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Natal

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Cuidado: na programação das tevês serão incluídos filmes sobre o natal. Infelizmente a quase totalidade desses filmes deixa a desejar. Alguns deles são mesmo terríveis. Nem mesmo a presença de grandes atores chega para salvar tramas muitas vezes absurdas. Nunca me esqueci de um antigo filme sobre o natal no qual é confiada ao Papai Noel a dura tarefa de combater Satanás. O problema é que Satanás estimulava crianças a fazer traquinagens para estragar o natal.

Crianças pequenas acreditam no Papai Noel. Nos shoppings o bom velhinho espera pelas crianças para o abraço e a foto que mães se apressam a tirar. A fila é longa. Quando pequenos meus filhos esperavam pela chegada dos presentes trazidos pelo bom velhinho. Era mais fácil quando dormiam antes da meia-noite. Nesse caso restava-nos acordá-los para receber os presentes ou deixá-los para a manhã seguinte. Se não dormiam fazia-se toda a encenação que começava pelos presentes escondidos e até a produção de algum ruído que seria o da passagem do papai Noel pela nossa casa. Então as crianças saiam em disparada, encontravam os presentes e verificavam se seus pedidos, enviados por uma cartinha, teriam sido atendidos.

O tempo passa. As crianças cresceram, tornaram-se adultos, hoje repetem o rtual que envolve o natal com os filhos deles, meus netos. Não existe como, nessa época, não se emocionar. O passado é revivido. Noites de natal com tanta gente que já deixou esse mundo retornam com cenas de alegria que deixaram de existir.

O homem é um ser estranho. Capaz de tantas coisas, algumas delas infelizmente terríveis, o ser humano devota carinho e afeto aos semelhantes em datas que unem a humanidade. Não há como ser indiferente à noite de natal e à passagem de ano. Mesmo os solitários, os que garantem não se incomodar, mesmo esses não estão infensos a esses dias em que o relógio do mundo parece parar por alguns instantes.

Que venham o natal e o ano novo. Que sejam melhores que os anteriores.

Natal

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De repente me lembro de um homem a cujos apelos não respondia o demônio da criatividade. Inteligente, proprietário de vasto vocabulário, amigo de dicionários, estudioso das gramáticas, não tinha ele o privilégio da ideia própria, da comunhão do que sabia com a erupção do texto. Por isso vivia a mendigar nas páginas alheias das quais retirava ideias que, a seu modo, modificava e utilizava. Deixou esse homem cadernos e cadernos, manuscritos, elaborados com tremenda ddificuldade, mas sem valor porque carentes de originalidade.

Poi é bem assim que me sinto em relação ao natal, estrangeiro de minhas ideias e palavras. De tal modo a data me surge sem significação que nada me ocorre dizer sobre ela. Talvez me restem do natal apenas o amontoado de lembranças, algo confusas porque emaranhadas num vácuo do qual vez ou outra levantam-se restos de coisas vividas, despojos incompletos cujos fios de interligação me escapam.

De tudo restam-me imagens de meus tempos de menino, seguindo minha mãe para a missa do galo. Ainda posso ver minhas calças curtas e os pés descalços no chão de terra amaciado pela chuva da tarde. Ao menino escapa o significado daquela missa celebrada tão tarde da noite para fiéis apinhados na igreja do lugarejo. Quem éramos nós nos idos dos anos 50, ilhados do mundo num canto qualquer, despossuídos, diligentemente crentes nas promessas da fé?

Do que me lembro é do profundo sono que me impedia de ouvir o sermão, do calor do corpo de minha mãe ao qual me recostei ao adormecer e do susto ao ser acordado por ela ao fim da missa. Passara-se a meia-noite, Jesus nascera enquanto eu dormia, celebrara-se o rito do Natal.

Para mim o natal sempre foi e será uma longa missa do galo na qual adormeci junto de minha mãe enquanto Jesus surgia na manjedoura e mudava o mundo.

Escrito por Ayrton Marcondes

25 dezembro, 2015 às 8:25 pm

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O espírito de natal

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A impressão é a de que o “espírito natalino” está em baixa. Era mesmo de se esperar. A verdade é que não existem motivos para comemorações. Com a economia do país na bancarrota o comércio se retrai. A alegria de comprar bons presentes para entes queridos esbarra na falta de dinheiro. Os lojistas fazem o que podem. A previsão de que este venha a ser o pior natal em muitos anos se confirma.

Mas, resta o amor aos entes queridos. Restam os momentos de congraçamento entre membros das famílias que se unem no natal. O “espírito natalino” sobrevive no seio das famílias e só.

Há quem goste do natal e aqueles que odeiem a data. Pesquisa dinamarquesa agora publicada considera que algumas pessoas são mais propensas a gostar do natal. Segundo a pesquisa tudo não passa de maior ou menor aceitação de estímulos em certas áreas do cérebro. Alguns voluntários submetidos a observação de fotos mostram-se mais estimulados que outros ao verem motivos natalinos. Detectou-se maiores estímulos em áreas cerebrais desses voluntários.

A ser assim existe predisposição a gostar ou não do natal. Explica-se, ainda, o ódio que muitos nutrem em relação à data.

Não gosto do natal desde uma infeliz experiência vivenciada quando criança. Era eu o primeiro da fila de crianças à porta de uma casa paroquial onde seriam dados presentes à molecada. Primeiro a entrar fui avisado de que o melhor presente era um carro que poderia dirigir, pedalando. De jeito nenhum concordei com a oferta. Atraiu-me um minúsculo carrinho, inexpressivo, que cabia no bolso da calça. Em vão insistiram comigo sobre o erro da escolha. Não houve acordo. Saí de lá com o carrinho. O segundo da fila não pestanejou em escolher o carro de pedais.

Horas depois quando vi o tal circulando na praça dentro do carro vermelho me arrependi. Odiei-me com todo o ódio de que as crianças são capazes. Mas, era tarde.

Depois disso nunca mais gostei do natal que não chego a odiar. Hoje em dia participo com familiares, mas sem gosto. Na verdade as coisas pioraram. O natal me fez lembrar de pessoas queridas que se foram, gente insubstituível. Neste 2015 tive grande perda que certamente me pesará demais na noite de natal.