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Noir c´est noir

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Morreu, aos 74 anos, o roqueiro francês Johnny Hallyday. A morte do cantor repercute em toda a França que o tem como ídolo.

Entre nós Hallyday é pouco conhecido. Entretanto, impossível esquecer de sua passagem pelo país no final da década de 60. Na ocasião Hallyday alcançara o grande sucesso inicial de sua carreira com a música Noir c´est noir. Nós o víamos na telinha da tevê, em preto e branco, e logo passamos a cantarolar ao ritmo da música.

Talvez Hallyday tenha voltado outras vezes ao Brasil. Não me recordo. Entretanto, a notícia de sua morte nos devolve lembranças do tempo passado. Não se desconhecem as revoluções que tornaram a década de 60 realmente inesquecível. O maio de 68 na França balançou o mundo e as cabeças. No Brasil o golpe de 64 deu início a um dos períodos mais violentos de nossa história. Ainda hoje se fala sobre a estudantada presa em Ibiúna e a passeata dos 100 mil. Aquele Brasil incandescente não adormece nas memórias.

Difícil mesmo é reviver o que éramos na época. Afinal, enquanto rapazotes, que consciência tínhamos da dimensão dos acontecimentos que nos cercavam? A Guerra Fria dividia o mundo em dois blocos, o poder americano fazia-se sentir em nosso país. Presos à engrenagem do mercado mundial, cabendo-nos o papel de devedores e país terceiro-mundista em grande atraso não nos restavam muitas opções. João Goulart caiu porque seria inadmissível qualquer governo de ideário socialista no quintal dos americanos. Mas, isso já é outra história.

Johnny Hallyday estabeleceu-se como ícone dentro de um país exportador de vasta cultura. Era francês. Olhava-se para Paris com reverência. Lá viviam Sartre e Simone de Beauvoir, entre tantos outros.

Mas, não se nega que, grosso modo, os franceses sempre mantiveram singular noção de superioridade. Lembro-me de um francês no Aeroporto John Kennedy, em Nova York. Acabara de desembarcar e chegara à imigração. De modo algum o francesinho aceitava se submeter às normas imigratórias. Recusava-se a preencher a ficha de imigração, dizendo: sou francês. Era um dono do mundo…

Hoje revi Johnny Hallyday cantando Noir c´est noir. No vídeo um jovem muito claro, enlouquecendo a multidão de fãs. São imagens de um tempo passado do qual guardamos impressões nem sempre precisas. Não sei dizer se tenho saudades daquela época.