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Se você fosse sincera….

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Especialistas garantem que não existe quem não minta. Mentimos por hábito, por necessidade, quem sabe por distração. O Zé chegava atrasado ao serviço. Mas sempre tinha uma justificativa - melhor: uma novela - para o atraso. Tantas contava que viraram folclore. Se conseguia chegar no horário era um feito.

Uma das histórias do Zé ficou famosa. O despertador tocara na hora certa, ele se levantara, vestira-se, engolira um pouco de café e saíra depressa para o carro. Infelizmente, na pressa deixara as chaves dentro da casa e batera a porta. A mulher dormia no quarto situado na parte de cima do sobrado. Para acordá-la foi um sufoco. Mas, enfim desperta, a mulher abriu a janela e jogou as chaves do carro… que ficaram presas no fio telefônico. Para pegar as chaves foi preciso que a mulher abrisse a porta da frente e o Zé fosse ao quintal em busca de algo longo com o que pudesse tirar a chave do fio. Finalmente, chaves nas mãos, abriu o carro e surpresa: o cachorro, que saíra da casa, entrou no carro e não havia meio e tirá-lo de lá. Por essas e muitas outras o Zé chegara uma hora atrasado. Mas, que fazer se infortúnios acontecem e nada se pode fazer?

Um parente casara-se com moça bonita e era louco por ela. Tinha ciúmes porque a linda já fora noiva e o tal não desistia dela. Tiveram um filho e a vida seguia dentro dos conformes. Certo dia o parente decidiu-se a comprar um brinquedo para o menino. Na loja viu um revólver de brinquedo, achou bonito, levou para casa. Ao chegar deu com a mulher na pia da cozinha. Por brincadeira sacou o revólver e disse a ela:

- Conta tudo senão mato você.

E ela contou mesmo. Que o traia, tinha amante etc. Ele mentiu, ela não.

Há pessoas que fazem da mentira parte de seu modo de ser. Não têm pudor em mentir. Usam o falsete e seguem adiante. Há casos em que não se sabe se a imaginação supera a realidade em que essas pessoas vivem.

Confesso que vida afora fui obrigado a umas mentirinhas. Mas, sempre procurei usá-las para acerto de coisas. Como a da vez em que não tive coragem de falar a verdade para uma conhecida sobre a saúde do marido. O homem morreria em seguida, mas eu a dar esperanças a ela, mesmo sabendo do fim irreversível. E temos sempre uma desculpa para o caso de mentir. Trata-se da famosa frase: eu não minto, simplesmente omito. Omitir a verdade?

Dizem que homens são mais sinceros que mulheres. Não creio. Cada um usa a seu modo a sinceridade. Segundo Jô Soares:

“As pessoas estão tão acostumadas a ouvir mentiras, que sinceridade demais choca e faz com que você pareça arrogante.”

O negócio é viver.