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Papai Noel

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O bom velhinho passou ontem à noite por aqui. Segundo me disseram vizinhos que o viram, ele teve grandes dificuldades em parar na minha casa: parece que as renas estavam apressadas, senão rebeladas. No mundo dos jogos sem controle remoto, talvez fosse melhor o Papai Noel deixar de lado o trenó e as renas e optar por um meio de transporte mais moderno. Imagino o que seja vestir a roupa vermelha, atrelar as renas ao trenó e se mandar do Polo Norte numa longa viagem cujo destino é o de passar pela casa de todo mundo, deixando presentes. Decorre daí a pressa, os inevitáveis atrasos e até omissões. Muita gente se aborrece com isso, há crianças que vão dormir desencantadas, tudo porque, em pleno século XXI, não se modernizou o sistema de distribuição de presentes do Papai Noel.

Pois é. Creio que, por todos esses problemas, o Papai Noel não atendeu aos meus pedidos de Natal deste ano. Vieram, sim, umas coisas, entre elas um foninho de ouvido muito bom para andar e correr na paria – quando dá tempo. Mas, as muitas outras coisas que pedi – na verdade implorei – Papai Noel não as trouxe. Tá bom, eu sei que eram presentes difíceis, mais elaborados, mas não é para isso mesmo que existe o papai Noel? Não é para a nossa alegria e felicidade que todo ano ele empreende essa viagem maluca de trenó, correndo o mundo todo, atendendo aos pedidos de ricos e pobres?

O meu pedido de natal ao Papai Noel foi feito por carta que enviei, com antecedência, ao Polo Norte. Escrevi tudo direitinho e com boa letra para que ele pudesse me atender com muita calma e sem erros. Na verdade fiz uma listinha das minhas pretensões, mas, no rodapé, escrevi que se pelo dois dos meus pedidos fossem atendidos agora eu já me daria por satisfeito: os demais ficariam para o ano que vem – a cada ano um pouco - assim estaria muito bom para mim.

O que pedi? Bem, não vou aborrecer ninguém com a lista das minhas pretensões de natal. Ficarei, portanto, em dois ou três, apenas para exemplificar. O primeiro deles foi o de que houvesse paz e a violência desaparecesse. Expliquei ao Papai Noel o quanto fico aflito quando os meus filhos não se comunicam, atarefados que são eles. Há tanta violência, são tantas as vítimas de crimes bestiais que a gente morre de medo do que possa acontecer às pessoas a quem amamos. Mais um pedido? Ah, sim, como eu gostaria de que no meu país a desfaçatez dos governantes desaparecesse e os homens públicos cuidassem verdadeiramente dos interesses da população. Chega de tanta bazófia, manipulação e impunidade, o Papai Noel bem que poderia cuidar disso. Pedi também que o papai Noel desse como presente às pessoas um pouquinho de educação e respeito ao próximo. Justifiquei lembrando-o dos folgados que fazem tanto barulho, dos jovens que sentam em locais reservados a doentes, grávidas e deficientes, das mocinhas que nos atendem nos balcões mascando chicletes, dos que furam filas, dos que nos ofendem sem necessidade, dos radicais que tacam em grupos, dos alucinados do trânsito, entre eles aqueles caras de motocicleta que chutam as portas dos nosso carros só por birra. E por aí afora.

Aí chega a hora de você me perguntar: não estarei sendo injusto com o Papai Noel? Olhe que ainda é Natal e tudo isso ainda pode vir a acontecer.

Rapaz não sei não. O fato é que o Papai Noel passou pela minha casa ontem à noite e, como disse, ele tinha muita pressa. Não deixou nenhum bilhete, nenhum recado, nada que pudesse me tranquilizar quanto ao atendimento dos meus pedidos. Depois, meu caro, hoje eu me levantei cedo e assisti aos noticiários da manhã. Acredite, o mundo entrou no novo dia do jeito de sempre, sem que nada houvesse mudado: acidentes, crimes, atentados e outras barbaridades aconteceram, ignorando o natal.

Mas, não perco as esperanças. O papai Noel terá lá os seus problemas, afinal ele é um só e nós somos muitos, todos pedindo coisas e coisas a ele. Quem sabe no ano que vem ele possa priorizar mais pediosos semelhantes aos meus os quais, tenho certeza, são feitos por muita gente.

Feliz Natal!

Ho, ho, ho.

Escrito por Ayrton Marcondes

25 dezembro, 2010 às 12:45 pm

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