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Bellini

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Morreu Hideraldo Luis Bellini, capitão da memorável seleção brasileira campeã mundial em 1958. Para nós brasileiros a Copa da Suécia funcionou como desforra contra tudo que nos apoquentava naquele Brasil terceiro-mundista de 58. Mas, em primeiro lugar, a seleção sanava dívida com a torcida do país jamais conformada como Maracanaço de 50. Na imaginação dos brasileiros a seleção uruguaia foi e talvez ainda seja um fantasma a assombrá-los. As mais de duzentas mil pessoas que saíram em silêncio do Maracanã depois daquele inacreditável 2 a 1 do Uruguai frente ao Brasil certamente sabiam que haviam assistido a uma das páginas mais tristes da história do país.

E veio a seleção e 58 que sucedeu ao bom time de 54 que também não logrou vencer a Copa. Naquele time de 58 Bellini destacava-se como zagueiro vigoroso e eficiente na marcação. Não por acaso era o capitão do time, dadas suas qualidades de liderança. Bellini era um esteio. Firme, seu futebol não tinha a beleza do jogado por Mauro, seu reserva em 58 e titular no bicampeonato de 62. Mas, se tecnicamente não se destacava compensava pela raça e vigor que lograram a ele lugar de destaque na história do futebol do país.

A morte de Bellini faz voltar à memória a Copa de 58 quando nossa seleção foi à Suécia apenas para competir sem que imaginássemos poder alcançar o título. Os jogos eram transmitidos pelo rádio destacando-se, para os paulistas, as narrações de Pedro Luís e Edson Leite com os comentários de Mário de Moraes. Foi na Suécia que surgiu para o mundo Pelé e Garrincha se destacou. Lembro-me da surpresa com que se falava do então desconhecido Pelé que da noite para o dia encantava o mundo. O jovem Pelé, aos 17 anos de idade, arrasava as defesas adversárias, marcando gols memoráveis. Na final contra a Suécia Pelé fez um gol de tal beleza que ainda hoje perdura na lembrança dos torcedores brasileiros.

Lá atrás, segurando, estava Bellini, formando com jogadores como De Sordi, Djalma Santos, Nilton Santos, Zito e Orlando. Atrás do zagueiro ficava o goleiro Gilmar com suas defesas espetaculares. Grande seleção. Orgulho do país que os recebeu de braços abertos e com festas quando aqui chegaram trazendo a Taça Jules Rimet.

Para nós Bellini será sempre o moço alto e elegante, zaqueiro raçudo e vigoroso, que ergueu pela primeira vez a taça do mundo, gesto a partir daí imitado por todos os capitães de equipes que venceram copas.

Dizem que um homem se torna realmente completo quando logra alcançar na sua vida as vitórias pelas quais lutou e sonhou. Sendo assim Bellini terá sido um desses homens completos.

Deixa saudades.