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O menino Kevin Espada

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Vai longe esse caso dos torcedores corintianos presos na Bolívia, envolvidos com a morte do menino Kevin Espada. Como se sabe o triste acontecimento aconteceu durante o jogo do Corinthians como San Jose que terminou empatado em um gol para cada lado. Do meio da torcida corintiana foi lançado um sinalizador que atingiu a cabeça de Kevin Espada, resultando em perda de massa encefálica. Kevin não resistiu ao ferimento e sua morte provocou grande indignação pública. Ao final do jogo a polícia boliviana prendeu torcedores do Corinthians que portavam sinalizadores iguais ao que matou Kevin ou que tinham sinais de pólvora nas mãos. São esses doze corintianos que estão presos na Bolívia enquanto esperam decisão da justiça daquele país sobre o seu destino.

Nos dias imediatos à morte de Kevin um rapaz, menor de idade, apresentou-se à polícia, em São Paulo, confessando ser o autor do disparo do sinalizador que matou Kevin. A ser verdade a polícia boliviana estaria retendo inocentes e justamente por isso a manutenção dos torcedores em prisão tem suscitado tanta indignação. Fala-se em erro das autoridades da Bolívia no trato do caso e os brasileiros presos reclamam ação do governo de seu país junto ao governo boliviano para que sejam libertados. Mas, a situação continua indefinida.

A verdade é que fica difícil entender a prisão de doze pessoas suspeitas, inexistindo prova concreta de que uma delas seja culpada. Questões judiciais têm sido levantadas por especialistas em Direito no sentido de esclarecer se não estaria a Justiça boliviana agindo de forma incorreta nesse caso.

No último domingo o programa “Pânico”, exibido na TV brasileira, exibiu reportagem gravada na Bolívia na qual foram ouvidos os torcedores corintianos, obviamente revoltados pela prisão que afirmam sem qualquer razão. Ver aqueles brasileiros algemados, transportados de caminhão do fórum à prisão, nos desperta alguma comoção, ainda mais por saber que caso ali haja culpado trata-se efetivamente de apenas um culpado.

Na mesma reportagem pela primeira vez pudemos ouvir os pais de Kevin, possuídos por uma dor para a qual não há remédio. Trata-se de pais extremamente cuidadosos que com muita relutância cederam aos pedidos do filho para deixá-lo ir ao jogo. A descrição dos momentos de convivência com Kevin no dia em que viria a falecer, a exaltação das qualidades de um filho adorado, o absurdo da morte inaceitável, tudo isso desmancha qualquer dúvida que possamos ter sobre a necessidade de punição do irresponsável que atirou o sinalizador contra a torcida adversária.

A lógica do pai de Kevin é a de que, perdido o filho, resta a Justiça. Para ele o rapaz que se apresentou à polícia no Brasil não passa de laranja, dado que a fraca legislação brasileira praticamente o perdoa por ser menor de idade. Quanto aos torcedores presos na Bolívia o pai de Kevin esclarece que, se libertados, retornarão ao Brasil e nunca mais e ouvirá falar deles na Bolívia dado o fato do Brasil não extraditar seus cidadãos.

Ouvir aos pais de Kevin Espada emociona a todos os que têm filhos e receiam perdê-los para a violência. Não há como não se irmanar à dor de um casal que não consegue entender e aceitar a tragédia que se abateu sobre a sua família. Não se pode fugir à emoção de um pai cujo filho sai de casa para ir a um jogo e que o encontra, horas depois, estendido numa maca, morto e com um buraco na cabeça atingida por um projétil.

Não se sabe como isso vai terminar. É pena que uma história dessas não seja suficiente para sensibilizar as pessoas, levando-as a pensar sobre as consequências de seus atos.