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Previsões

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Morreu o polvo Paul, aquele que acertou resultados de jogos da última Copa. Fica mais pobre o mundo das ciências ocultas que tratam dos fenômenos inexplicáveis.

Esse polvo era sabido. Respeitado por muita gente e contando com simpatizantes em todo o mundo recebeu ele, em contrapartida, duras críticas do atual governante iraniano. De fato, Ahmadinejad classificou o polvo Paul como símbolo do declínio e decadência do Ocidente.

Se o declínio e decadência de um país ou região é medido pelo interesse de seus habitantes pela vidência, então o Ocidente está mesmo perdido e há que se reconhecer que Ahmadinejad tem mesmo razão. Aqui no Brasil, por exemplo, o povo é muito dado à superstição, sendo bastante comum a procura de videntes, tarólogos e toda sorte de intérpretes do futuro. A sorte pode ser lida nas cartas, nos búzios, na palma da mão e por muitos outros meios, para cada um deles existindo especialistas. Além disso, a vidência não é igual para todas as pessoas de modo que certos futurólogos são mais respeitados e bem sucedidos que outros.

Há quem jure que certos videntes são capazes de fazer previsões muito acertadas. Tive um parente, já falecido, que ainda jovem ouviu de um vidente que ficaria rico ganhando na loteria. Nasceu ali, naquele momento, um jogador para a vida inteira. Esse parente veio a tornar-se proprietário de um pequeno negócio cujos lucros aplicava, anos a fio, no jogo do bicho e na compra de bilhetes. Pertinaz, jamais desistiu de seu propósito, mesmo em épocas de vacas magras que, aliás, eram quase permanentes no cotidiano dele.

Nem é preciso dizer que a mulher os filhos do jogador não se conformavam com uma vida difícil resultante da jogatina que consideravam vício. O fato é que vez por outra o meu parente ganhava alguma coisa no bicho, acertava uma centena, nunca o milhar, que dava a ele algum dinheiro, o qual, obviamente, era reaplicado no jogo.

Mas que não se pense mal desse parente já morto há muitos anos. Era um sujeito excelente, vítima talvez de uma sugestão que o impressionou demais e o levou à jogatina desenfreada. Por outro lado, louve-se nele a pertinácia: sempre acreditou que um dia ganharia e jamais desistiu de apostar.

Foi num final de ano. O meu parente jogava há muito tempo e mantinha sua fé inabalável na sorte que um dia viria. E não é que ele foi recompensado? De fato, ele acertou o primeiro prêmio em duas loterias, uma delas a de natal. E a sorte veio por atacado: acertou uma milhar no bicho e ganhou uns prêmios em rifas pequenas que havia comprado.

A história pode parecer inverídica, mas juro que é verdadeira. Existem testemunhas. A coisa foi tão fantástica que não faltaram más línguas para dizer que o sortudo tinha vendido a alma para o diabo e outras coisas desagradáveis. Pura inveja.

Nunca saberemos se os prêmios conquistados tinham ou não ligação com a previsão do vidente. O mais provável é que de tanto arriscar um dia tenha o jogador acertado. Questão de probabilidade. Mas, não se sabe. É a tal coisa, veja-se o caso do defunto polvo Paul, afinal como é que ele conseguia acertar o resultado dos jogos? O que existe por detrás da sorte?