava-se de pessoas oriundas de famílias pobres, que não tinham para onde ir. Assim, trazer para morar em casa mais que tudo era um ato humanitário. Essas pessoas passavam a fazer parte do cotidiano, embora não pertencessem à família. Cresciam ali até o dia em que, por uma ou outra razão, saiam. Gente boa.

Mas, há diferenças significativas entre o mundo em que viviam as famílias do passado e o de hoje. A começar pelas moradias, em geral amplas, com dependências anexas, vastos quintais, pereiras, pessegueiros etc. Isso sem falar nas cozinhas nas quais fogões amplos serviam à produção de comidas em quantidades suficientes para atender a toda aquela gente. Como se vê, situação bem diferente da que hoje se observa na qual os imóveis têm áreas menores. Imagine-se viver com cinco crianças em apartamento pequeno.

Eis aí porque estranhei tanto que o homem com quem conversei tivesse realizado tantas adoções. Segundo ele tudo foi feito em acordo com a esposa, pessoa solícita e sempre disposta a ajudar o próximo. Segredou-me ele que dos sete adotivos apenas um se desencaminhou. Uma das filhas adotadas saiu de casa para casar-se e deu a ele dois netos. Um rapaz adotado cursa faculdade e assim por diante.

Pareceu-me falar a um interlocutor de outros tempos. Era um homem convicto de sua missão, feliz com sua vida e as decisões que tomara. A certa altura perguntei a ele se acreditava em “carma”. Ele riu. Respondeu-me que ao encarar tão grande desafio qual o de criar tantos filhos jamais pensara em estar pagando algum débito desta ou de outra vida. Era feliz a seu modo, lutando, trabalhando, levando em frente aqueles a quem se propusera a ajudar.

Com muito amor - completou.