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Segunda-feira

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Semana que começa após o domingo de muita chuva. Ontem a cidade parecia paralisada na visão que tínhamos dela através dos vidros molhados das janelas. Pessoas recolhidas às suas casas, silêncio geral só desrespeitado pelo barulho da chuva batendo no telhado, ao longe o mar coberto por névoa fraca, mas suficiente para escondê-lo. Mundo cinza, sem sentido, sensação de isolamento. Que fazer senão frequentar as páginas dos jornais ou assistir aos programas exibidos na televisão? Como deter a sensação de que amanhã é segunda-feira e tudo continua como antes, os problemas de sempre aos quais serão acrescentados os novos que certamente surgirão?

As notícias do domingo são as de segunda, exceto pelo acréscimo de alguns crimes que, infelizmente, fazem parte da rotina. Em São Paulo um rapaz foi abordado em seu carro por dois marginais que o obrigaram a levá-los a casa dele. Lá, após se apossarem de dinheiro um dos marginais ameaçou o rapaz com uma faca. Para defendê-lo a mãe do rapaz colocou-se entre ele e o marginal. Resultado: a mãe foi brutalmente esfaqueada e morreu. Assim, simples assim, terrível assim. O que nos faz pensar naqueles que amamos e que andam por aí em seus carros, indo e voltando ao trabalho, ao lazer, aos afazeres comuns. O que nos resta é rezar, torcer para que nada aconteça a eles, para que não parem justamente no sinal de trânsito onde fiquem à mercê de meliantes para quem nada importa e a vida nada mais é que um acidente que pode ser interrompido a qualquer momento, sem qualquer remorso. E dizer que convivemos com isso, com o horror explícito bem ao nosso lado, tanto que nos habituamos a ele e tratamos a dor alheia com a indiferença de quem ouve falar sobre a tragédia de outro, de alguém que não nos afeta. Até quando?

Mas, neste fim de semana as notícias sobre mortes de celebridades ocuparam espaço e chamaram a atenção. Morreu o cantor Wando sobre quem não se sabia que tinha tantos fãs. A morte dele comoveu o público e a toda a mídia rendeu-se a homenagens póstumas. O fato é que todo esse reconhecimento midiático parecia não estar ativo em vida do cantor. Wando é autor de músicas memoráveis cujas letras já foram incorporadas ao domínio público. Mestre na área da sedução, Wando se notabilizou não só como cantor e compositor, mas pela presença em palco e atitudes inusitadas como a de distribuir e receber calcinhas. Uma figuraça esse Wando que desaparece e deixa grande vazio na música brasileira.

E houve a morte inesperada da cantora norte-americana Whitney Houston, encontrada morta numa banheira de hotel, provavelmente afogada. A morte de Whitney encabeçou as notícias do fim de semana e persiste nesta segunda-feira. O que se destaca é a excepcionalidade da voz da cantora, tida como única entre seus pares. Entre nós Whitney tornou-se famosa pela participação no filme “O Guarda-costas”, estrelado ao lado de Kevin Costner. Lembro-me de que na época comprei dois discos de Whitney nos quais de modo algum se refletia a grande arte da cantora.

Foi-se Wando, foi-se Whitney, foi-se essa senhora desconhecida barbaramente morta a facadas por marginais. A vida pode ser mais breve do que supomos e esperamos, mas é bom não pensar muito nisso.